63•

352 35 5
                                    

                 JOSH BEAUCHAMP 🍷

  Até onde eu sabia, meu pai estava se mantendo longe da bebida. Eu me sentia extremamente grato por aquilo. Nunca mais queria vê-lo do jeito que ficou no hospital. Eu nunca tinha sentido tanto medo em toda a minha vida.

  Na tarde de quinta-feira, fui até a oficina e senti um nó no estômago ao ver meu pai em uma escada arrancando o letreiro da oficina dos Beauchamp da fachada.

  —pai, O que você está fazendo? -perguntei, indo até Elem

  —fechando a oficina -respondeu ele.

  —o que? Como assim, fechando a oficina?

  —é exatamente o que acabei de falar. -o letreiro caiu no chão e meu pai desceu da escada. —eu vendi a oficina -resmungou ele, entrando, deixando me perplexo.

  —você andou bebendo? Você não pode simplesmente desistir de tudo -argumentei, entrando atrás dele.

  —na verdade -disse ele, dando de ombros —eu posso fazer exatamente isso. Eu vendi a oficina, a casa, o terreno e todo o resto.

  —você está de sacanagem! Você vendeu a minha casa?

  —bem, não é mais sua.

  —para quem você vendeu? Eu vou pegar de volta. É óbvio que você não está bem. Você passou por muita coisa nesses últimos semanas, e você está confuso.

  —Nao. Pela primeira vez em muito tempo eu estou pensando de forma Clara.

  —Mas...

  —que tipo de arte? -perguntou ele, pegando-me de surpresa.

  —Hã?

  —que tipo de arte você gostaria de estudar? Para onde você iria para aprender diferentes técnicas?

  —Você precisa descansar.

  —eu já dormi o suficiente. Agora, vem aqui. -ele fez um gesto para eu me aproximar, e eu hesitei. —venha logo, filho, eu não tenho o dia todo. Venha aqui.

  Ele me entregou um cheque de uma quantia absurda.

  —O que é isso? -perguntei.

  —a sua parte da venda. É claro que você ainda não vai ver a cor do dinheiro até o pagamento sair e a documentação for feita e esta merda toda, mas é o suficiente para você viver por um ano ou mais.

  —como assim?

  —você está livre Joshua -declarou ele, abrindo um meio sorriso. —vá se encontrar.

  —pai, você está sendo ridículo. Sei exatamente quem está por trás disso, e vou resolver tudo. Não se preocupe.

  Antes de ele ter a chance de responder, eu já estava a caminho da casa de Priscila Soares. Estava claro que ela estava por trás da compra da nossa propriedade. Ela vivia insistindo que queria ampliar a igreja. A situação tinha o nome dela carimbado.

  Respirei o fundo enquanto aguardava que ela abrisse a porta.

  —Joshua? O que você está fazendo aqui? -perguntou, confusa.

  —você realmente não conseguiu se controlar, né? -gritei, sentindo a respiração ofegante.

  —eu não sei do que você está falando.

  —não banque a idiota. As nossas terras a oficina do meu pai -expliquei. Ela arqueou uma das sobrancelhas. —ele vendeu tudo para você e para a igreja.

  —o que? -perguntou ela, pasma. —desculpe, mas eu não sei do que você está falando...

  —pare com esses seus joguinhos e seu fingimento.

  —ela não está fingindo. -interveio o marido, indo até a varanda. —ela não teve nada a ver com isso. O negócio foi feito entre mim e Ron.

  —o quê?

  —ele me procurou na igreja na outra noite e me perguntou se a oferta que Priscila tinha feito ainda estava de pé. -explicou-me ele.

  —porque ele faria uma coisa dessas? Por que você deixou que ele fizesse uma coisa dessas?

  Ele  baixou o olhar e cruzou os braços.
  —ele me procurou e me disse que estava cansado de sentir tanto ódio. Que estava fácil de estar sempre zangado e que se continuasse naquela propriedade, o ódio ia continuar dentro dele. Então, ele queria se livrar de tudo. Mas queria se certificar de que você tivesse dinheiro suficiente para sobreviver sem a oficina. Eu entendi isso também. Querer se livrar de todo o sofrimento do passado. Eu só pedi uma coisa em troca de fechar o negócio.

  —e o que foi?

  —reabilitação.

  Senti um aperto no peito.
  —reabilitação?

  —isso. Ele vai passar um tempo em uma das melhores clínicas de reabilitação dos Estados Unidos. Vai receber o melhor tratamento feito pelos melhores médicos nos próximos meses. Vai ser difícil para ele, mas ele concordou. Seu tio disse que vai levar a clínica nesta quinta-feira.

  Reabilitação.

  —ele vai mesmo?

  —vai.

  Sem dizer mais nada, dei um forte abraço nele.

  Tudo que eu sempre quis foi que meu pai recebesse ajuda. Tudo que sempre quis foi que ele encontrasse um caminho para sair da escuridão.

  —obrigado -sussurrei, emocionado. —muito obrigado.

Shame -BEAUANY (Adaptação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora