Quinze - Parte 1

133 30 2
                                    

Acordo mais um dia correndo direto para o banheiro, o bebê não está me dando paz. Já fiz de tudo o que Marise sugeriu e sigo todos as especificações do médico.

Tento não me abalar ainda mais e começo a fazer minha higiene pessoal, me encaro no reflexo do espelho pensando em como minha vida mudou. Não sinto falta daquela casa ou daquelas pessoas, mas não posso negar que às vezes me sinto perdida.

Tenho medo o tempo todo, medo de ser descoberta por um rival da minha família ou não dar conta de cuidar de Marise, do bebê e de mim.

Saio do banheiro e visto uma roupa indo direto para a cozinha, onde Marise já está de pé e pronta para sair.

— Já está acordada, querida? Aconteceu alguma coisa? — ela questiona ao ver meu rosto abatido.
— Não aguento mais correr para o banheiro pela manhã. Ele não dá uma tregua. — digo manhosa, não é mentira, mesmo eu seguindo as dicas que me deram, nada parece aquietá-lo. O que me conforta é saber que logo logo entrarei no segundo trimestre e não passarei mais por isso.

— Vai passar, Ella. Como algo leve e descanse.
Balanço a cabeça em afirmação e pego uma fatia de pão e levo a boca.

O pão não tem gosto algum, mastigo porque sei que não posso ficar com o estômago vazio.

— Escuta, querida, Juan teve que ir até a capital e me pediu para ficar com María. Tudo bem por você?

— Claro que sim, Marise. Posso te acompanhar, se quiser.

— Não, não acho que seja necessário. Você pode ficar no conforto da nossa casa. Aproveite para fazer algo para você. — sua mão alisa meu rosto e sorrio com a possibilidade.

— Tudo bem então, farei isso.

Acompanho Marise até o sítio de Juan, ele ainda se encontra lá, esperando pela companhia para sua mãe.
Buenos días, señoras. — ele nos entrega um sorriso. Juan veste uma camiseta e um caseco por cima, sua roupa mostra a sua simplicidade, com os cabelos curtos e os olhos alegres, se mostra um verdadeiro homem.

— Volto amanhã pela manhã.
— Juan, gostaria de pedir um favor a você, estou precisando de um aparelho para cortar grama e como você está indo para a Capital, talvez você possa trazer um moderno para mim.

— Claro, Laura.
Fico feliz, e caminho para dentro da casa onde sua mãe se encontra.
Buenos días, María. — a cumprimento e ela me deseja o mesmo.
Eles nos acolheram, nos receberam em sua casa sem nem saber quem nós duas éramos. Me sinto mal em muitos momentos por mentir dessa forma para eles. Mas sei que não posso contar, eu estaria colocando eles em mais risco do que já coloquei em interagir com eles. Não suportaria. Apesar de Juan saber que algo no meu passado me traumatizou a ponto de virmos para cá, ele nunca me forçou a dizer nada e guarda suas suposições para si mesmo.

Assistimos de dentro de casa, Juan partir e em seguida começamos nosso dia juntas.

Marise e eu ajudamos María a comer e em seguida a acomodamos no sofá da casa para assistir TV, passatempo extra além dos livros que ela lê. Lembro que esse era um hábito meu que não realizo a tempos.
— María — ela se vira para mim — Posso ficar com um de seus livros para leitura?

— Claro que sim! Fique à vontade.

Passo as mãos pela estante não tão vasta, em busca de algo que possa me interessar. Encontro um sobre as primeiras civilizações da terra e me sento na cadeira com o livro acima dos olhos. Leio o texto avidamente e me perco em cada civilização da América que leio.

No cair da tarde, volto para casa sozinha depois de me certificar de que as duas mulheres ficarão bem.

Ao entrar na casa, acendo as luzes e caminho até o meu quarto, livro-me das roupas e ando até o banheiro, onde tomo um longo e delicioso banho, desfrutando de cada minuto da minha própria companhia.

Fruto Proibido Where stories live. Discover now