Capítulo XXV • 𝘕𝘰𝘴𝘴𝘰 Escape 2.0

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[ 21:15 P.M. ]

~ Naquele Mesmo Dia ~

| Em um dos quartos do terceiro andar do Hospital Central |

Fazia mais de uma semana que os meus tios haviam morrido, e somente hoje tive a ciência dessa tragédia.

Não me dei ao trabalho de saber a maneira exata de como tudo aconteceu e de como eles faleceram, mas, pelo o que me foi informado indesejadamente, a causa estava relacionada aos baques fortíssimos que sofreram na região da cabeça, e o tempo inadequado que permaneceram debaixo d'água. Todas essas questões contribuíram para uma morte cerebral inevitável.

Embora eu duvidasse profundamente que pudesse existir alguma parte boa em meio a isso tudo, existia. Zaya era a luz no fim desse túnel. Ela havia sobrevivido, apesar dos longos minutos que permaneceu submersa naquele rio. Atualmente, já estava no quarto, em observação até receber a tão aguardada alta do médico, assim como eu.

Independente da dor que aflige o meu peito agora, a qual parece não ter fim e que considero se tratar do luto que começara a dar suas indesejáveis caras, não canso de pensar na Zaya e de ficar feliz por ela.

Minha priminha, minha Zaya linda, está viva. Ela está viva! E eu preciso me manter firme, por ela.

Liah: Zaya... ― murmuro, mantendo a palma de minha mão rente ao vidro que permitia-me ver aquela pequena em seu berço, dormindo tranquilamente. ― oh, minha priminha.

Pai: tem certeza de que não quer entrar, meu bem? ― aproxima-se, me abraçando de lado. ― temos permissão. Você sabe, não é?

Liah: eu não quero acordá-la, pai. ― seus lábios selam minha testa demoradamente e, por tal momento, mantive meus olhos fechados, apreciando esse carinho. ― somente vê-la daqui, já me basta. ― declaro, para a concordância de meu pai.

Por algum motivo ― ou melhor, por vários motivos ―, uma vontade imensa de chorar me consumiu. De olhos já marejados, cerquei o tronco de meu pai com meus braços. Ele, logo de imediato, retribuiu, como se também precisasse desse abraço.

Em meio as lágrimas, observei minha prima dentro daquele quarto, naquele berço, dorminhoca como sempre foi. Na sequência, recordações me vieram à mente, de quando nada disso havia acontecido e tudo era como antes. De quando ainda tinha os meus tios, que formavam a minha família.

Oh, Deus.
Como vai ser daqui em diante?

A cada minuto que se passa eu perco mais e mais pessoas. Pessoas que me importo, e que são importantes para mim.
Não dá. Eu não posso perder mais pessoas. Não posso!

Liah: co-como... ― enxugo meus olhos com o dorso da mão, tentando inutilmente controlar aquele choro. ― como vai ser... daqui para frente, pai?

Pai: não se preocupe, Liah. Vamos ficar bem. Os heróis estão cuidando de tudo, okay? ― informa-me, me deixando um pouco menos desesperada. Mas, somente um pouco menos. ― e... teremos que nos mudar.

Liah: nos mudar? Sair da pousada? ― ele afirma que sim com a cabeça, secando com os polegares minhas bochechas. ― mas... não podemos abandonar a pousada, pai. É o seu trabalho. É... é a sua pousada!

Pai: eu sei, meu amor. Eu sei. ― me traz para si, acomodando minha face entre seu ombro e pescoço. ― olha... escuta bem o que eu tenho para lhe dizer, Liah. Para um sacrifício pior não ocorrer, temos que realizar sacrifícios menores. Entende, querida? ― eu o abraço com mais força, voltando a chorar compulsivamente. ― dói, Liah, eu sei que dói. Também... também está doendo em mim, não tenha dúvidas. Mas... se for pelo nosso bem, pelo bem da Zaya, da Agatha e principalmente o seu, eu realizaria todos os sacrifícios existentes nesse mundo. ― sela a minha testa várias e várias vezes, enquanto eu apenas conseguia chorar, com uma dor insuportável afligindo o meu peito. ― ficaremos bem, Liah. Nós ficaremos bem, 'tá?

De Repente, Você. (O Encontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora