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          ANY GABRIELLY SOARES 🌹

  —Mae, você disse alguma coisa para o Josh hoje? -perguntei, entrando na sala.

  —que bom vê-la também, Any Gabrielly. Estou feliz de ver que ainda se lembra do endereço de casa. Se você ao menos pudesse se lembrar do caminho da igreja então tudo ficaria bem -comentou ela com sarcasmo.

  —mãe. Você conversou com o Josh hoje?

  —Any...

  —diga a verdade. -o lábio inferior dela tremeu. Meu coração afundou no peito. —mãe, como você pôde?

  —olhe para você, Any Gabrielly. Você não é assim -disse ela, fazendo um gesto para mim.

  —eu gostaria que as pessoas parassem de me dizer isso.

  —mas é a verdade. Você não é assim. E está agindo de maneira estranha há muito tempo. Eu falei com ele porque amo você. Eu dou a maior força para você se descobrir. Mas Joshua Kylle Beauchamp não é o caminho para isso.

  —você não pode fazer essa escolha por mim. Você não pode controlar a minha vida. Mas Josh nem quer mais falar comigo. O que foi que você disse para ele?

  —não importa.

  —mãe, por favor, me conte.

  Mas ela não contou. Ela não abriu a boca para me dizer a verdade. Eu nem consegui imaginar o que ela poderia ter dito que pudesse pelo feito se afastar daquele jeito, torná-lo tão frio comigo depois de ter se derretido por mim.

  —para mim, basta. Estou farta dessa cidade, desse estilo de vida e estou farta de você, mãe. Toda a minha vida, tudo que fiz foi tentar deixá-la orgulhosa de mim e a única vez que me coloquei em primeiro lugar, você me deu as costas. E o tempo todo declarando o seu amor por mim. Isso não É amor, mãe. Isso é manipulação. E a minha mente não é mais sua para você controlar.

  —An...

  —eu nunca mais quero ver você.

  —você não está falando sério -retrucou ela. —eu sou sua mãe.

  —Nao. Você é apenas a mulher que me pariu. Não é minha mãe.

  Eu me virei e fui embora, sentindo-me cada vez mais sozinha. Quando cheguei a casa de Nour, comecei a arrumar as malas. Não me restava mais nada em Chester, Geórgia.

  Eu ia alugar um carro e sair de lá num piscar de olhos.

  —Any? -chamou Nour, entrando no meu quarto. —o que está acontecendo? Acabei de receber uma ligação meio desesperada da mamãe. Você está bem?

  —estou indo embora

  —o que? Por quê? O que foi que aconteceu? -a voz dela estava assustada, enquanto ela se aproximava de mim. —fale comigo.

  —não posso. Só preciso ir embora. Vou alugar um carro e voltar para Atlanta e alugar um canto por uma semana até poder me mudar para o meu apartamento. Eu só não posso... -respirei fundo. —eu não consigo respirar aqui.

  —está bem. -ela assentiu. —eu vou com você. Vou dirigir.

  —o quê? Não. Nour, você não precisa fazer isso. Eu posso ir sozinha.

  —sei que pode, mas não vai. Eu vou dirigindo.

  Ela não me deixou discutir, e, antes que eu me desse por mim, minha bagagem já estava arrumada no porta-malas do carro dela.

  Passamos pelas ruas de chester e paramos no sinal perto da oficina de Ron.
  Conseguiu ver Josh marretando o carro quebrado do outro lado da oficina. Quando ele ergueu o olhar, meu coração palpitou.

  Nour se virou para mim.
  —você quer se despedir? -perguntou ela.

  —não -respondi, porque mesmo que minha mãe tenha dito alguma coisa para ele, foi uma escolha dele ter ficado frio comigo. Ele podia fazer aquela escolha, como todos os seres humanos podem. Nossas escolhas nos define. Nós podíamos ir para a direita ou para a esquerda. Podíamos dizer sim ou não. Podíamos segurar ou soltar. Josh escolheu soltar e, como resposta eu só poderia fazer o mesmo.

  Ele e eu passamos um verão de desejo. De descobertas sobre nós mesmos. De nos perdemos um no outro. De encontrarmos um ao outro. De perdermos um ao outro.

  Mesmo que tivesse acabado, eu não me arrependia de nada. Se pudesse voltar no tempo, eu caia nos braços de Joshua Kylle Beauchamp porque, para mim, ele representava possibilidade. Ele significava que mesmo nos dias mais sombrios, ainda era possível encontrar a luz. Durante aquele verão, ele se tornou a minha fé, e eu podia jurar que, por um breve momento, eu fui a dele.

  No porta-malas escuro do Honda de nour, havia malas descasadas, gastas e rasgadas. Cada uma delas levava um pedaço de mim. Cada uma contava uma história da mulher que eu tinha sido e da mulher que eu estava me tornando. E Joshua Kylle Beauchamp, o homem que tinha entrado na minha vida, o homem que tinha feito com que eu me lembrasse da sensação de respirar de novo, ficou olhando enquanto partiamos.

Shame -BEAUANY (Adaptação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora