Vinte e um

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Larissa
(17/06)

Me jogo na cama. Meu celular toca e me obriga a me esticar para pegá-lo. No visor aparece o nome do João. Meu coração acelera.

— Oi, será que você pode abrir a porta pra mim?

— Claro. Espera um pouco — me levanto e pego a chave. Destravo a porta com certa dificuldade. Talvez esteja tremendo — Oi — desligo a ligação.

— Oi — coloca as mãos no bolso e balança o corpo sob os calcanhares — posso?

— Ah, claro — dou espaço — desculpa é que acabei de chegar em casa, tô cansada, passei horas na delegacia e... — coço a testa.

— De-delegacia? — Me interrompe. Ficou preocupado.

— Calma, calma. É... foi a Juliana. Ela descobriu que tava por trás de tudo aquilo. Estava lá com ela. Dia longo.

— Percebi. Tá a fim de um sorvete?

— Agora? — balança a cabeça confirmando — Tá — respiro fundo — Vou só trocar de roupa.

Entro no quarto, abro o guarda-roupa e pego um short jeans e um cropped floral com mangas. Calço minha havaiana branca. Pego minha bolsa.

— Vamos? — Apareço na sala.

— Vamos — se levanta.

Entro no carro. Permaneço quieta. É estranho, pelo menos para mim, sair com alguém que você não sabe se é seu ex ou seu atual.

— Deixa eu adivinhar quais sabores de sorvete você vai pegar — diz assim que adentramos a sorveteria — acho que é — faz uma pose como se estivesse pensando — flocos e chocolate.

— E você vai pegar... aquele horrível de chomenta — faço cara de nojo.

— Não sei porque todo esse hater.

— Deve ser porque é ruim — dou com os ombros.

A sorveteria não está muito cheia. Pegamos os nossos sorvetes e nos sentamos no cantinho do estabelecimento. São dois bancos em cada mesa, o João escolheu se sentar ao meu lado e não no banco da frente.

— O meu tá muito gostoso.

— O meu também — ele diz e eu nego com a cabeça.

Nosso olhares se encontram. Meu corpo arrepia. A mão dele pousa na minha cintura. É saudade.

— Não, João — digo quando ele se aproxima.

— Desculpa — sussurra.

— Não... sou eu que tenho que te pedir desculpas. É culpa minha. É só culpa minha. Agi de forma burra, só não queria te perder. E aconteceu o que eu tinha medo — desvio o olhar.

— Você não me perdeu. Tô aqui bem na sua frente, né? — faz um carinho na minha perna — te pedi um tempo, não terminei.

— Mas vai — me assusto ao perceber que sussurrei isso.

— Larissa, eu pedi um tempo pra pensar e eu pensei. Todos os dias, por pelo menos umas 8h. Eu fiquei chateado, acho que ainda estou um pouquinho. Apesar dos motivos, uma filha não é algo de se esconder. Só que durante esses dias — segura na minha mão — percebi que eu te amo mais do que eu pensava. Eu quero continuar com você, quero conhecer a Céu.

— Tá falando sério? — meus olhos marejam.

— Claro que eu tô — rouba um selinho — o sorvete até derreteu.

— Que se dane o sorvete! — falo rindo e dou outro selinho.

— Eu quero conhecer a Céu o mais rápido possível. E depois eu quero que a Lunna a conheça também.

Destino - João GomesWhere stories live. Discover now