Capítulo XIX • Feliz Ano Novo

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[ 03:50 A.M. ]

~ 01 de Janeiro ~
~ Segunda-feira ~

E é isso. Um ciclo terminado, e outro começado. Um ano tumultuado encerrado, para outro possivelmente igual ser começado. Problemas sendo deixados para trás, para outros virem à tona. E é isso, esse é o ciclo de uma vida inteira.

Coisas desse tipo cruzavam a minha mente o tempo todo, assim como as ondas da praia de Copacabana quando batiam na areia. A virada, foi como eu esperava. Repleta de brindes de champanhe, risos, abraços, beijos... Tudo que convém uma baita comemoração coletiva.

Eu teria adorado, e aproveitado, muito mais, se a minha cabeça tivesse me dado um tempo. Desde que voltei para a minha família, não saí do lado deles em nenhum instante, nem mesmo para pegar mais um drink no barzinho próximo. ― meu tio fazera isso, para a preocupação de meu pai e da Srta. Bragança. Ambos sabiam que havia algo errado, mas, como os conheço bem, preferiram não questionar ali, logo de cara. ― o que só aconteceu quando já estávamos de volta em casa.

Meu pai foi o primeiro. Ele estava totalmente inconformado com o meu silêncio abrupto pelo resto daquela noite. Como sempre, esperara ansiosamente para me ouvir dizer algo, e buscar uma forma de ajudar-me, no entanto, eu não lhe disse nada de concreto. Afirmei que não era nada, que estava exausta e precisava descansar. Sim, eu consegui driblar ele dessa forma, por aquela noite.

Srta. Bragança foi a segunda a me questionar. Enquanto ajudava-me na arrumação de meu quarto, para que eu pudesse ter parte de uma boa noite de sono, ela estranhou todo o meu silêncio. Garantiu que estava ali para me ajudar, seja lá com o que fosse, mas eu não fui convencida e continuei calada sobre aquele assunto. Ela não se mostrou tão inconformada como o meu pai, porém, Agatha não precisava se mostrar. Eu percebia, sem qualquer esforço. E, usando a mesma fala que usei com o meu pai, também a driblei.

Sim, eu estava me achando uma estúpida adolescente problemática. Poderia ter contado tudo à eles, desde que os encontrei com o auxílio do Katsuki Bakugou, mas não o fiz. Eu preferi o silêncio, e ele estava me matando por dentro. Não conseguia dormir. Meus olhos não se mantinham fechados. A escuridão que os consumia, quando suas pálpebras eram fechadas, me trazia um sentimento ruim, uma insegurança interminável. ― pronta para uma noite mal dormida, Liah? Pois, aqui vai ela.

Após algumas horas, eu cansei daquele martírio, chamado insônia.

Determinada em arejar a minha cabeça, pelo menos tomar um ar fora dessas quatro paredes, vesti um casaco de moletom sobre o meu pijama e, descalça, peguei o elevador. Desci até a recepção, quase que inóspita, se não fosse pelos hóspedes voltando de suas festividades de Ano Novo, sendo rápida, invadi os limites das piscinas e me acomodei na beirada de uma delas. Descalça e com um short curto, simplesmente mergulhei as minhas pernas naquela água gélida e cristalina, até a altura dos joelhos.

Vagarosamente, as movimentei dentro da água, sentindo um calafrio percorrer toda a minha coluna. Era desconfortável, mas também confortável. Pode parecer contraditório, porém, em minha visão, fazia um claro sentido. Eu só queria distrair a minha mente, não importava a forma. ― nem que seja fazê-la discutir se esse calafrio é, ou não, agradável.

Foi aí que o escutei, vindo ao meu encontro. Sabia que se tratava dele, por isso, me mantive onde estava, com os meus pés e canelas alagadas pela água daquela vasta piscina.

Até imaginei que teria a sua companhia mais próxima de mim, mas me enganei. Katsuki simplesmente caminhou até o outro lado e se acomodou na beirada da piscina, assim como eu estava. Pela superfície da água, reparei em pequenas ondas vindo no sentido contrário as minhas. Discretamente, elevei o meu olhar adiante, vendo o loiro molhar parte de suas pernas, assim como eu fazia.

De Repente, Você. (O Encontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora