Capítulo 34

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Pelos próximos três dias, os soldados de Aravilly treinaram incessantemente para a guerra que se aproximava. Entre eles estavam Phil e seus companheiros, Thomas e até mesmo Êstevan, todos estavam se preparando e a tensão entre eles era quase palpável.

Eu achava que depois de voltar para minha casa, poderia finalmente dormir bem, mas ao contrário disso, minhas noites de sono eram preenchidas pelo medo e a inquietação. Desde o dia do jantar, não conversei mais com Thomas e quase não o via, e apesar de tentar me distrair com as mulheres presentes no castelo, nada conseguia me livrar do peso da culpa que eu carregava.

— O que está acontecendo com você, Alteza? A cada dia que passa parece estar mais abatida! — exclamava Amélia todas as vezes que me via, claramente preocupada.

— Está tudo bem, Amélia. Não se preocupe.

Essa era sempre a mentira que eu contava e que já estava virando um hábito. Amélia não era a única que percebia meu estranho comportamento. Enquanto caminhava de volta para o quarto depois do jantar, Phillip me acompanhou e me encarou com curiosidade.

— Me conte, o soldadinho fez alguma coisa que te deixou chateada?

— Ele não fez nada — me limitei a dizer.

— Sério? Porque quando estávamos a caminho daqui, vocês só viviam juntos. Agora parecem evitar um ao outro... — sua perspicácia não me deixou surpresa, vendo que eu nada dizia, ele suspirou e colocou uma mão em meu ombro me virando para ele — Por mais estranho que isso possa parecer vindo de mim, é melhor que se entendam logo. Já estamos finalizando os preparativos para a missão e então, partiremos.

Com essa informação, ele seguiu seu caminho e eu permaneci ali, sem me mover e sem saber o que fazer.

Eu já havia aceitado a ideia de ter que ver Thomas novamente partindo para uma missão perigosa, mas deixei que a mágoa e o orgulho falassem mais alto e por causa disso, agora estávamos mais distantes do que nunca. Eu precisava resolver aquela questão de uma vez por todas, e com isso em mente, entrei em meu quarto pensando no que poderia fazer.

Na manhã seguinte, acordei bem cedo e troquei rapidamente de roupa. Então, com uma forte determinação, caminhei pelos corredores do castelo em direção à área externa e só parei quando adentrei no bosque. O sol ainda não havia aparecido, mas uma breve claridade já se estendia no horizonte e junto com ela, a brisa fria da manhã passeava ao vento, me fazendo abraçar meu próprio corpo com a intenção de me aquecer.

Continuei caminhando mais lentamente até o centro do local, com as memórias ali vividas flutuando em minha mente e fazendo um sorriso nostálgico aparecer em meu rosto, até que eu o vi.

Thomas manejava sua espada em vários movimentos rápidos e por um momento, apenas o observei admirada. Ele parecia tão concentrado em seu treinamento que não ousei me mexer, então ele parou e olhou diretamente para mim.

— Vai falar comigo dessa vez ou vai continuar me evitando? — podia sentir o quanto ele estava magoado e chateado com minhas atitudes e isso fez meu coração apertar.

De braços cruzados, me aproximei dele com o olhar voltado para o chão. Quando parei bem na sua frente, levantei a cabeça e fitei o fundo de seus olhos verdes.

— Você... você está bravo comigo? — perguntei em um fio de voz, temendo pela sua resposta.

— É claro que não... — disse soltando um suspiro cansado, então estendeu a mão até meu rosto e acariciou minha bochecha com o polegar — Como eu poderia estar bravo com a mulher que amo?

Seu toque tão acalentador e sua voz profunda foram o suficiente para me fazer desabar em um choro copioso. Levei minhas mãos até o rosto em uma falha tentativa de impedir que as lágrimas saíssem, então senti seus braços fortes envolvendo meu corpo. Ah! Como eu havia sentido falta desse abraço!

O Amor PerdidoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora