Estou a cavar minha própria cova

9 7 0
                                    


* 20 de julho, dia atual *

      Eu corrijo o anunciado do motivo da minha partida; não foi por causa de Murilo, muito pelo contrário, tudo aconteceu por conta da minha ingenuidade. Fiquei cego em acreditar em minha intuição que me perdi no principal tópico, minha própria namorada.

      Fui feito de bobo e trouxa numa tacada só, é fácil virar um fantoche sendo incauto. É notável agora entender tudo o que acontecia ao meu redor, tudo se encaixa perfeitamente.

      Enxergar a verdade vir a tona dói, admito. Mas ter que aceitar deixar Murilo passar por essa situação destroça meu coração em mil pedaços.

       — O que aconteceu com a minha filha?!

       — Estamos a operando ainda, te peço paciência e calma, iremos fazer o melhor possível.

       — Aquela Beatriz me paga!

       — Não faça nada de cabeça quente. Por favor, tia. Minha amiga estava com raiva, não foi intencional. - Murilo tenta convencê-la de não levar Bia para o reformatório -

       — Olhe bem a situação garoto, tu achas que irei ficar de braços cruzados enquanto Sara está na miragem daquela maluca!

       — Não fale assim da minha filha! Ela pode fazer qualquer merda mas a única com o direito de ofendê-la aqui sou eu, sua filha vai ficar bem, a faca não perfurou nenhum órgão importante.

       — Senhoras, por favor. Mantenham a postura! - ele repreende-as impaciente - Discutir não vai resolver nada, vocês são adultas então resolvam isso civilizadamente.

      As duas o olham confusas com a entonação dele mas atendem seu pedido percebendo a situação.

       — Murilo, chegue aqui rapidinho. - Patrick o solicita -

       — O que houve? - ele pergunta preocupado -

       — Estão pedindo nosso depoimento sobre o caso, descobriram alguma coisa séria sobre alguém.

       — É mesmo?

      Murilo o responde aflito, ele já sabia onde estava o nó daquela confusão toda, principalmente sobre minha morte. Falar sobre isso o prejudicou muito, sem contar nas ameaças que ele sofria se abrisse a boca.

...

       — E então Murilo, me conte o que ocorreu na escola mais cedo.

       — A Beatriz estava muito agitada na hora, fora a pressão que a mãe dela impôs em seus ombros. Ela estava de cabeça quente; aflita.

       — E o que aconteceu depois disso?

       — Ela pegou uma faca - ele se recorda vagamente - não sei de onde mas pegou. Estava todo mundo tenso na hora, era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo.

       — E tinha mais alguém com ela nesta hora?

       — Não, Bia estava só naquele instante.

       — E por que ela estava tão alterada a ponto de esfaquear alguém?

       — Sara estava provocando-a indiretamente. Não é de hoje que às duas estão em uma guerra fria.

       — Por acaso tu sabes de algo que favoreceu sobre o suicídio de Benjamin Salazar?

      Ele congela de repente ao ouvir meu nome.

       — S-sei, eu sei de muita coisa. - uma resposta vaga se esvai ao ar -

       — O que quer dizer sobre isso?

The Price of a LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora