Cinco

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Larissa

Acabei de sentar no banco de motorista do carro do João, tem um tempo que eu não dirijo, mas eu aprendi bem antes de tirar a carteira, esquecer é impossível. Vou levar ele em uma praia "escondida", meus pais me levavam lá e é bem vazia, como o João é famoso em uma praia cheia é impossível a gente ficar de boas, vem gente tirar foto, pedir autografo e com certeza vão perguntar sobre nós.

— Vamos aproveitar o final da tarde.

— Vou colocar uma playlist braba - ele coloca e começa a Malandragem da Cássia Eller

— Eu amo a Cassia.

— Eu também. Temos bom gosto pra músicas — ele sorri e eu abro as janelas sentindo o vento da estrada enquanto cantamos a música.

— Tinha um tempão que eu não dirigia, eu amo, sinto saudades de pegar um carro e ir pra estrada.

— Cê não pega um carro pra você por quê?

— Nem todo mundo ganha um salário que nem o seu João. Tenho outras prioridades antes de pegar um carro, tipo — paro quando percebo que estou falando demais

— Tipo? — ele indaga e eu não respondo - Não quero que tenha segredos entre nós, mas sei que ainda é cedo pra falar sobre algumas coisas.

— Sem segredos, mas não por agora — solto uma risada — eu amo essa música, acho que é uma das mais lindas que eu já ouvi.

Pra você guardei o amor que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar e repartir — canto e ele me olha fixamente me fazendo ficar com vergonha então eu paro de cantar e só fico escutando a música

— Guardei sem ter porquê
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar — canta olhando pra mim, ele pega minha mão direta dando um beijo, eu o olho rapidamente e passo a mão na nuca dele fazendo um carinho rápido.

— Chegamos — digo assim que estaciono o carro - essa praia é quase deserta, meus pais me traziam aqui quando eu era criança. Pego minha bolsa e desço do carro. O João desce com uma bola de futebol nas mãos — Tinha uma bola aí?

— Você não viu na hora que colocou a bolsa no banco de trás? — nego com a cabeça

Tranco o carro, guardo a chave na bolsa e caminhamos em direção à areia. Tiro a canga da bolsa, estendo e coloco uns objetos nas quatro pontas pra não voar, o João senta observando o mar e eu coloco a bolsa na canga, e tiro a roupa ficando só de biquíni.

— Vai ficar aí? Eu vou entrar no mar.

— Eu vou também — ele fica só de sunga e eu tenho me controlar um pouco. Porra, gostoso demais. Vou andando na frente e o João atrás, quando estávamos pra entrar ele vem correndo e me pega no colo — sabe nadar?

— João pelo amor de Deus, não me leva pro fundo que eu não sei nadar — imploro enquanto ele adentra no mar comigo nos braços.

— Que desespero — me coloca no chão e a água está na altura dos meus peitos — pronto.

— Desculpa, é que eu sou meio traumatizada.

— Não ia fazer nada que te colocasse em risco — as mãos dele apertam a minha cintura e as minhas pousam nos ombros dele.

— Como você consegue ser tão fofo mesmo sendo um gostoso desse jeito? — ele solta uma risada.

— É meu jeitinho. Me pergunto como parece que cada vez que te vejo você tá ainda mais gata — tenho certeza que corei.

— Isso aí nem eu sei.

— Sabe o que eu tava pensando? Quinta tem jogo no chile e a gente já viaja terça, tá a fim de ir comigo não?

— João, eu trabalho, ficar quatro dias fora é muito tempo.

— Não tem como você adiantar ou home office tá aí. Você trabalha na produção audiovisual, não precisa tá lá, precisa só de um notebook que tenha os programas que você usa.

— Tenho que ver, mas e a sua mãe, ela vai? As fla-esposas vão?

— Minha mãe não vai poder ir, por isso eu decidi te chamar, acho que você não iria se Dona Monique fosse. Algumas das Fla-esposas vão, a Marília vai, a Gisele também, outras eu não sei. Você quer ir?

— Ah — respiro fundo — sei não. Será que não vão estranhar uma mulher do nada lá com você?

— Os jogadores já te conhece por nome e se duvidar as esposas deles também — da com os ombros e eu fico surpresa por ele já ter falado de mim.

— Pra quem mais você falou de mim?

— Pra minha mãe, no almoço de hoje. Falei que tinha conhecido a futura nora dela.

— Você é maluco! A gente se conheceu tem dias.

— Nós dois somos! E dai que tem dias? Eu não menti pra ela.

— Tô com fome, ainda bem que trouxe biscoito globo. Vou sair — falo depois de um tempo.

— Vou sair pra comer biscoito globo também.

Sentamos na canga, tiro o biscoito da minha bolsa, e pego o protetor.

— João, passa o protetor nas minhas costas por favor — ele passa — Passa você também, você passou antes de sair? Eu já tinha passado antes de sair em casa.

— Eu não passei.

— Meu Deus, venha aqui que eu vou passar agora — Ele se aproxima e eu começo a passar protetor nele — já tá errado em não ter passado protetor, tendo tatuagem só piora.

— Essa bolsa cabe tudo? — pergunta ao ver eu tirando minha JBL da minha ecobag.

— Cabe, conecta seu celular e coloca sua playlist aí — ele faz isso enquanto eu abro o pacote do biscoito e começo a comer.

— Chega aqui, vamos tirar uma foto — me aproximo e faço uma pose — agora nós temos uma foto.

— Vai postar? — pergunto vendo ele abrindo o insta e procurar um filtro.

— Vou postar nos melhores amigos, pessoal tem que ver a gata que tá do meu lado — ficamos comendo e observando a praia. Assim que pacote de biscoito acaba me levanto e começo a fazer embaixadinhas com a bola que o João trouxe — Ih, caralho. Sabe altinha?

— Sou craque! — bato no peito.

— Quero ver então — ele coloca o celular apoiado em algo, coloca pra gravar, levanta rápido e se posiciona — você começa.

Passo a bola pra ele, ele devolve com a coxa, eu devolvo com o pé, ele cabeceia e nesse momento percebo que ele já tava a fim de fazer com que eu não conseguisse passar pra ele. Vou de ombro, ele devolve com o pé, então dou um de letra e o João não consegue alcançar.

— Pega! Pra você aprender a não me subestimar.

— Vamos melhor de três — eu concordo e voltamos a jogar.

— Tô morta, seu melhor de três teve que virar melhor de nove pra me ganhar.

— O importante é que eu ganhei. Tu joga bem pra caralho! Depois eu edito esse vídeo e posto só as partes que você não alcançou a bola — olho de cara feia pra ele — tá, não vou fazer isso.

— Tá na hora da gente ir, né?

— Sim, o tempo passou rápido.

Que dia bom! Queria que as horas passassem mais devagar.

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Oi gente! Apareci!

Tudo bem com vocês?

Eu amo escrever com eles dois.

Aqui é tudo tão leve mas o mesmo tempo intenso.

Até o próximo capítulo, beijos! 💋

Destino - João GomesWhere stories live. Discover now