CAPÍTULO 38

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- Como você tá se sentindo sobre isso? - Ayla perguntou se encostando de braços cruzados em um dos diversos armários daquele vestiário, quebrando o longo silêncio que existiu entre o casal durante o pequeno caminho das arquibancadas até ali.

- Sobre a Anny? - Ayla balançou a cabeça, vendo a maior vasculhar o próprio armário atrás de seu uniforme. - Me sinto meio merda por não ter escutado o lado dela antes... se eu soubesse que ela não é culpada talvez as coisas fossem diferentes.

- Talvez você tivesse raiva de mim antes e nós não estivéssemos juntas agora, mas vocês ainda seriam amigas... - A fala da ruiva saiu num tom um tanto pensativo, da mesma forma que seus ombros encolheram e seu olhar baixou.

- Tsk, você sabe que a raiva nunca seria um empecilho pra nós duas, não diz isso... - seu tom cheio de desgosto pela última fala de Ayla se esvaiu quando finalmente fechou a porta do armário e viu o rosto tristonho dela, os olhos escuros estavam brilhantes e estrelados, mas dessa vez pelas poucas lágrimas que se acumulavam por ali, a Jackson não gostava quando era assim. - Ei, o que foi ruiva? O que você tem?

Ela se aproximou rapidamente da Salles, deixando suas roupas no banco de madeira para que suas mãos estivessem livres para puxar o rosto dela em sua direção, emoldurando o contorno bonito da mandíbula da menor com as duas mãos. Consequentemente, Ayla teve que levantar o rosto para encarar a expressão preocupada de Maya, coisa que certamente não queria, se sentia mal de encará-la depois de tudo.

- Você tá com raiva de mim agora? - Ela disse de modo choroso, fazendo Maya franzir as sobrancelhas e balançar a cabeça negativamente com um certo desespero - Você percebeu que eu armei tudo aquilo e destruí sua amizade, é claro que você tá com raiva May!

- Não, Ayla - Seus polegares acariciavam os lábios rechonchudos dela que estavam cobertos apenas por um hidratante labial avermelhado, com o intuito de que ela parasse de dizer aquelas besteiras e qualquer coisa a mais - Sim, eu sei que você armou tudo aquilo, mas eu não sinto raiva, não consigo sentir... ainda mais quando eu tenho certeza absoluta de que foi seu eu do passado que pensou em tudo aquilo, eu sei que você não faria nada disso comigo agora.

A presidente mordeu os lábios engolindo seco, balançando a cabeça positivamente para a fala de Maya, não era como se acreditasse cem por cento, mas queria confiar nas palavras de sua ficante.

Com isso, Stella suspirou aliviada, deixando um beijo demorado na testa de Ayla, para logo em seguida distribuir vários outros pela lateral da cabeça e pelos fios cor de cereja dela, enquanto seus braços agarravam o corpo magro e curvilíneo dela.

- Nada vai mudar por causa dela ou de qualquer outra pessoa? - De forma abafada por estar com o rosto sobre o pescoço de Maya, Ayla a questionou. Não era muito difícil para ninguém reparar que essa certamente era a maior insegurança da Salles, ser trocada, abandonada ou então traída.

Com certeza ser traída era uma das piores coisas para ela, depositar todo seu amor, devoção e fidelidade em alguém para que ela simplesmente quebrasse sua confiança da forma mais suja possível, só de imaginar a situação, seu peito já doía.

E não conseguia nem queria imaginar Maya tocando outra pessoa, lhe trocando por amizades erradas, contando seus segredos, falando mal de si pelas suas costas ou qualquer tipo de traição assim, mesmo que no passado ela fosse bem galinha e certamente uma garota traiçoeira. Não conseguia vê-la fazendo isso agora que já estava tão apaixonada.

Esses pensamentos não deixariam de assolar sua mente mesmo que estivessem numa das melhores fases de um relacionamento: O início; Sua insegurança quanto ao passado de Maya ainda lhe deixava pensativa, principalmente sobre o acontecido com Melissa.

Sentimento ImensurávelWhere stories live. Discover now