5. Susto

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Silêncio, calma e tranquilidade eram comuns ali, mas silêncio nem tanto, pois havia constantemente o ruído de pássaros e outros pequenos animais, ela caminhava lenta e tranquilamente por entre o gramado molhado.

Com as sandálias nas mãos caminhava descalça, olhando a todas direções em busca de seu amado, mas para onde fora? Era esta a primeira vez que ela andava sozinha no Bosque da Paz sem encontrar Haniel.

O aspecto do bosque era o mesmo de qualquer lugar arborizado depois de uma forte chuva, as folhas das árvores todas molhadas, os galhos inclinados, o gramado molhado, o céu nublado.

Eduarda olhava a todas direções com o mesmo chapéu de tricô de cor creme, o mesmo vestido azul com manchas avermelhadas, chamava o nome de Haniel, sem resposta. Silêncio absoluto. Nada mais que isso.

Inicialmente fora ao riacho, onde em cuja beira beijaram-se pela primeira vez. Andou por entre as árvores do bosque. Encontrou uma parte onde as árvores davam frutas, uma macieira cujas maçãs eram do tamanho de melões. Nunca vira maçãs como aquelas, esplendidamente lindas e imensas. Sozinha não daria conta de comer uma delas!

Ao lado uma parreira de uvas, lindas e igualmente imensas, cada uva era do tamanho de uma laranja, haviam cachos quase do tamanho dela! Bananeiras com mais de 5 metros de altura, com cachos que deviam medir quase dois metros! Havia também bananas imensas, laranjas que deviam ter quase trinta centímetros de diâmetro.

Por que tudo ali era tão grande? E por que aquela aparência quase celestial de todas aquelas frutas? Nunca fora àquela parte do bosque! Talvez fosse por isso que Haniel não se mostrou logo de início como sempre fazia, talvez ele quisesse que ela conhecesse essa parte do bosque.

Então por que ele não mostrou a ela pessoalmente? Adoraria ter caminhado por aquela parte do bosque de mãos dadas com ele fazendo-lhe mil perguntas!

Ao longe podia mirar o limiar do bosque, uma escuridão tal que cobria tudo como uma imensa cortina, voltou então pelo mesmo caminho, o mesmo riacho, mas de repente, sangue? Vira sangue? No Bosque da Paz? Seria possível?

Era uma blusa furada e manchada de sangue, jogada ao lado da pedra onde ela estava sentada. Por que não tinha visto isso quando chegou ao bosque procurando Haniel?

Estava úmida da chuva mas mesmo assim reconheceu a blusa, era uma camiseta de Haniel, embora molhada tinha o cheiro dele, a mesma camiseta branca que o vira usando nas outras vezes em que se encontraram.

Aquele sangue era de Haniel? Seria possível? Talvez ele estivesse em perigo ou precisando dela!

Desesperou-se de tal maneira que seu coração quase saía-lhe pela boca. Correu. Correu com a camiseta manchada de sangue nas mãos.

Atravessou o bosque com lágrimas nos olhos, desesperada pedindo socorro. Gritando na esperança de aparecer qualquer um.

Encontrou a mesma trilha onde caminhara com ele e onde se beijaram próximos a sua casa quando se despediram, passou a cerca entrou em casa com a camisa nas mãos e não havia ninguém, correu de quarto em quarto e não havia absolutamente ninguém, voltou ao seu quarto.

Deitou-se na cama. Chorando com a camisa nas mãos e chamando o nome de Haniel. Olhando pro teto, acordou.

Acordou confusa, perdida em pensamentos sem saber o que era sonho e o que era realidade, aos poucos foi se lembrando do sonho, não estava de vestido azul, muito menos de chapéu, procurou a camisa de Haniel manchada de sangue, era real, muito real, talvez tivesse caído de suas mãos enquanto dormia, olhou em volta e nada, de repente se lembrou, se assim fosse ela deveria estar de vestido azul, mas ao contrário estava de camisola ainda, mas então pensou que sua mãe pudesse tê-la trocado enquanto dormia, ela fazia isso com ela quando era pequena, correu ao guarda-roupas e nada, sua mãe deveria ter guardado o vestido azul em outro lugar, correu até sua mãe desesperada.

A Guerra dos Arcanjos - PrincípioWhere stories live. Discover now