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     Joshua Kyle Beauchamp📍

  Any era diferente de tudo que eu tinha aprendido a acreditar sobre ela no passado. Era boa, Gentil, engraçada e o completo oposto da mulher esnobe, grosseira e egoísta que eu havia acreditado que fosse.

  Isso foi difícil de aceitar.

  Quando te ensinam a odiar um estranho a sua vida toda, é uma lição de humildade perceber que você perdeu tanta energia odiando ao que nem era real.

  Any Gabrielly Soares estava trilhando o caminho de auto descoberta enquanto eu estava trilhando o caminho de apagar meu julgamentos sobre quem eu tinha achado que ela era.
  Enquanto ela aprendia sobre si mesma, eu aprendia sobre ela também.

  Any era estranha, corajosa, despedaçada e, ao mesmo tempo, inteira. Eu nunca havia conhecido alguém que tinha sido despedaçado e, ainda assim conseguia se manter inteiro.

  Para ser sincero, eu gostava dela.

  Isso era estranho também—tipo eu gostar de uma pessoa. Eu não sabia muito bem o que aquilo significava. Se aprender alguma coisa sobre sentimentos, era que eles não faziam o menor sentido. Então, eu minha mantinha ocupado na oficina. Quando minha mente estava mergulhando no motor de um carro e a música soando pelos sonhos de ouvido, eu conseguia me desligar do mundo a minha volta.

  Consegui afastar a imagem dos olhos dela no meu pensamento um instante de cada vez.

  Quando ouvir a sineta da porta da frente soar, tirei o sonho de ouvido e olhei para a frente da loja. Havia um homem de terno parado ali com as mãos enfiadas nos bolsos. Tucker foi até ele, abanando o rabo como sempre fazia, para cumprimentar o estranho.
  O cara empurrou o Tucker com a perna e disse para ele cair fora.

  Fiquei tenso. O cara já tinha despertado o meu pior.

  Fui até ele e arquei uma das sobrancelhas.
  —estamos fechados.

  —O quê? A placa disse que vocês estão abertos. -comentou ele.

  —pois é. Mas você empurrou o meu cachorro. Então estamos fechados e você pode dar o fora e levar o seu carro para outro lugar.

  —eu não estou aqui para falar sobre carro. Estou aqui para falar sobre a Any -declarou ele. —eu sou o marido dela, Noah.

  —não estou nem aí. -respondi secamente.

  —como é?

  —eu não estou nem aí para quem você é. Você empurrou o meu cachorro então dá o fora daqui.

  —cara, esse cachorro mal está se aguentando em pé. Eu provavelmente fiz um favor a ele.

  —você está tentando morrer hoje, ou é só imbecil mesmo? Sai fora.

  Ele não saiu.

  —preciso que você fique longe da Any -declarou ele.

  —Estou farto de as pessoas virem até a minha oficina para me dizer o que fazer.

  Noah parecia bem o tipo de babaca com quem Any se casaria. Ele está parado ali como se fosse cheio da grana, usando um terno que provavelmente tinha custado mais do que todo o meu guarda-roupa. Se aquela princesa fosse se apaixonar um dia por um homem, ele seria aquele cavaleiro de armadura brilhante. Ele e eu era um diferente de quase todas as maneiras possíveis.

  Não pude deixar de me perguntar como Any havia tomado o meu rumo.

  —veja bem -começou ele. —ela e eu estamos tentando resolver as coisas entre nós.

  —você comeu a melhor amiga dela. Acho que isso significa que não tem mais jeito.

  —não haja como se entendesse toda a história quando você só conhece alguns capítulos.

  —eu não estou nem aí para a história. Não estou nem aí para você.

  —cara, você está mexendo com a cabeça dela. A família dela está preocupada. Eu estou preocupado. Ela não está agindo como de costume.

  —Talvez isso seja bom.

  —não é -gritou ele. Obviamente, meu comentário o irritou. —ela nunca ia se apaixonar por um cara com você.

  —um cara como eu?

  —você sabe... -as palavras morreram em sua boca e ele deu de ombros. —você não é o tipo dela.

  —ela deve gostar mais de traidores babacas.

  —não haja como se você conhecesse a mim ou a minha mulher. Nós já passamos por muito mais coisas do que você possa imaginar. Então, faça-me um favor e fique bem longe dela.

  —Não.

  Ele arqueou uma das sobrancelhas.
  —como é?

  —ela é adulta. Acho que é capaz de fazer as próprias escolhas. Agora, deu o fora da minha oficina antes que você não consiga mais sair sozinho.

  Ele soltou um assovio baixo.
  —você é bem nervosinho, não é? Tudo bem. Estou indo. Mas, se você for esperto, vai se manter bem longe da Any.

  —Eu nunca fui conhecido por ser esperto. -retruquei.

  Ele assentiu e se virou para ir embora. Antes de partir, olhou para Tucker.

  —você deveria pensar seriamente em sacrificar esse bicho. Chega a ser desumano mante-lo vivo dessa maneira.

  Ele abriu a porta e foi embora, mas não antes que suas palavras atingissem minha alma em cheio.

  Fui até Tucker, que tinha voltado para sua caminha, e acariciei sua cabeça.

  —você é um bom garoto, Tuck -declarei, fazendo carinho atrás da orelha dele. Minha voz falhou, e eu avaliei sua inscrição cansada.

   Você é um bom Garoto.

Shame -BEAUANY (Adaptação)Where stories live. Discover now