Por detrás dos homens.

440 84 135
                                    

Olha quem está novamente no início do capítulo!
Bom, vamos para um pequeno aviso. Haverá um pouco mais de gore no início desse capítulo, então caso estejam comendo, parem agora. Também vai ter a descrição de um ataque de pânico do nosso protagonista, caso não gostem, podem pular a cena.
Boa leitura.

🦠

     ᪶◗ Capítulo Treze: Por detrás dos homens.


Minha mente fica em branco, e o barulho da chuva aumenta lá fora.

Eu não sei o que pensar; a única coisa que minha mente grita é o quão louca é aquela constatação de Minho. Empurro suas mãos para longe do torso mutilado, só então percebo um travesseiro embaixo de sua cabeça, tão sujo e velho que se esconde ao meio do chão empoeirado. A marca de sua cabeça está exata no estofado, como se ele nunca tivesse ousado se mexer ali. Eu seguro seu rosto e sinto sua pele quente, fervida sob meus dedos.

Num repente, a cabeça se vira para mim e olhos avermelhados e úmidos de lágrimas grossas me encaram. Há tanto terror e desespero que sinto minha alma sendo sugada pelo garoto. Sua boca está rasgada ao meio da costura bem-feita; há tantos pontos avermelhados e inchados que a imagem me espanta. Escuto grunhidos, sinto o desespero dele para falar, vejo sua boca se rasgando como um chiclete usado enquanto tenta romper a costura.

Minha respiração torna-se cada vez mais descompensada; eu quero gritar. Não sinto mais o ar entrando nos meus pulmões. Meu peito arde, minha cabeça gira, e o quarto fede a sangue, podridão e mofo. Minhas mãos trêmulas soltam o corpo e o vejo bater a cabeça no chão ao lado do travesseiro imundo. Eu não sinto meu corpo, não sinto qualquer coisa em minha volta, a única coisa que vejo é Lucas balançando a cabeça, tentando mover seu corpo para longe de mim. Seus cabelos úmidos de suor tinham tanto sangue seco que tornou-se um emaranhado de fios duros, seus grunhidos agonizantes ecoam como um pedido de misericórdia. Ele começa a bater sua cabeça incessantemente contra o chão, rápido, forte. Então, há sangue. Sangue quente escorrendo pelo chão, tocando meus joelhos, molhando minhas calças. Ele não para. Ele quer afundar o crânio até morrer. O barulho da chuva some e o estrondo de sua cabeça é a única coisa que escuto.

Uma vez.

Duas vezes.

Três vezes.

Pare. Pare de uma vez.

Então, não vejo mais nada, e perco a noção do espaço e do tempo. Uma voz sussurrada aparece nos meus ouvidos, mas a única coisa que escuto é o barulho do meu coração, é o movimento falho dos meus pulmões. Meu peito dói tanto que acredito que vou morrer; sei que vou morrer; a terra me engole, o mundo escurece. Eu vou morrer.

"Jisung, presta atenção em mim. Só em mim. Isso não está aqui. Está tudo bem, eu estou aqui."

Sussurros.

Sussurros gentis.

"Você está bem. Respire fundo, conte até dez. Volte para mim, eu sei que consegue."

Minha respiração faz tudo doer, mas me esforço para seguir os comandos. Respiro profundamente, tentando me acalmar. Sigo o tom doce da voz; me seguro nela como uma âncora.

"Quatro..."

A contagem já está no quatro, e tento acompanhar. Aos poucos, tudo se torna nítido novamente. Sinto o espaço ao meu redor e só então percebo que minha visão está escura porque minha cabeça está afundada contra os ombros rígidos de alguém. Meus cabelos balançam suavemente porque suas mãos estão me acariciando, e a voz gentil e doce é a de Lee Minho.

O Eterno Fim - Minsung Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora