Vinte

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Sua casa em Moscou continua a mesma, constato ao entrar no espaço. De repente sou invadida com lembranças do tempo em que fiquei aqui. Não consigo acreditar que agora estou aqui outra vez. Me lembro de tentar fugir para voltar para quem eu achava que me acolheria, para quem devia ser minha família, meu apoio e meu consolo.

Mas nada disso encontrei, só atrasei meu destino. Viktor me encontrou e me trouxe outra vez.

Desta vez, os funcionários estão mais visíveis, lembro do rosto de um ou dois, mas não dos nomes. Acho que agora que viverei aqui, conseguirei guardar seus nomes.

Viktor está ao meu lado, como um cão de guarda, me vigiando para garantir que eu não vá tentar fugir outra vez.

Parece que ele não sabe que eu simplesmente desisti de tentar, não tenho mais família e não posso colocar Marise em perigo fugindo o tempo todo dele ou de seu sobrenome e trabalho.

Além disso, preciso pensar no meu bebê e colocá-lo em risco está fora de questão. O mais sensato é aceitar o nome e o status que Viktor está me oferecendo, mesmo que eu não compactue com o que ele faça.

Nasci nesse mundo e sei que dizer que não gosto não mudará como tudo é. Não há como sair.

Então me viro para ele e lhe entrego um sorriso amarelo, quero que ele saiba que pode se afastar sem eu usar disso para fugir.

Ele me olha com seus olhos negros e tremo por dentro. Nada que demonstre uma emoção, nada que denote que ele entende o que estou sentindo.

Vestido em seu terno preto, ele aperta meu pulso. Me guiando até sua sala particular, sigo a ele, tentando começar a conhecer o local, quero me familiarizar outra vez.

Presto atenção no longo sofá de couro branco e nos quadros que compõem a sala de estar e o corredor até sua sala. Entrando no ambiente dou uma olhada ao redor, o lugar é perfeitamente organizado com tudo em seu devido espaço.

Corro os olhos pelas várias telas nas paredes e a enorme mesa tecnológica, enquanto Viktor me solta.

— Você pode se sentar, Ella. Quero falar sobre o nosso casamento.

Meus olhos se arregalam e fico tensa com a questão.
— Agora? — pergunto a ele.
— Sim, bambina, agora. — ele faz uma pausa e me deixa assimilar — Nosso casamento acontecerá em quatro dias.
—Isso é pouco tempo! — grito para ele — Ninguém se casa tão rápido assim.

— Quando se é virgem, não. Mas quando se está grávida, tudo o que se deseja é um casamento rápido e silencioso. E é o que o nosso será.

Assin que ele termina de pronunciar suas palavras, vergonha me inunda, eu sei que ser virgem é sagrado nesse mundo mafioso, mas nunca escolhi estar nele ou até mesmo segui-lo.

Mas vê-lo dizendo isso com tanto seriedade faz uma lágrima e depois outra e mais outra descer pelos meus olhos. Sei que não devo chorar, mas choro loucamente, mesmo que ele não goste disto.

Viktor vem até mim e se ajoelha na minha frente.

— Ella... — vejo um relâmpago de compreensão em seus olhos quando o encaro. — Não falo isso para te fazer sentir rebaixada ou humilhada. Mas não posso me dar ao luxo de questionarem um casamento depois de uma gravidez. Temos que aproveitar enquanto ele ainda é pequeno em seu ventre.

— Eu sei, — dou um longo suspiro enquanto tento limpar as lágrimas com o dorso da mão.— É só que eu não tive culpa.

— Se te faz melhor colocar a culpa em mim, tudo bem. Eu te vi e te quis, e mesmo depois que soube quem você era, continuei te querendo, e mesmo hoje, ainda te quero. Você é linda, perfeita e será a mãe do nosso filho. E não estou disposto a te perder.

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