Capítulo Sete (extra)

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Existem três coisas sobre os cinco estágios do luto que todos deveriam saber. A primeira é que todas as fases estão na ordem incorreta e são completamente conflitantes. A segunda é que, na verdade, são apenas três: Negação, barganha e aceitação. E a terceira é que quando se trata do Jake, a última não existe.

Eu caminhava tranquilamente pela delegacia buscando a sala de Alan para que pudéssemos conversar em paz e longe de ouvidos curiosos ou de amigos em luto.

- Alan - o chamo entrando na sua sala e o vejo fechar o computador assustado e murmurar um palavrão. - Escuta, eu sei que disse que só o Jake estava na mina junto do Richy, mas você disse que ainda não fizeram os exames devidos para identificar o corpo, então pode não ser dele.

- April...

- Olha, espera, eu tenho como te ajudar com os exames do Jake - tiro um saquinho plástico com cabelo da Lily de dentro da minha bolsa. - Não me pergunta de onde veio ou de quem é, só aceita - jogo o saquinho.

Alan pega o saquinho plástico e me olha desconfiado antes de suspirar e aceitar que não adiantava me fazer perguntas.

- April, você está bem?

- Estou ótima.

- Tem certeza?

Engulo em seco com sua pergunta. Não, eu não estava bem. Meus pesadelos estavam cada vez piores, eu sentia outra crise de pânico prestes a tomar conta de mim e Lily estava um caco tentando lidar com a mágoa que tinha do pai, a dor por Jake, a culpa por sua mãe e o dilema de contar ou não a Hannah sobre Jake.

Pra piorar, mesmo com Richy morto, eu não me sentia segura. Eu me sinto vigiada o tempo inteiro, sinto que o perigo está a espreita, isso tudo misturado com uma ansiedade constante, eu sentia que tinha alguma coisa prestes a acontecer e não conseguia adivinhar o que era.

- Alan, só faz o que eu estou te pedindo, faz esse teste e garante que não é o Jake.

- E se não for ele? - paraliso com sua pergunta.

- O que?

- Você me ouviu, April, e se não for ele? O que você vai fazer?

Eu não havia pensando nisso. Estava tão preocupada em pensar que ele estava morto que não sabia o que faria se ele estivesse vivo. Antes de sumir, Jake disse que me amava, mas se ele está vivo, então por que não me mandou uma mensagem? Alan deixou claro que o FBI não achou nada, então preso ele não está.

Não, não. Não posso pensar nisso agora, não posso me preocupar se ele está fugindo de mim, do governo ou se está machucado por aí sozinho.

- Eu não posso me preocupar com isso agora.

Me viro para sair e bato no peitoral de alguém, me desequilibrando. A pessoa me segura me ajudando a me firma e olho para cima buscando ver o rosto da pessoa.

- Desculpa. E obrigada - sorrio gentil.

Me afasto devagar analisando o homem que me segurou. Ele é bem alto, sua pele é pálida, como se não pegasse sol a um bom tempo, seu rosto tinham algumas pequenas olheiras e seus olhos eram de azul profundo e eu tinha certeza de que já viu aqueles olhos em algum lugar. O cabelo preto bagunçado o deixava mais atraente juntamente da barba por fazer em seu rosto.

O homem me encarava fixamente e sua respiração estava pesada, ele engoliu em seco antes de desviar os olhos de mim e encarar Alan. Parecia que ele estava com medo de me olhar e eu não sabia dizer se me sentia ofendida ou lisonjeada.

Vou sentir os dois.

- April, esse é Jensen, ele é meu... - Alan se levantou com pressa caminhando até nós dois.

Sombras No Presente - DuskwoodWhere stories live. Discover now