18. Desespero

7 1 16
                                    

Ao chegarem na casa de Andreia, logo no portão notaram que havia algo de estranho no ar, a casa estava cheia de parentes e amigos e assim que foram avistadas alguém se encarregou de leva-las para um lugar reservado dentro da casa. Porém, ninguém lhes dizia nada do que estava acontecendo.

A mãe de Andreia tentou ser o mais natural que pôde, para que nenhuma das duas desconfiasse de nada, mas de tanto que as duas perguntavam, que o momento crucial acabou chegando em menos de meia hora de sua chegada:

– Meninas – começou a mãe de Andréia – há algumas horas aquele amigo de vocês duas veio aqui em casa.

– Quem, mãe?

– Aquele garoto magrinho que vem sempre aqui em casa, Samuel, Daniel, sei lá, eu esqueço o nome dele.

– O Haniel?

– Isso Duda, esse mesmo, ele veio com o tio dele, de carro e mais um amigo, um rapaz louro de cabelo cacheado, alto e forte, vocês devem conhecer.

– Sim senhora – admiraram-se em saber de Salatiel em forma humana pela primeira vez.

– Os três vieram aqui, mas quem mais falou mesmo foi o tio desse Haniel e o amigo dele, pois o pobre garoto não parava de chorar e de repetir o tempo todo: "foi culpa minha, foi culpa minha, foi culpa minha, Eduarda, me perdoe".

– Mãe, fala logo o que aconteceu, o Hanny me ligou e disse a mesma coisa, para de enrolar.

– Eduarda, minha filha.

– Dé, eu 'tô com medo – a tensão no ambiente aumentava a cada segundo, a ansiedade já era clara até na voz de Eduarda.

– Aconteceu uma coisa terrível.

– Eu já sei que aconteceu mas o que foi?

– Lembra do incêndio na escola hoje de manhã?

– Sim senhora, o que foi que aconteceu lá?

Visto que Andréia tinha levado Eduarda pra sua casa por outro caminho, esta não tinha nem mesmo visto em que situação tinha ficado a escola, daí sua completa ignorância ao assunto.

– Minha filha, seus pais faleceram.

– Que? Como assim? Do que a senhora está falando?

– Eles perderam a vida no incêndio.

– Mãe, quem foi que lhe contou isso?

– Aquele amigo de vocês, o Haniel, ele não parava de falar o tempo todo que não pode fazer nada pra impedir, mas ele é só um garoto, coitado, o que ele poderia fazer? Nem os bombeiros conseguiram fazer nada, e ...

– Mãe... o que é isso mãe.

– Andréia minha filha, infelizmente isso é verdade, eles faleceram.

Eduarda estava em choque, paralisada olhando pro nada, sem sorrir, sem chorar, sem pensar, apenas olhava o nada enquanto a mãe de Andréia prosseguiu:

– Os bombeiros disseram que o fogo parecia diabólico, parecia que as mangueiras deles estavam cheias de gasolina ao invés de água, pois o quanto mais eles tentavam apagar, mais as chamas aumentavam.

– Mãe ...

– Andreia, vinte e três pessoas morreram hoje de manhã nesse incêndio, cinquenta e quatro foram internadas em estado grave no hospital, eles não encontraram nenhum corpo, apenas os pertences das vítimas.

– Nenhum corpo?

– Nenhum, ao que tudo indica, foram carbonizados, a maioria perto da quadra.

– A feira, aquela maldita feira, Hanny, o que aconteceu, meu amigo?

A Guerra dos Arcanjos - PrincípioDonde viven las historias. Descúbrelo ahora