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Harry
(O caçador)

O julgamento

Eu só tinha teorias. Pedaços do quebra cabeça sobre a verdade de Noura. Recortes de jornal e um relatório de um médico legista antigo. Mas o medo de algo faz com que a verdade apareça muito mais rapidamente. Ameaçá-la, levá-la ao limite foi tudo o que foi preciso para que Noura me dissesse tudo que eu precisava saber. Ela assinou um monstro, seu pai.

Parece uma atrocidade tão grande admitir ser uma assassina, mas todos nós nascemos com um propósito. Alguns para serem médicos e salvar, outros para serem advogados e defensores. Então, o que há de errado com nossa vocação? O mundo está superpovoado e cheio de sujeira que precisa ser colhida. Nos dias de hoje, é uma vocação adequada.

É lindo. Uma forma de arte.

Descanso minha cabeça contra o encosto do banco, imaginando uma Noura mais jovem e mais livre fincando uma chave no pescoço de seu pai. A força necessária para fazer isso, poder absoluto, o desejo de matar. O homem que deu a ela a única vida que conheceu, e ela extinguiu a dele em um instante. Seu cabelo desgrenhado, a pele encharcada encharcada de suor, os olhos brilhando. E então o olhar sereno em seu rosto que se seguiu. O mesmo que eu vi quando seu corpo rolou com tremores de prazer.

— Meia hora até chegarmos no tribunal. — O oficial Michaels olha por cima do ombro. — Quando chegarmos so me dê uma desculpa para colocar uma bala na sua cabeça.

Ele diz isso mais baixo, só para que eu possa ouvir. Sua raiva honesta traz um sorriso ao meu rosto. Ele também foi feito para matar, mas negou a si mesmo essa indulgência. Em vez disso, escolheu uma profissão que o provoque, com o dedo no gatilho sempre à mão. Que existência dolorosa.

Me inclino em sua direção e ele fica visivelmente tenso.

— Quando chegar a hora, não será você quem terá esse prazer. — Não, Michaels não terá sua chance, porque muitos outros estão competindo por essa oportunidade.

Seus lábios se curvam em repulsa.

— Afaste-se. — Eu obedeço, voltando minha atenção para a janela. — Chegamos.

(...)

Meu advogado cutuca para olhar para frente enquanto caminhamos pela escada do tribunal. Repleta de espectadores e imprensa.

Ele entregou um terno preto e uma camisa branca esta manhã e ordenou que cortassem um pouco o meu cabelo. Como se minha aparência apresentável tivesse qualquer influência sobre o júri.

A boa aparência durou pouco tempo, as centenas de pessoas que me odiavam fizeram questão de me sujar com  sangue de algum animal morto.

Sorrio pelo paralelo com Noura. Tão parecidos.

O líquido não me abala. O que levou essas as pessoas a pensar que um pouco de sangue frio iria me afetar?

— Agora você está como merece, coberto de sangue! — gritou um dos homens enfurecidos.

Minha boca se abre e é imediatamente preenchida com o gosto metálico. Me aproximo do homem que se assusta com minha proximidade. Com seus olhos arregalados e cheios de ódio sobre mim, chupo o sangue dos meus lábios e dedos.

— Você é doente! Um monstro! O próprio demônio! — grita a multidão enfurecida.

Eu iria retrucar, assustar a casta população mais um pouco, mas fui puxado para trás com tanta força que perdi o equilíbrio.

— Ande logo, Styles. Não me faça enfiar uma bala na sua cabeça — Rosna Michaels.

(...)

The Huntsman | H.SWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu