~ Capítulo 27 ~

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Resolvemos voltar para casa depois de duas horas, já que Harvey começou a reclamar de dor de barriga por conta das bebidas quentes que ele tomou, e Brooklyn decidiu que voltaria também pois estava preocupado com Jack e queria entender o motivo de ele ter ido embora sem comentar nada com ninguém.

Me despedi de Rye com um abraço. Não, eu não iria beijá-lo depois de ele passar a noite inteira bebendo. Um abraço era o suficiente.

– Vejo você amanhã? – Ryan me pergunta andando um pouco desequilibrado. Ele parecia não ter controle algum sobre suas próprias pernas.

– Claro... Melzinho – comentei com uma risada sincera, já que ele  havia passado a noite inteira pedindo para que eu o chamasse daquela forma. Ele riu, me deu um rápido beijo na testa e foi embora. Mikey o levaria para casa essa noite.

Cheguei em casa e subi para meu quarto sem prestar atenção se Brook já havia ido para o dele ou se havia ficado na cozinha para pegar algo na geladeira. Sim, ele costuma fazer isso muito de madrugada, mesmo que Rosie já estivesse alertado a ele que meu pai não iria gostar nenhum pouco de pegar ele no flagra fazendo algo assim.

Peguei meu notebook e entrei no site da faculdade de Nova Iorque, a NYU. Quando me mudei para lá sempre ouvia muitas pessoas falando sobre essa faculdade, e eu, com meu sonho de se tornar um futuro redator, sempre quis fazer minha faculdade de jornalismo naquele lugar, mas quando eu entrei no site ainda não havia nenhuma atualização sobre minha inscrição, então eu apenas desliguei o notebook e fui dormir, amanhã é outro longo dia.

Já no dia seguinte, ao atravessar o portão daquele colégio, pude notar Jack e Brooklyn andando de mãos dadas, eles pareciam felizes e isso me deixava muito feliz também, embora eu ainda tenha medo que meu irmão acabe se decepcionando e percebendo que algumas pessoas a sua volta não são tão legais como ele pensa.

– Por que essa cara de preocupado? – pergunta uma voz muito familiar atrás de mim, me fazendo deixar escapar um enorme sorriso.

– Bom dia, Rye – dei um beijo rápido nele – Como você está?

– Melhor agora com você – ele responde conseguindo arrancar uma risada sincera de mim. Eu amo esse garoto – Brook e Jack estão namorando agora?

– Pra ser bem sincero, eu não sei – respondo me levantando para ir em direção a minha sala – Mas eu espero que sim.

– Eu também – ele diz olhando seu celular – Te vejo mais tarde? – eu assinto com a cabeça e ele vira de costas para ir a sua sala, provavelmente estava atrasado... De novo.

Foi ali, olhando Ryan indo embora para sua sala apressado, que eu me dei conta de que talvez a ideia de fazer uma faculdade em Nova Iorque não fosse a melhor ideia. Mas era esse o meu sonho, não era? Por que agora ficou tão difícil decidir o que era melhor para mim?

Entrei na minha sala e logo vi Harvey sentado em um canto sozinho, então me apressei em sentar à seu lado.

– Bom dia, Harvey – digo quando me sento – Está melhor da dor de barriga?

– Bom dia – ele respondeu sorrindo – Estou sim, meu pai comprou um remédio para mim depois de Mikey me deixar em casa e contar para ele o que houve.

– Seu pai parece ser um cara legal.

– Ele é – comentou o loiro – Trabalha como professor a muitos anos, ele me ensinou tudo o que eu sei.

– Acho que vou aproveitar para ter aulas com você sobre sociologia, eu sou péssimo nisso – comentei com uma risada. Para mim, sociologia é a pior matéria já inventada, e olha que eu também não sou muito bom em matemática.

– Que faculdade você pretende fazer? Eu quero fazer música, aqui mesmo em Londres – ele parecia muito feliz falando sobre sua faculdade que eu até me esqueci de que a minha ficava tão longe da dele.

– Quero fazer jornalismo – comentei simples, embora fosse esse meu sonho – Na faculdade de Nova Iorque.

– Nova Iorque? Isso não fica a uns 5.000 quilômetros de distância de Londres?

– Sim, eu sei que é longe – suspirei – Mas é o que eu quero fazer.

– O Rye sabe disso? – eu poderia até ter respondido a sua pergunta, mas o professor entrou na sala e eu não consegui responder.

Sei que eu deveria contar sobre isso para o Rye, mas o medo de como ele vai reagir tá me matando. Eu amo o Rye, de verdade, e eu realmente não quero o magoar.

A aula de biologia parecia sem graça e irrelevante quando eu pensava o quão longe das pessoas que eu amo eu estaria ao se mudar novamente para Nova Iorque. Ninguém sabe sobre esse meu desejo, nem mesmo Brooklyn.

Sinto que minha vida agora está sendo rodeado por preocupações. Primeiro, me apaixonei por um garoto e descobri ser bissexual, segundo, o drama que meu irmão fez ao descobrir sobre isso. Ah, e claro, também não foi nada fácil ter que me assumir para meu pai, já que eu não sabia como ele iria reagir e também ainda estava muito confuso sobre tudo. E agora isso, a faculdade.

O dia na escola hoje até que foi bem tranquilo, tirando pelo seminário que o professor de biologia pediu, mas eu me preocupo com isso mais tarde.

Estava saindo da escola acompanhado de Rye e vendo o mesmo olhando para todos os cantos da escola a procura de Brooklyn.

– Está procurando o Brook, garoto? – comentou a voz enjoada de Sophie, nos fazendo virar para ela.

– Isso não é da sua conta – respondi simples, não me importava se iria ser grosso com ela.

– Não que isso seja da sua conta também, mas seus pais vieram buscar ele e aquele tal de Jack – ela comenta fazendo cara de nojo ao citar Jack – Aparentemente eles descobriram sobre o relacionamento nojento que eles têm.

– Nojento é sua cara, oh perua mal amada – respondeu Rye olhando bem sério para Sophie. Adoro esse lado sem filtro do Rye.

– Perua mal amada? Seria uma pena se o papai também soubesse sobre vocês dois, não é?

– Não que isso seja da sua conta também, mas meu pai já sabe sobre nós – me sentia orgulhoso em dizer aquilo, poder assumir em voz alta que existia algo com o Rye era um enorme alívio.

– É uma pena que ele aceite tanta nojeira assim na família – eu sabia que algum momento ouviria coisas desse tipo, sabia que me assumir nem sempre seria tão incrível, mas não sabia que ouvir aquelas palavras iriam doer tanto em mim.

– Vamos embora daqui, Fovvs – Rye diz pegando meu braço e me puxando para algum canto longe de Sophie – Você está bem?

– Não – respondi rapidamente e o abracei. Normalmente eu tento não chorar, aprendi a ser assim desde a morte da mamãe, sentia que eu precisava ser forte por Brooklyn, mas naquele momento doeu saber que algumas pessoas poderiam me odiar apenas por eu ser quem eu sou, e eu tinha muito medo de que isso acontecesse com meu irmão também.

– Tá tudo bem, Andy. É apenas um dia ruim, não uma vida ruim – Rye comenta me abraçando bem forte para tentar me acalmar. Jurei para mim mesmo que não iria esquecer aquelas palavras de Rye, e que seria forte outra vez por meu irmão. Por mim.

Queria viver ali pra sempre no abraço de Rye, ele me traz segurança e me faz acreditar que não tem nada de errado em estar com ele. Podemos ser "nojentos" ou tudo o que essas pessoas dizem, mas o que sentimos é verdadeiro, e isso é com certeza sem preço.

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O Melhor Amigo do Meu IrmãoWhere stories live. Discover now