- Por que não vai fazer o que quer? Você não precisa estar aqui. - pronunciei minha primeira frase longa em dias.

- Porque você é meu irmãozinho e eu tenho que cuidar de você.

E foi depois disso que eu decidi.

Aceitaria estudar na escola interna que meu pai tanto quis me mandar. Tanto eu quanto Gemma não suportaríamos viver apenas com ele. Minha irmã poderia morar com nossos avós maternos até ter idade para ir para a faculdade e eu, que me sentia sem lugar no mundo, sem porto seguro, aprenderia a superar.

No inicio da segunda semana de Setembro eu tirei o gesso e Niall disse que me mataria se não fosse à sua festa. Eu concordei porque seria minha despedida, mesmo que ninguém soubesse. 

O Sr. e Sra. Horan nos levaram à um parque de diversões e me esforcei para que aquele fosse o melhor dia com meus amigos e foi. 

Eu estava terminando de aprontar minha mala e meu pai veio me mandar dormir porque sairíamos cedo no dia seguinte e Louis estava lá na porta do meu quarto olhando tudo com aqueles olhos azuis acusadores sobre mim.

- Você vai viajar Hazz? - perguntou com o lábio tremendo e assenti sem saber muito bem o que fazer.

- Vou deixar vocês se despedirem - meu pai falou e saiu do comodo.

- Você passou o verão inteiro sem falar e agora vai viajar? Para onde está indo e por quê? - Louis quis saber entrando no quarto e se pondo à minha frente com o queixo empinado.

- Lou, eu vou embora. Sinto muito. É um colégio interno em Nova York.  - disse de uma vez.

- Por quê Harry? - os olhos azuis já estavam úmidos.

- Porque eu não tenho mais ninguém. Era minha mãe quem me protegia e me amava acima de qualquer defeito. Ela me aceitava e agora se foi e eu me sinto perdido. - despejei.

- Eu estou aqui Hazz, para sempre, lembra? Como vou manter a minha promessa se você for embora?

- A gente pode se escrever. - sugeri.

- Não! Eu quero que fique aqui comigo! - Louis gritou e me empurrou para sair do quarto, mas o puxei pelo braço.

- Lou, por favor, eu não quero te deixar com raiva de mim.

- Com raiva não, só deixar mesmo. - ele esfrega as lágrimas  escorrendo em sua bochecha.

- Eu juro de mindinho que nunca vou te deixar, vou escrever todos os dias. Você é uma das poucas coisas boas que vou lembrar daqui. - falo e toco em seu rosto.

Louis se aproxima e me beija com força e quando ele para resmunga ofegando.

- Só para selar a promessa.

Em dias, sorrio verdadeiramente  e ele sorri de volta e eu sinto que preciso fazer isso de novo. Poderia beijar Louis para sempre.

Dessa vez o beijo estava mais fervoroso e despertava sensações desconhecidas no meu corpo. Ele começou a usar a lingua e me assustei no inicio com tal ato, mas depois foi ficando melhor e melhor e num reflexo o puxei pela cintura fazendo nossos quadris se chocarem. Não tinha notado o inicio de uma ereção até sentir a do Lou contra a minha. Eu repeti o gesto algumas vezes e a sensação era tão gostosa e então, abruptamente meu pai entrou no quarto com uma carranca de desgosto e falou secamente que era para o Louis sair dali e ir para casa. Nos separamos assustados e eu não tenho certeza exatamente do que meu pai  viu, mas numa atitude ousada, antes de cruzar a porta puxando a camisa que vestia para baixo violentamente, Louis me abraçou e disse para que eu não esquecesse de onde vim. 

Assim que ele saiu, meu pai meneou a cabeça dizendo que eu não tinha conserto e bateu a porta atrás de si. 

-x-

- Você tem certeza disso Harry? - meu pai perguntou e pela primeira vez ele parecia não furioso. Quase pude visualizar um brilho de afeto em seus olhos.

- Nunca estive tão certo de algo antes. - falo seco e encosto a testa no vidro da janela. - Mas antes uma parada. Eu preciso mesmo fazer isso.

Olho para o homem abatido e ele compreende.

O carro para e eu saio dele. Não olho para trás para confirmar se meu pai me acompanha ou não.

Subo a pequena colina e fito a lápide.

Está escrito "Anne Styles, esposa e mãe amada". Abaixo, sua data de nascimento e a data de quase um mês atrás.

Definitivamente, o verão de 1971 foi o pior da minha vida. Relembro.

- Oi mãe. - sussurro como se ela pudesse me ouvir e embora meus olhos queiram derramar as lágrimas pela dor interminável que sinto, eu não choro. Não consigo fazer isso desde o dia em que soube, desde quando ela se foi.- Eu sinto sua falta, e sinto muito por não ter vindo me despedir antes. Mas agora estou aqui. Acho que esse é o nosso adeus.

Love Buzz || L.S. ✔Where stories live. Discover now