21. Tristeza

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As três humanas sentadas no sofá da sala estavam silenciosas, aturdidas e sem saber o que pensar, a tristeza pela morte de Haniel era como uma faca furando o peito, Jessica o conhecera a bem pouco tempo, mas estava triste pela irmã e pela amiga.

Haniel vencera o combate, derrotou Abbadon e acabou com sua vida, no entanto seu corpo humano não resistiu aos ferimentos.

– Se a gente observar bem, eles nunca prometeram que o Haniel sairia vivo dessa, né? Eles prometeram que ele venceria e ele venceu. – Andréia disse sentando-se em uma das poltronas da sala.

– Nada disso me interessa Dé, eu queria ele aqui comigo! – Reclamou Eduarda deitando-se no sofá maior a se agarrando a uma almofada.

Jessica também não dizia nada, sentou-se em outra poltrona da sala e continuava silenciosa.

Era muita coisa a ser digerida em tão pouco tempo, nasceram e cresceram sendo ensinadas que Terra era o nome do mundo em que viviam, mas agora descobriram que a vida toda estavam enganadas, seu mundo se chamava Adora, a verdadeira Terra era outro mundo, no qual o mal nunca tinha entrado e onde elas estiveram por poucos e trágicos momentos.

Eram testemunhas de um combate universal, Haniel vencera, mesmo que também tenha morrido no final, em tese o conflito estaria resolvido, mas as três humanas sentiam que não seria tão simples assim. Provavelmente um daqueles vários anjos maus tentaria tomar o lugar de Abbadon.

Esse pensamento trazia tremores, viram do que Abbadon fora capaz e saber que outros mais iguais ou até mesmo piores que ele continuavam a solta em busca de suas vidas era algo que não arriscavam sequer imaginar.

Eduarda ficou deitada no sofá chorando agarrada à almofada, ainda destruída por dentro de tanto pesar, não conseguia imaginar de forma alguma que seu querido Hanny estivesse morto, tantas e tantas vezes ele lhe dissera que anjos não morrem e agora ele estava morto.

Queria achar que fosse algum susto, mas não era, vira o sangue, os golpes, as dezenas de outros anjos assistindo, uns tristes outros alegres, bons e maus, sua irmã e sua amiga viram também, provando-lhe que era tudo verdade.

Quando a espada flamejante do anjo maldito penetrou o peito de Haniel, parecia estar entrando em seu próprio peito e não fossem os anjos poderosos guardando e protegendo-a da fúria dos demônios teria ela entrado no meio da batalha a fim de fazer qualquer coisa que salvasse a vida de seu amado, mesmo que pra isso tivesse que perder a sua própria.

Alguns minutos depois a sala começou a iluminar-se, era como se a lâmpada acesa naquele fim de tarde aumentasse sua potência centenas de vezes até quase cegar as três meninas.

Fechavam os olhos para se protegerem da claridade tentando entender o que pudesse ser quando apareceram no meio delas Uriel, Rafael e Sadkiel.

Uriel adiantou-se à frente dos demais arcanjos aproximando-se do sofá, toda a luz inicial se desvanecera e os três arcanjos eram meros humanos sorrindo gentis para as três meninas que imediatamente ficaram de pé assustadas.

– Não se assustem, sentem-se por favor – Uriel pediu com sua voz tranquila e mansa, sentou-se ao lado de Eduarda no sofá. Assim que as meninas se acomodaram ele explicou – Preciso falar algo importante com vocês. – Todas ficaram em silêncio esperando pelas palavras do arcanjo quando este alisou os cabelos da cabeça de Eduarda com sua da mão incrivelmente macia.

– Por que, senhor? – Perguntou ela chorosa.

– Pra tudo se tem um propósito, Eduarda.

– Mas por que ele? Por que vocês deixaram que isso acontecesse?

A Guerra dos Arcanjos - PrincípioWhere stories live. Discover now