Ao chegarem na casa de Andreia, logo no portão notaram que havia algo de estranho no ar, a casa estava cheia de parentes e amigos e assim que foram avistadas alguém se encarregou de leva-las para um lugar reservado dentro da casa. Porém, ninguém lhes dizia nada do que estava acontecendo.
A mãe de Andreia tentou ser o mais natural que pôde, para que nenhuma das duas desconfiasse de nada, mas de tanto que as duas perguntavam, que o momento crucial acabou chegando em menos de meia hora de sua chegada:
– Meninas – começou a mãe de Andréia – há algumas horas aquele amigo de vocês duas veio aqui em casa.
– Quem, mãe?
– Aquele garoto magrinho que vem sempre aqui em casa, Samuel, Daniel, sei lá, eu esqueço o nome dele.
– O Haniel?
– Isso Duda, esse mesmo, ele veio com o tio dele, de carro e mais um amigo, um rapaz louro de cabelo cacheado, alto e forte, vocês devem conhecer.
– Sim senhora – admiraram-se em saber de Salatiel em forma humana pela primeira vez.
– Os três vieram aqui, mas quem mais falou mesmo foi o tio desse Haniel e o amigo dele, pois o pobre garoto não parava de chorar e de repetir o tempo todo: "foi culpa minha, foi culpa minha, foi culpa minha, Eduarda, me perdoe".
– Mãe, fala logo o que aconteceu, o Hanny me ligou e disse a mesma coisa, para de enrolar.
– Eduarda, minha filha.
– Dé, eu 'tô com medo – a tensão no ambiente aumentava a cada segundo, a ansiedade já era clara até na voz de Eduarda.
– Aconteceu uma coisa terrível.
– Eu já sei que aconteceu mas o que foi?
– Lembra do incêndio na escola hoje de manhã?
– Sim senhora, o que foi que aconteceu lá?
Visto que Andréia tinha levado Eduarda pra sua casa por outro caminho, esta não tinha nem mesmo visto em que situação tinha ficado a escola, daí sua completa ignorância ao assunto.
– Minha filha, seus pais faleceram.
– Que? Como assim? Do que a senhora está falando?
– Eles perderam a vida no incêndio.
– Mãe, quem foi que lhe contou isso?
– Aquele amigo de vocês, o Haniel, ele não parava de falar o tempo todo que não pode fazer nada pra impedir, mas ele é só um garoto, coitado, o que ele poderia fazer? Nem os bombeiros conseguiram fazer nada, e ...
– Mãe... o que é isso mãe.
– Andréia minha filha, infelizmente isso é verdade, eles faleceram.
Eduarda estava em choque, paralisada olhando pro nada, sem sorrir, sem chorar, sem pensar, apenas olhava o nada enquanto a mãe de Andréia prosseguiu:
– Os bombeiros disseram que o fogo parecia diabólico, parecia que as mangueiras deles estavam cheias de gasolina ao invés de água, pois o quanto mais eles tentavam apagar, mais as chamas aumentavam.
– Mãe ...
– Andreia, vinte e três pessoas morreram hoje de manhã nesse incêndio, cinquenta e quatro foram internadas em estado grave no hospital, eles não encontraram nenhum corpo, apenas os pertences das vítimas.
– Nenhum corpo?
– Nenhum, ao que tudo indica, foram carbonizados, a maioria perto da quadra.
– A feira, aquela maldita feira, Hanny, o que aconteceu, meu amigo?
ESTÁS LEYENDO
A Guerra dos Arcanjos - Princípio
Novela JuvenilUm plano elaborado para resgatar a humanidade do domínio do arcajo rebelde envolve todos os anjos do céu numa guerra sem precedentes