Oito

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Ele ainda está do meu lado quando acordo, não acredito que fui capaz de ceder a Viktor tão facilmente. Cada vez que penso no nosso início vejo o quão irracional são meus atos. Se tivesse dito não para ele desde o início, talvez eu não tivesse aqui. Mas não posso ter certeza, não há como saber se ele me manteria presa por me considerar de interesse para o que quer que estivesse fazendo na Itália.

Penso nisso por um minuto, Viktor não me disse o que fazia tão perto ds minha casa. Não sou ingênua, cresci nesce mundo e sei bem como as coisas funcionam, ele estava ali para tramar algo contra a minha família e eu só estava no lugar errado.

Penso em Marise, será que ela foi embora sem mim? Ou será que meu pai colocou suas mãos nela. Preciso ir embora daqui e usarei esse jantar com a família de Viktor como oportunidade. Em algum momento fugirei sem que ele perceba. Vou precisar de ajuda para chegar na Itália, ainda lembro o número do telefone da nossa casa e posso ligar para lá, pedir para que me busquem.

Talvez eu seja interrogada, mas sou filha de Dom Morelli, ele tem que demonstrar alguma emoção por mim, tudo bem que sou a última pessoa que meu pai gostaria de ver, mas ainda sou sua filha. Ele me deve isso. E se não puder contar com ele, falarei com Luigi.

Nenhum dos meus irmão se importam muito comigo, mas Luigi é menos cruel que Mateo. Não gostaria de pedir nada a Mateo ou ao meu pai, mas Luigi pode ser a minha solução, ele me ajudaria a fugir se explicasse a situação para ele.

Viktor se mexe na cama, provavelmente acordando, fecho meus olhos e finjo dormir, é o que faço todos os dias desde que cheguei aqui, acredito que ele saiba da minha farsa, mas beija meu rosto e se levanta indo direto para o banheiro. Lá ele passa aproximadamente 15 minutos, e quando retorna está vestido totalmente de negro, seu cabelo penteado perfeitamente, e com um cheiro de colônia masculina.

Observo toda a sua movimentação e em alguns momentos ele ri sozinho, sei que é de mim, ele sabe. Levo o cobertor até o meu rosto e cubro todo o meu corpo.

— Não precisa ficar com vergonha, Ella. Se quiser meu físico basta abrir os olhos e te mostrarei. — escuto sua voz odiosa abafada por conta do cobertor.

A cama afunda do meu lado e sei que ele está lá, mantenho meus olhos fechados mesmo quando ele sem esforço algum retira o cobertor que segurei com tanta força. 

— Não se esconda de mim, pequena. Abra os olhos, Ella. — ao ver minha relutância, acrescenta.— Não pedirei outra vez.

Meus olhos se acostumam com a escuridão do quarto, as cortinas escuras impedem que a luz entre no quarto e este vira um lugar opaco, um breu.

— Boa garota.

Seus dedos percorrem meus lábios e começo a engolir seco com a sensação que se forma. Meu corpo começando a se acostumar com ele demonstra o claro desejo por ele, Viktor é experiente ao ponto de perceber e me pergunto com quantas mulheres ele já passou por isso.

— Eu te daria o que você quer, gatinha. Mas você já me atrasou demais.

Seu corpo se inclina e seus lábios encostam nos meus. Solto um suspiro longo quando ele me abandona.

— Estarei de volta no fim da tarde, fique tranquila.

Dizendo isso ele se levanta da cama e caminha em direção as cortinas, abrindo as duas grandes janelas a luz pode simplesmente invadir o local. Isso me desperta completamente e assim que meu carrasco fecha a porta eu me levanto.

Minha rotina consiste em ir até o banheiro fazer minha limpeza matinal, descer para tomar café em uma mesa enorme e sozinha, com funcionários silenciosos me olhando pelas costas. Depois subo e volto para o quarto, encaro o teto e desço para a biblioteca, que não me atrai já que muitos livros são russos, pego um sobre a história da origem do povo e subo outra vez para o quarto.

Fruto Proibido Where stories live. Discover now