17. Irishiel

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O sono fora longo, não se lembrava de nada das últimas cenas, apenas do desespero que lhe apertava a alma, não tinha nem ideia de quanto tempo havia passado desde que "saíra do ar" agora tudo o que via ao seu redor era paz e tranquilidade.

Acordou num gramado verdíssimo, com algumas árvores distantes enfeitando a orla daquela clareira com sua altura imponente, flores perfumadas em arbustos pequeninos, pássaros alegres a cantar bem à sua volta, celebrando sua presença. Levantou-se feliz por saber exatamente onde estava.

Correu pelo gramado até debaixo das árvores, caminhar pelo Bosque da Paz fazia com que se esquecesse completamente da vida fora deste, não se lembrava de problemas nem de tristezas, tudo o mais parecia como um sonho distante.

Sentou-se à beira do riacho, tirou suas sandálias e colocou os pés na água fria e refrescante, enquanto os pequeninos peixes vinham saudar sua chegada com leves mordiscadas nas pontas de seus dedos, ela admirava o lindo vestido vermelho que usava, não se lembrava de ter comprado ou ganhado ou sequer emprestado esse vestido em canto algum, possuía tons de azul e exatamente como o tão comentado vestido azul, a costura ao redor tinha em torno de três dedos de largura e era de um branco inimaginável, também estava de chapéu, porém este era rosa claro, combinando com o cordão amarrado à cintura e com suas sandálias.

Queria conhecer tudo ao mesmo tempo, exatamente como uma criança que acabara de acordar num parque de diversões, correu pela trilha à beira do riacho e não muitos metros adiante ela se viu no pomar, lá estavam as maçãs imensas, cachos de uva quase do seu tamanho, pêssegos aveludados que de tão grandes, curvavam os galhos até a altura do seu rosto.

Colheu um deles, tirou as cascas e sentiu o gosto mais doce que já tinha provado na vida. As cascas iam ficando no chão. Os lindos pássaros ao redor pousavam a seus pés e se banqueteavam com as sobras.

– Está gostando daqui?

– Amando, então aqui é o Bosque da Paz? – respondeu ela sem se virar.

– Exatamente.

– Há quanto tempo ele existe? – virou-se pra falar com Haniel, porém assustou-se quando viu outra pessoa em seu lugar – quem é você?

– Pensou que veria Haniel?

– Peraí, eu te conheço.

– Me chamo Irishiel.

– Eu vi você na enfermaria aquele dia.

– Sim.

– E também na rua, quando eu 'tava com o Hanny.

– Isso mesmo.

– Então você é ...ai eu não acredito, eu queria tanto te conhecer.

– Eu sei, por isso aceitei a sugestão do meu irmão, em trazer você pra cá uma vez.

– Então seu nome é Irishiel?

– Isso mesmo, Andréia. Minha tarefa é cuidar de você.

– Ai, acho que eu te dou um monte de trabalho, né?

– Nem tanto, para nós, guardar seres humanos chega ser mais do que um prazer, até uma honra eu diria.

– Por que é você que está aqui e não o Hanny.

– Por que ele não pode sair de perto de Eduarda.

– Mas já vi ele fazendo isso diversas vezes, e além do mais tem Salatiel e Adriel também.

– Mas eles só podem auxiliar se ele tiver de se ausentar por qualquer motivo que seja relacionado com o plano.

– Ah, entendi. E você, já guardou outras pessoas antes de mim?

A Guerra dos Arcanjos - PrincípioWhere stories live. Discover now