22. Fim...?

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A brisa soprava tranquila os cabelos de Eduarda, o sol estava fraco, porém aquecia da mesma forma, às suas costas estava sua casa, à sua frente o Bosque, era exatamente naquele local, ao lado da carreira de formigas a seus pés que se despediram pela primeira vez, seria essa a última despedida? Por que aquele ar de mistério a acompanhava?

Usava o mesmo vestido azul em tons de vermelho que sempre usara, o mesmo chapéu de tricô, o mesmo sentimento de ansiedade pelos braço de Haniel que sempre a acompanhara nesse bosque.

Caminhou bosque adentro devagar, prestando atenção em cada detalhe, sempre familiar, em pouco tempo chegou ao riacho, porém antes que se sentasse, um galho quebrou-se no chão atrás dela, o coração quase lhe saiu pela boca, era seu amado, tinha que ser, mas quando voltou-se, foi num misto de alegria e decepção que encontrou outra pessoa.

– Enfim consegui te ver, ele bem que me prometeu que um dia eu veria.

– Eu pensei que fosse ele, Dé, desculpa.

– Eu entendo, e agora compreendo por que ele se apaixonou por você.

– Por que?

– Ora, Duda, você está linda como nunca vi na minha vida.

– Você também está, nunca te vi tão linda assim, Dé.

Andréia estava excepcionalmente linda, usava um vestido vermelho, feito do mesmo pano que o de Eduarda, os cabelos louros lisos e brilhantes eram presos com ramos de flores, seu sorriso irradiava tranquilidade, seus olhos eram profundos, intrigantes. Tanto que pedira de Haniel e ele finalmente lhe concedeu, o privilégio de ver Eduarda no Bosque da Paz.

Mas os corações de ambas avisaram ao mesmo tempo de que não dispunham de muito tempo, deram as mão e seguiram rumo a parte do bosque onde ficavam as lindas frutas gigantes, onde Haniel e Eduarda tantas e tantas vezes ficaram e ao chegarem encontraram uns poucos anjos espalhados.

Nenhum deles lhes dirigiu palavra alguma, mas conforme se aprofundavam mais e mais rumo ao centro do pomar, o número de anjos aumentava, ao ponto de mal conseguirem passar, até que tornou-se impossível locomover-se livremente pelo pomar e os anjos então abriram caminho, centenas de anjos abriram caminho para as duas humanas e ao fim da multidão de anjos, havia como que uma clareira onde sete homens magníficos encontravam-se em semicírculo ao redor de um outro homem deitado no gramado. Eduarda mal pode acreditar em quem era quando olhou em seu rosto. Haniel.

Correu para junto dele, e numa fração de segundo estavam apenas os três, Eduarda, Andréia e o corpo de Haniel.

– Meu amor – sentou-se no gramado ao lado do corpo, com Andréia do outro lado – meu amor, Hanny, amor de minha vida.

Tantas e tantas vezes estiveram ali alegres e sorridentes, naquele mesmo bosque beijaram-se tantas vezes, agora o corpo de seu amado jazia inerte e sem vida, deitado à sua frente, enquanto ela sentada na grama, chorava com o coração aos pedaços.

Era essa a despedida que os anjos lhe prepararam, pode ver o corpo de Haniel pela última vez, e isso já lhe bastou qualquer recompensa, compreendeu que não podia mais falar com ele, sua morte realmente se dera no campo de batalha e qualquer coisa que seus amigos quisessem lhe dizer, seria dita, mesmo assim, mesmo que Haniel não pudesse lhes ouvir, O Príncipe podia, e dizer pra ele seria como dizer para o próprio Haniel.

Limitaram-se as duas a contemplar o corpo do jovem e valoroso guerreiro, morto em batalha por uma causa nobre, choraram agradecidas pelo privilégio de despedir-se do amado amigo.

– Hanny, sei que você não está nos ouvindo, mas talvez um dia você acorde e essas palavras estejam guardadas pra você, não sei quando será esse dia, mas eu sei que ele virá, você chegou como nada, tranquilo, apenas fazendo sua parte, me vigiando de longe, meu anjo da guarda, não sei se algum dia conseguirei entender plenamente as razões que tiraram você de mim, mas eu espero que um dia eu possa compreender, eu sei que pra mim a vida continua, sei que alguém foi posto em seu lugar pra me guardar, e eu quero prometer pra você que sua morte não foi em vão, eu não sei nem como vou fazer isso, mas estou me dispondo plenamente, de corpo e alma, para a missão de minha vida, a mesma missão para a qual você deu sua vida, meu amor, eu confio no Príncipe, mesmo sem entender, mas eu confio, sei que o que Ele tem reservado para nós é o melhor.

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⏰ Last updated: Dec 04, 2023 ⏰

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A Guerra dos Arcanjos - PrincípioWhere stories live. Discover now