The Price of a Life

Acerto de contas

Murilo

      Meu pai estava certo quando disse para mim que minha especialidade era de causar problemas onde quer que eu fosse, minha existência em si já é decepcionante. Fiquei feliz por um momento em não ter perdido uma amizade verdadeira depois de séculos mas triste pelo sentimento não correspondido do mesmo.

      Agora causei um rompimento na vida amorosa dele, o que mais irei estragar por hoje?

       — Irei lá ver como ele está. - digo me dirigindo até a biblioteca -

       — Não precisa, deixe ele sozinho para por a cabeça no lugar. - sou interrompido por Sara - Não tem jogos agora?

       — Estou proibido de fazer esforço físico depois da surra que levei no ringue.

       — Você se acha, né garoto? O que ele viu em ti? Sinceramente.

       — Talvez a maneira que o trato, quando o ouço ou distraio quando está nervoso. Nem tudo é estética! Posso não parecer grandes coisas mas valorizo o que tenho, deveria fazer o mesmo com os seus amigos.

       — Me anojo mais de você com o tempo, até parece que um suburbano desse iria me ofender.

       — Tu não cresce nunca, não cansa de ser infantil? Aonde isso te leva?

       — Se toca garoto, não preciso da sua lição de moral, se é que devo chamar disso, né? - me irrito com tal deboche -

       — Pois bem, Sara. Se isso é tudo o que tens para me dizer então estou de saída, bom dia! - me retiro enraivado -

      Por via das venturas, passeei pelos corredores a busca de Benji mas acabo não o encontrando em lugar algum. Talvez devo mesmo deixá-lo em paz num momento tão caótico desses.

       — Murilo! - David se aproxima faceiro em me ver de bobeira no meio do corredor -

       — O que queres comigo? Não estou no clima para suas provocações.

       — Assim que eu gosto, dengoso!

       — Estou falando sério! - me afasto mais dele - Será que pelo menos uma vez na vida cê poderia me deixar em paz?

       — Acalma-te meu caro jovem, quero apenas te chamar para sair comigo esta noite. E aí, topa?

       — Ah, Murilo. Você está aqui, preciso falar contigo. - Benjamin não parece bem com seus olhos marejados -

       — Claro, venha comigo. Conheço um lugar legal para te distrair um pouco! - pego seu pulso e o puxo rapidamente para me acompanhar -

       — Espere, você aceita ou não? - o infeliz interroga insatisfeito de longe -

       — Nunca! - enfatizo aliviado -

...

      Levei Benji até uma lanchonete ao ar livre com o som da sua banda favorita Imagine Dragons com a música de fundo Birds. Percebo ele relaxado e não tão cabisbaixo quanto antes, consegui até tirar um sorriso dele.