Por detrás da porta.

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Olá, meus amores!
Venho informar que esse capítulo aqui vai ter um pouco de gore. Se você não gosta... por que diabos você ainda está lendo Eterno Fim? Bom, se quer algo mais levinho com lágrimas e unicórnios, vai ler My Dearest Friend que é só frufru e drama adolescente (sim, estou fazendo meu mercham).

Boa leitura :D

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    ᪶◗ Capítulo Doze: Por detrás da porta.

O ranger de um balanço é uma das coisas mais simples e monótonas do dia-a-dia comum, um som insignificante entre tantos outros. No entanto, esse som tornou-se uma satisfação pessoal minha; o ranger de metal enferrujado, sempre no mesmo tom, sempre enferrujado.

O ranger vem junto à imagem simples de uma praça com crianças e árvores. Acompanha meu irmão mais velho comprando sorvetes e as palavras do meu pai sobre o cotidiano. É monótono, simples e insignificante.

Sinto falta da insignificância e do simples.

Sinto falta da minha vida ser apenas mais uma e não uma das poucas que restam. Sem o balanço, sem a ferrugem, o dia se torna cinza novamente. Não há praça nem lembranças. Há sobreviventes em uma escola aos pedaços, grunhidos de crianças mortas e, melancolicamente, uma menina com assombrações nas costas: Hannah.

Hannah parece ter muito a dizer, mas ao mesmo tempo, parece ser só mais uma sobrevivente fodida e traumatizada.

Todos nós temos muito a dizer.

Mas Felix não.

Felix aparece silencioso como sempre, se ajeita no balanço ao lado e me olha gentil. Quero perguntar o porquê dele ser tão calado quando na missão foi uma pessoa bem mais comunicativa. Minha cabeça supõe mil coisas ao mesmo tempo, e eu quero perguntar se sua mudez é por conta de Bang Chan ou, até mesmo, de Seungmin. Felix nunca se junta a ninguém. Está sempre com Hannah; poucas vezes vejo ele com Changbin, mas ele sempre mantém um espaço seguro entre eles.

Minha boca está seca, tento engolir saliva para suprir a necessidade. Changbin avisou que tínhamos pouco no estoque, e toda vez que me aproximo para pegar uma das poucas garrafas, Bang Chan me encara furiosamente, como se fosse uma afronta eu estar pegando os seus suprimentos.

Não durou sequer um dia a minha ilusão de ter um espaço aqui. Talvez eu só devesse seguir os planos insanos de Minho e ir atrás daquele maldito código morse.

Uma garrafa de água é estendida em minha direção. Felix sorri docemente, eu não nego a atitude e aceito a garrafa de bom grado. Abro a tampinha e bebo dois goles, apenas para molhar a boca seca.

Hannah se afasta dos portões e se aproxima, seus passos são lentos e arrastados. Seus dedos se enrolam entre as correntes do meu balanço, e ela apoia a cabeça ali.

— Você está aí há um tempo. — Eu inicio o diálogo, e Felix começa a se balançar ao meu lado.

— Eu gosto daqui.

— Mesmo com as crianças mortas? — Aponto para a janela ao lado.

— A esse patamar, acho que todos nós já estamos acostumados com crianças mortas. — Ela dá uma risada soprada. O silêncio que surge entre nós retorna.

O Eterno Fim - Minsung Where stories live. Discover now