9. Acidente

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Acordou no mesmo horário de sempre, pontualmente às seis horas da manhã, quarenta minutos depois estava na calçada, esperando a van que a levaria para a escola, tão logo a van encostou, antes de subir descobriu que tinha esquecido sua chave de casa.

Naquele dia, quando voltasse da escola todos estariam fora, era preciso levar caso não quisesse ficar esperando do lado de fora até o meio da tarde, deixou a van esperando e correu ao seu quarto, era sempre no mesmo lugar que a chave ficava, na mesinha de cabeceira da cama.

Mas naquele dia, tinha algo mais além da chave, algo que ela nunca imaginou que fosse encontrar, um cartão, mais ou menos do tamanho de um cartão de crédito, feito de ouro maciço.

Não podia acreditar no que seus olho viam, era como se o tempo tivesse parado, até ali.

Tudo o que sonhara naquela noite podia muito bem ser apenas mais um daqueles sonhos estranhos, mesmo tendo acordado outro dia com as mãos inexplicavelmente sujas de sangue, agora o cartão, bem diante dela, na palma de suas mãos, gritando pra ela da urgência daqueles sonhos.

Então era verdade, cada palavra falada por Haniel, de repente a buzina da van acordou-a para a realidade, enfiou o cartão às pressas no bolso da calça, já que a mochila tinha ficado na van e correu de volta ao portão, com a cabeça dando voltas em mil pensamentos.

Uma vez na escola foi direto ao banheiro, trancou-se numa das cabines, sentou-se no vaso com a tampa fechada, tirou o cartão do bolso e pôs-se a examiná-lo, era feito do mais puro ouro que já tinha visto na vida.

Mesmo que não tivesse assim tanta experiência com ouro, era notório que aquele era diferente, continha inscrições nele que agora ela podia compreender clara e distintamente, o nome, Haniel Arin , seu Arcanjo responsável, Uriel, a função, Anjo da Guarda, entre outras, deteve-se no nome, Haniel Arin. Não acreditou que esse era mesmo o sobrenome de Haniel.

Quem era na verdade aquele garoto? Seria mesmo ele um anjo em forma humana? Se não fosse, de onde surgira aquele cartão? E se fosse mesmo, por que ele próprio não chegou até ela e contou isso pessoalmente? Por que esperou dormirem pra poder contar no sonho?

De repente algo lhe veio à mente. Dormir, era isso, precisava apenas dormir e estaria naquele Bosque maravilhoso.

Ah como fora tola! Por que tinha perdido tempo já duas vezes procurando formigas no fundo do quintal? Não precisava das formigas, precisava apenas dormir e estaria nos braços de Haniel.

Tinha que falar com alguém, com Andréia ou com Haniel, ou talvez com os dois, e tinha que ser naquele dia, não poderia passar, já que tinha o cartão, ele teria que lhe repetir todas as palavras do sonho. Ela tinha que beijá-lo, precisava beijá-lo, já estava ficando alucinada, sonhando dia e noite com ao menos um único beijo dos lábios daquele garoto misterioso.

De repente seu celular vibra, anunciando a chegada de uma mensagem:

"ONDE ESTÁ VC SUA MALUCA? ESQUECEU QUE TEMOS PROVA AGORA?

DÉ"

Prova! Como poderia ter se esquecido? Aqueles sonhos estavam mesmo a deixando louca. Como poderia ela pensar em qualquer coisa do tipo quando sua cabeça estava em outro lugar?

Andréia tinha se lembrado dela, viu quando ela desceu da van e disparou para o rumo dos banheiros, mas estranhou a demora, Eduarda não faltava às provas, se ela não respondesse a mensagem daria um jeito de ir buscá-la pessoalmente.

Felizmente a mensagem funcionou, pois ela entrou na sala justamente no momento em que o professor distribuía as provas, sentou-se, tomou sua prova, sua caneta e preparou-se para o maior zero de sua vida, não estava preparada pra fazer absolutamente nada que envolvesse escola, não queria se envolver com nada mais que não fosse Haniel ou Andréia.

A Guerra dos Arcanjos - PrincípioWhere stories live. Discover now