The Price of a Life

Covarde

      Patty e Bianca chegam logo assim que Beatriz divide sua opinião comigo, fazendo com que eles desconfiem mais do que antes. Quando Sara tenta tirar satisfação sobre, Murilo se achega colocando suas coisas de canto e organizando alguns post-its em sua agenda ou qualquer coisa do tipo. 

      Não demorou muito para seus comentários maldosos aparecem e gerar intrigas inúteis ao respeito de Murilo, trazendo cochichos e mais fofocas. Sinto seu desconforto pela respiração tensa e os estalares de dedos, tentando achar alguma maneira de amenizar o que sentia.

       — O que deu nesse garoto? - ela sussurra desconfiada -  

       — Qual é Sara, vai ficar nessa agora de implicância com o guri? - à respondo no mesmo tom -

       — E tu vai ficar defendendo esse estrupício até quando? 

       — Desculpe o atraso pessoal, tive imprevistos com meu pai. - Murilo nos interrompe -

       — Tudo bem, vamos começar agora então não tem problema. - digo -

      Desse dia em diante comecei a fazer tudo errado, cometendo ações que me arrependi de ter realizado. 

       Me lembro de reclamar de dores de cabeça e ânsias de vômito, me sentindo tonto por conta da má alimentação que tive mais tarde. Beatriz logo me questiona o porquê e assim respondo inventando alguma situação convincente, na qual ela acredita. Ela preocupada com isso, me oferece um dos seus sanduíches e abre uma lata de soda para me hidratar um pouco, pois eu estava meio pálido na hora. 

       Eu aceito sem opção e finjo comer aquilo, à deixando mais aliviada ao notar minha melhora. Assim que termino a refeição, voltamos a trabalhar sem mais interrupções.

       — É impressão minha ou tu estás mais magro? - Patty questiona e todos concordam com sua colocação -

       — Que nada, estou muito gordo! - mostro um pouco dos inchaços da barriga - Vejam.

        — Pirou de vez, né? Muito gordo daonde guri? - Bianca me reprimi ao me olhar de cima a baixo - Pode parando.... tu estás muito bem assim e ficar fazendo greve de fome não adianta nada, tu tens é que melhorar sua alimentação. Comer frutas, verduras, saladas, enfim, ter um prato saudável.

         — Ok! Tá parecendo a minha mãe falando assim, irei melhorar nisto, prometo. - tento convencê-los - 

      Percebendo meu sucesso na mentira, enceno um mal-estar e peço para me retirar o mais rápido possível dali, indo em direção ao banheiro jogar tudo fora o que ingeri recentemente. Quando me ponho de joelhos ao chão e escorei minha cabeça à privada, fico relutante em fazer aquilo por falta de coragem que tive.

     Fico assim por alguns minutos tentando achar uma maneira mais rápida de fazer o tal ato, tento colocar meu dedo indicador calmamente dentro da boca e logo sinto à vontade voltar mais forte e felizmente, consegui finalmente acabar com aquilo de uma vez. 

      Descobri tarde que eu tinha bulimia, um transtorno alimentar possivelmente fatal. Quem sofre com isso tem compulsão em comer, tomando medidas para evitar o ganho de peso. Normalmente isso se mostra em expurgos, no entanto, isso pode incluir no excesso de exercícios físicos ou jejum.

      Logo depois, me limpo rapidamente e enxugo o rosto para aparecer um pouco renovado, e foi aí que escutei passos longos se aproximando e me recomponho sem deixar vestígios de nada.

       — Mano, todos estão preocupados contigo. O que tanto faz aqui? - Murilo me questiona confuso com minha demora -

       — A-ah, é que eu não estava me sentindo legal, o sanduíche não me caiu bem. Me senti enjoado então corri pra cá antes do desastre acontecer, sabe como é, né? - lanço um sorriso em sinal de melhora - 

       — Sei.... e você está se sentindo bem agora? Quer um pouco d'água?

       — Não precisa, eu tô bem agora. Isso acontece comigo quando exagero na comida.

       — Isso não faz sentido, a única coisa que comestes hoje foi aquele sanduíche. - ele franze o cenho - 

       — Sim mas estou de dieta, quero ficar em forma ainda. - brinco com ele ao mostrar meu belo muque -

       — Na minha opinião, você está muito bem por sinal. - noto sua sinceridade pelo olhar - 

       — Ok, vamos voltar antes que Sara venha atrás de nós.

       — Ela é bem braba, né? Acho que não causei boa impressão, dá pra perceber o incomodo que sente por estar perto de mim. - ouço sua voz trêmula -

       — Que nada, Sara só está agindo assim porque não te conhece ainda, só isso.... - explico - 

       — Ah, se é assim, tudo bem. 

      Saímos assim que o assunto acaba, me sinto mal assim que percebo que menti para ele, refletindo em que acabei de ter feito nas costas de todos. Fiquei com essa culpa por semanas e nada eu podia fazer para esquecer aquilo, meus pais por outro lado achavam que era frescura minha e só me direcionaram para um psicólogo de imediato.

      Enfim, eu e Murilo voltamos para a biblioteca rindo de assuntos bobos que tivemos pelo curto caminho e não demora muito para uma de nossas colegas farofeiras querer botar lenha na fogueira, podando suas sementes podres nos ouvidos de Sara e dali começou nossa discórdia.

      Foi aí que Patty me puxou e tirou satisfação do que tinha escutado, pois não estava crendo em cada sílaba citada do assunto. Eu sem saber do que se tratava apenas nego as tais mentiras citadas e volto a olhar para Juliana, uma das outras pedras no sapato que tive.

       — Meninos, venham. Vamos terminar isso de uma vez! - notamos seu tom alterado pelo estresse -

       — O que a Juliana queria contigo? - pergunto me sentando em seu lado -

       — Nada, ela não queria nada..... tu sabes muito bem que a única coisa que aquela barraqueira quer é fazer arruaça, como de costume.

       — É Benjamin, ela só queria ver o circo pegar fogo mas cortamos o barato dela. - Brenda complementa -

      Não senti serenidade em suas palavras que sai com o pé atrás, não é atoa que por onde Juliana passe, o caos vêm junto. Quem diria que meus instintos estavam certos, a salafrária estava destilando seu veneno por toda a escola e Murilo foi o que tomou as dores por mim, e eu medroso não fiz nada a respeito.

The problem was not them, but with me.