Capítulo XXXVI: jantar em família

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A máscara arrogante e debochada de Tristan cai assim que paro de falar, ele flexiona sua mandíbula com força, rangendo os dentes com raiva.

" Vai dizer que não sabia que seu pai era envolvido com a resistência?"

" Eu sabia que ele era um demônio, apenas não sabia o quanto. Ele era um neuro poderoso, eu nunca sabia o que era verdade ou não. Desde pequeno, ele usava seus poderes em mim, para que eu nunca soubesse se as coisas haviam realmente acontecido, ou eram frutos da minha imaginação" Seus olhos piscam tristes com as lembranças, mas logo a tristeza desaparece " Eu demorei para desenvolver meus poderes por causa disso, apenas consegui saber o que eu era, quando me mudei para cá."

O silêncio toma conta do escritório, todos nós estamos digerindo toda essa história.

Tristan nunca foi de se vitimizar, nem antes, nem agora. Ele conta isso como se fosse algo simples, mas o que seu pai fez é crime. O conselheiro deveria ter sido preso há muito tempo.

Por isso, não sinto remorso algum em ter me banhado com seu sangue podre.

Eu deveria ter arrancado sua cabeça com mais calma, aproveitado mais o momento, mas estava com pressa para chegar a Meg.

Meg.

Ainda temos muito a conversar.

Todos aqueles dias naquela cabana, não foram o suficientes para me satisfazer com a presença dela. Nem perto disso.

" O garoto está falando a verdade" Paul, o pai da minha companheira, entra no escritório sem ser convidado " E não... não esperei convite para entrar. Não existe privacidade nesta família, muito menos segredos. Aprendam isso o quanto antes, apenas assim o vínculo de vocês dará certo" ele arqueia uma sobrancelha " Vocês precisam estar todos, sempre bem informados, com o que acontece com seus companheiros. Então parem com essas diferenças, não interessa quem é o mais velho, mais rico, ou mais poderoso, para o vínculo, todos vocês são iguais, a importância será a mesma, até mesmo para com o filho do traidor..."

Eu entendo muito bem a mensagem que o pai neuro da minha companheira quer transmitir aqui. Não é algo que está em nosso controle e sim da essência do vínculo.

Antes éramos unidos, quando tínhamos o propósito de encontrar Meg, mas desde que ela voltou, estamos divididos, cada um com suas perspectivas, personalidades e frustrações.

Eu mesmo, admito não estar ligando para as vontades dos outros companheiros do meu vínculo, mas neste momento, não sei se isso é o melhor para ela.

As vezes, temos que escolher nossas batalhas, e uma contra os outros quatro homens, que são tão poderosos quanto eu, não é algo inteligente a se fazer agora.

" Não sei como vocês estão surpresos por meu pai ser um sádico, que tortura e mata seu próprio povo. O conselho sempre soube o que ele fazia com as minhas mães e nunca o impediram."

Ele tem um ponto aqui, o conselho nunca se intrometeu na vida pessoal dos seus integrantes, parece que isso ficou completamente reservado a meu irmão e nosso vínculo. A misoginia velada, com a desculpa do vínculo, obrigou inúmeras mulheres viverem um inferno. Veja bem, o vínculo nos torna impulsivos para com nossas companheiras, mas nada justifica usar seus poderes contra sua própria mulher. O tanto que desejamos matar qualquer um que ouse chegar perto dela, é o mesmo que a repulsa em se quer pensar em machucá-la.

RED: uma história de harém reversoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora