Diálogo - I

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      Tomo um banho assim que chego na casa de Murilo enquanto aguardo ansiosamente sua chegada, aproveito o tempo livre para organizar um pouco a casa para ele não precisar fazer muito esforço. Reparo algumas fotos dele quando era pequeno, nunca notei os quadros na estante quando vim aqui pela primeira vez, ele era tão fofo quanto agora.

      Vejo outros quadros com fotos dele com os pais e sua amada irmã, outros com retratos do dia que ganhou o certificado de melhor lutador da oficina, etc. Esse menino é uma figura.

       — Benjamin, não precisava limpar a casa. - a mais velha comenta impressionada com o ambiente - Fico até sem graça por isso, você é visita aqui menino!

       — Não me importo de fazer um favor e eu já sou de casa também! - digo satisfeito - Aproveitando sua chegada, viste Murilo por aqui?

       — Não o vejo desde ontem, achei que estivessem juntos. Iria te perguntar a mesma coisa.

       — Estou sem contato com ele desde os jogos da escola. - digo tristonho - Ele estava meio estranho mais cedo.

       — Deve ser por conta do ex dele, parece que aquele pivete não se contenta com a alegria dos outros.

       — Que legal... - murmuro incomodado -

       — Eu tenho que ir nessa, hoje tenho plantão de novo. Se tiver notícias dele, me informe imediatamente.

      Sua irmã sae às pressas já atrasada, é o costume de família esse contratempo. Novamente sozinho em casa, tento me conformar com o que ouvi e digerir tudo de boca fechada, é muita informação para um dia só.

      Murilo não dá vestígios em nenhum lugar, já se passam das seis da tarde e nada ainda. O que eu fiz de errado?

Murilo, me responda, por favor!
[17:48]

Te espero em casa para conversarmos
melhor sobre tudo, não volte muito tarde.
[17:50]

Só me fala que está bem, já é o suficiente pra mim.
[17:51]

Te vejo mais tarde, assim espero...
[17:53]

Já estou ficando preocupado, não quero que fique estranho comigo por conta do acontecido mais cedo. Quero me certificar que está seguro.
[18:27]


       — O que faço com esse garoto? - desabafo agoniado -

       — Benji, tá aí?! - alguém me chama no lado de fora de casa - Abra a porta rápido!

       — O que aconteceu de tão sério assim? - comento ao abrir a porta e notar Patty um tanto agitado -

       — É-é o Murilo! - perco o ar só de pensar o que se trata - Aconteceu alguma coisa com ele!

       — Me leve até lá!

[...]

       — O que houve?! Onde ele está?!

       — Ele se trancou no terraço, ninguém sabe o que rolou.

       — Te chamei por que és a nossa última esperança, até onde eu sei, você é o único que ele escuta.

       — Farei o meu melhor - digo calmo com o coração apertado -

      A cada passo que dou é um gatilho a mais dos batimentos excessivos, quanto mais me aproximava da porta dava para escutar o choro fraco dele. Meus pensamentos vão mil de cogitar d'eu estar incluso em sua crise que reluto em entrar por aquela porta e deixá-lo mais aflito.

The Price of a LifeWhere stories live. Discover now