Destroços de tempos virtuosos

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    ᪶◗ Capítulo Quatro: Destroços de tempos virtuosos.

— Bom, está com fome? — Hannah quebrou o silêncio do ambiente, sorrindo amigável para mim.

Aquela pergunta reflete instantaneamente no meu estômago, me fazendo lembrar que não como nada a dias. Eu concordo e ela me chama para segui-la com um aceno de cabeça sútil. Eu me levando e quando dou meu primeiro passo, percebo que irei deixar Minho sozinho com eles.

Jeongin parece notar meu receio e me assegura amigável.

— Vou te avisar caso aconteça qualquer coisa.

Eu não sei se posso confiar totalmente em suas palavras, mas estou faminto e não tenho muitas escolhas. Começo a seguir Hannah e percebo Felix ao nosso alcanço, ele tinha as mãos atrás das costas e andava tranquilamente, dando soaves pulinhos. Ele percebe meu olhar sob si e sorri adoravelmente, eu acabo não retribuindo, estava tenso demais para poder esboçar alguma coisa que não fosse um cenho franzido.

Hannah me leva para uma nova sala de aula, onde ela empurra a porta de correr e consigo visualizar uma mesa repleta de latas e várias garrafas de água. A visão faz minha barriga roncar alto o suficiente para retirar risadinha de Hannah.

O lugar está bem mais iluminado do que o outro em que estávamos. No centro da sala, havia duas fileiras de mesas viradas de frente uma para outra, simulando uma grande mesa de jantar. Havia oito cadeiras no geral, e uma pequena plantinha estava no centro dela.

Ela caminha até a mesa de suprimentos mais ao fundo da sala, e a sigo em silêncio.

— Essa é a cozinha do Zé pequeno. Ela só se chama assim porque o Zé pequeno não cozinha nela, porque se cozinhasse, tudo isso aqui já teria pegado fogo. — Brincou bem-humorada, e Felix se aproxima da mesa, pegando uma latinha e uma das colheres de plástico que estavam por perto. Estende ambos os itens para mim. — O cardápio da cozinha é bem variado, temos feijão enlatado ou enlatado de feijão. Você escolhe.

Pego os dois itens e Felix caminha até a pseudo mesa de jantar, arrastando delicadamente a cadeira para que eu me sentasse. Assim o faço, e ambos sentam também, cada um de um lado do meu corpo. Não faço muitas cerimônias e abro o enlatado, pegando uma quantidade generosa do conteúdo e enfiando na boca. Era só feijão, mas após tantos dias sem comer, era quase como uma ceia de Natal para o meu estômago.

Alguns segundos se passam comigo completamente focado no enlatado, até que percebo dois pares de olhos muito focados em mim. Me afasto lentamente da lata, ainda com a comida dentro da boca, e troco o olhar entre Felix e Hannah que me encaram com atenção.

— É por isso que o Zé bonitinho te chama de rato — Hannah comenta, apoiando o rosto nas mãos, e minha resposta vem como um "Hm?" grunhido, por ainda estar com a boca cheia. — Você tem bochechas fofas e ainda acumula comida nelas, parece um hamster... oh, não! Um esquilo! Quando eles colocam as nozes nas bochechas!

Franzo o cenho com a comparação estranha e logo em seguida sinto um dedo afundar na minha bochecha, olho julgador para Felix que apenas sorri novamente.

Por fim, ignoro aquela parte da conversa e engulo a comida, raspando o resto que sobrou da latinha. Felizmente, me sentia satisfeito.

— Quer conhecer o lugar? — A garota questiona ao se levantar da cadeira, e eu dou de ombros.

— Não acho que vou ficar muito tempo.

— Vai sim. O Chan é um pouco estressado, mas Changbin consegue lidar com ele facilmente. — Se aproxima dos janelões amarelados da sala, focando seus olhos em alguma parte do horizonte — A gente passou por muita coisa, mas quem não passou a esse patamar, não é?

O Eterno Fim - Minsung Where stories live. Discover now