Capítulo XXXII: o carrasco

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O que sinto por Megan Redwood é tão doce, que me lembra o amor que sentia pela mulher que me deixou nas mãos de um psicopata, que adorava torturar seus próprios filhos.

É por isso que ela tinha que sair do meu sistema. Se não fosse esse maldito vínculo...

Charity foi uma ótima ideia no começo, estar com ela era como ter Fred Krueger arranhando um quadro negro em minha cabeça. Isso era seguro.

Raiva. Ódio. Angústia. Desespero.

Esses eram os sentimentos cujo me tornei acostumado a lidar.

Eu matei tantas pessoas que perdi até as contas, mas nenhuma delas me causou tanta satisfação, quanto arrancar a cabeça do homem que fez mal a minha companheira.

Nos campos de batalha, fiquei conhecido como " O carrasco", agora irei lembrar a resistência do porquê.

Sei que Meg me odeia. Eu mereço esse ódio.

Isso não significa que alguém irá machucá-la e sobreviver. Eu apenas não quero que ela veja quem realmente sou, o olhar de desespero e nojo quando ver o que minhas sombras e eu podemos fazer.

" Ace, não faça nada que possa se arrepender..."

Não deveria olhar para os olhos dela, não agora, nem assim. Seus olhos suplicantes me lembram o menino que tanto suplicava no passado. Eu lembro qual é a sensação de esperar por algo bom, uma reação justa, mas ela nunca vir.

" Sinto muito por decepciona-la, Meg, mas esse garoto terá o mesmo destino que seu pai"

Tristan solta uma risada animada, como se eu tivesse declarado algo maravilhoso, e não fosse uma ameaça a sua vida.

O garoto que tanto me identifiquei é mais forte do que pensei, mas não o suficiente para manter Megan e eu sob seus domínios.

Eu enxergava em Tristan os mesmo demônios que haviam em mim, de maneira mais desenfreada e inconsciente. Eu aprendi a lidar com meus demônios, Tristan soltava eles pelo mundo e sobrava para nós limpar a bagunça que isso deixava pelo caminho.

" Tristan não faça! Não tire isso..." Meg tenta manter as luvas negras dele no lugar " Não se atreva a usar os meus poderes contra Ace!"

Antes que ele possa tirar as luvas, minhas sombras o tomam, rasgando sua pele lentamente. Infelizmente, o herdeiro de Satanás, não grita como seu pai gritou.

" Pare!" o grito desesperado de Megan ecoa em minha volta, e uma dor profunda se instala em meu peito " Solte ele, Ace, por favor!" ela choraminga como se estivesse sentindo a sua dor.

Quando a vejo cair sob seus joelhos minhas sombras param de torturar Tristan, mas não o deixam livre.

" Por que vocês não podem ser normais? Por que esse vínculo maldito me uniu a dois psicopatas? Eu só queria viver em paz!" ela segura as duas mãos sob seu estômago, parecendo enjoada, quando seus olhos me encaram eu sinto meu coração despedaçar.

Ela estava sentindo dor por causa de Tristan.

Eu não poderia mata-lo sem machucá-la no processo.

Já machuquei tanto essa garota, que não sei se conseguiria continuar. Talvez, matar Tristan não seja uma boa ideia, se desejo o perdão dela.

Vejo o corpo cheio da minha companheira rolar pelo chão, como se sentisse alívio físico quando as sombras se afastam de Tristan.

Tristan está inconsciente, e assim devo mantê-lo até achar um jeito de sair daqui.

" Eu deveria arrancar a alma dos dois... eu juro... que irei... em algum momento... quando estiver recuperada..." Ela fala pausadamente enquanto tenta respirar " Merda, isso dói!"

Me aproximo para tentar ajudá-la, sua tosse está me preocupando. Será que isso é normal?

Me abaixo para poder segurar o corpo macio da minha companheira, mas ela me empurra sem muita força.

" Saia, eu estou cansada de vocês" ela murmura de olhos fechados.

" Meg, deixe eu te ajudar, você está fraca querida..."

" Que porra de Meg! Pare de me chamar assim, seu maldito."

Eu ignoro sua relutância em deixar eu tocá-la, sento ao seu lado e a puxo para meu colo.

" Eu posso matar você..." sua voz fraca sussurra contra meu peito.

" Eu sei, amor..."

Seus olhos estão ficando pesados, eu sei disso pela maneira como ela pisca, e também por ser a causa da sua sonolência. Eu preciso que ela durma para decidir o que vou fazer.

" Estou falando sério... eu posso matar vo... por que você está me chamando de amor?" Meg pergunta confusa, antes de seu corpo amolecer em meu colo quando ela entra em um sono profundo.

Eu suspiro encarando seu rosto sereno. Poderia morrer neste momento, com ela em meus braços. Eu busco as vozes dos demônios, mas todos eles estão em silêncio absoluto, as sombras estão atentas a Tristan, mas seus olhares curiosos buscam o corpo da mulher caída sobre mim.

Eu sei que os demônios estão sob o feitiço do vínculo, tanto quanto eu. De repente, a ideia de dividi-la com meu irmão e mais três homens me incomoda.

Talvez, eu devesse fugir com ela, ao invés de voltar para casa. Apenas talvez...

É exatamente isso o que eu faço.

Espero que ela não surte ao acordar e perceber o que eu fiz.

RED: uma história de harém reversoWhere stories live. Discover now