Capítulo XXXII • Maldito Encontro

30 4 11
                                    

————— ※ ·❈· ※ —————

[ Horário indefinido ]
| Local indefinido |

Onde eu estou?
Me perguntava isso durante aqueles poucos segundos em que havia despertado.

Almoço.
Agatha.
Sequestro.
Arma.
Tiros.
Agatha.

Não me cansava de pensar nesses tópicos citados. Lembrava-me, como em um breve vislumbre, do que acontecera ainda hoje, ontem, ou há dias atrás. ― não tinha noção de tempo, portanto, era complicado afirmar tal intervalo dos acontecidos passados. Apesar disso, eu sabia exatamente como acabei vindo parar aqui.

Meus músculos estavam flácidos e eu me sentia dolorida em todas as partes de meu corpo, o que dificultou consideravelmente a minha saída daquela espécie de cama em que estava estirada. Embora doesse, eu respirei fundo e me elevei do colchão. Abri os olhos e, após adequar a minha visão perante a baixa luminosidade daquele cômodo, observei meu redor, tentando compreender onde estava e quais eram minhas condições.

Pelo o que conseguia ver, estava bem. Meu corpo doía 'pra cacet*, como se eu tivesse passado uma vida inteira acomodada naquela cama, na mesma posição. Porém, me sentia interiormente bem.

Com cautela, apoiando-me na cama, me coloquei de pé. Estava escuro, mas havia uma pequena janela ao fundo daquela espécie de quarto e que emitia uma luz superficial. Digo espécie de quarto, porque não era um quarto aceitável ou adequado. Não havia móveis; fora aquela cama desconfortável. Não havia cobertores; fora um fino e velho lençol. Não havia sequer algo para comer, ou beber.

Eu não estava em um quarto. Aquilo era uma cela, e eu era sua prisioneira.

Liah: ei! ― tento abrir aquela porta de metal, mas não importava o quanto a esforçava, ela nem se movia. ― socorro! Alguém?! Por favor! ― soco aquela porta, causando um alto barulho. ― SOCORRO! ESTOU PRESA! SOCORRO!

Como eu vou sair daqui? Como?
Estou presa, a porta está trancada e não possuo a força necessária para força-la a se abrir.

Liah: isso... isso não pode estar acontecendo. ― tento empurrar a porta, mas ela era mais firme do que aparentava. ― eu preciso sair. Preciso! A Agatha, minha madrasta, eu preciso saber dela. ARGH! ABRAM ISSO AQUI! ME DEIXEM SAIR!

Desferi mais alguns socos contra aquela porta, todos contínuos e em uma frequência acelerada. Meus punhos já doíam e a ardência dos nós de meus dedos era aterrorizante, mas eu engoli como minha saliva tais desconfortos.

Parecia até que o desespero, a irritação e o medo do que pode vir a acontecer comigo a partir daqui deram-me mais força, mais empenho, mais desejo de liberdade. Não descansaria até ver aquela porta ser destrancada e aberta, não importava quanto tempo isso fosse levar.

Magia.

Parei de lutar no mesmo instante que minha voz interior pronunciou essa palavra e me afastei da porta. Estava nervosa e não sabia se conseguiria executar, ou controlar, o golpe que aprendi graças aquele livro. Porém, eu precisava tentar, nem que fosse só por uma vez.

Fechei os olhos, recordei dos ensinamentos, dos movimentos e dos exercícios iniciais naquele livro antes de pronunciar as palavras. Sendo elas, derivadas do latim e que ativariam minha individualidade no mesmo instante que proferidas.

Nada aconteceu quando fiz exatamente isso, entretanto. Eu inspirei profundamente o oxigênio que ainda existia naquele cubículo sujo e escurecido, mas acabei me sentindo mal momentos depois. Minha visão oscilou, ficando ora turva, ora enegrecida, antes que perdesse o equilíbrio nas pernas e simplesmente caísse para o lado.

De Repente, Você. (O Encontro)Where stories live. Discover now