Capítulo 33

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Naquela mesma noite, quando estava me arrumando para o jantar, já me sentia bem melhor e descansada. Era incrível como uma simples e sincera conversa com Deus era capaz de tirar toda angústia que havia em mim e preencher com uma paz sem explicação.

Diante do espelho, respirei fundo me preparando para a noite e fui em direção à porta. Amélia, por mais que se esforçasse para não demonstrar, também estava cansada depois de tudo que aconteceu nos últimos dias e por isso, insisti para que ela tirasse o dia para descansar e comparecesse ao jantar junto conosco. É claro que ela tentou me dissuadir dessa ideia, mas deixei claro que a presença dela ali era importante pra mim e acabou aceitando.

Os corredores do castelo estavam quase desertos, já que uma parte dos soldados havia sido mandados para vigiar a fronteira e os outros estavam de guarda pelos arredores do castelo.

Ainda assim, em um canto ou outro podia ver um soldado a postos nos corredores do castelo, prontos para agir caso alguém da família real estivesse em perigo. Enquanto caminhava pelos corredores, o único som que eu ouvia era o dos meus passos constantes e a minha respiração.

Depois de ficar tanto tempo sendo sempre acompanhada em Donsfik, por um guarda ou outra pessoa, a sensação de estar sozinha era quase assustadora. De repente, um medo sem explicação tomou conta de mim e com o objetivo de fugir da horrível impressão de que algum mal me espreitava, apressei meus passos sentindo as batidas altas do meu coração. Mas ao dobrar em um corredor, acabei esbarrando em Thomas e teria caído se ele não tivesse segurado meus braços.

Seus olhos encontraram os meus e ao ver meu rosto assustado, sua expressão se tornou suave.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou preocupado sem desviar seus olhos dos meus.

Só agora eu percebia o quanto minha respiração estava irregular e ao vê-lo ali, finalmente o medo passou e suspirei aliviada. Então, me afastei dele dando alguns passos para trás.

— Eu estou bem — respondi me acalmando pouco a pouco — Parece que estou sempre no seu caminho, não é?

Ele me olhou cheio de compaixão, imediatamente a lembrança de nossa última conversa veio à minha mente e me senti extremamente envergonhada pela forma ridícula como agi.

— Lena...

Ouvir o apelido que ele usava há muito tempo comigo, fez as emoções despertarem em mim e meus olhos marejarem. Não querendo chorar na frente dele, desviei meu olhar e passei por ele. Mas Thomas segurou minha mão me impedindo de continuar.

— Nós precisamos conversar — disse sem levantar a voz, mas com certa urgência.

— Preciso ir para o jantar — retruquei sem olhar para ele.

— Muito bem então, eu também vou para lá.

Ele soltou minha mão e sem esperar por ele, caminhei mais rápido em direção ao salão de jantar, contudo, ele não teve dificuldade para me alcançar.

— Sobre mais cedo... — começou caminhando ao meu lado.

— Eu já entendi tudo, não precisa mais explicar — interrompi ousando olhar para ele — Me desculpe por agir daquela forma, eu pensei bem e percebi que estava errada por tentar te impedir.

— Não é bem assim, Helena...

— Se não se importa, gostaria de não falar mais sobre isso — minha resposta saiu mais amargurada do que eu gostaria e pude ver o desapontamento em seu rosto.

— Como preferir.

O restante do caminho até o grande salão foi feito em silêncio. Eu queria muito que as coisas voltassem ao normal, mas não sabia como fazer isso, me sentia aflita e insegura, e por causa disso, acabava falando coisas sem pensar.

O Amor PerdidoWhere stories live. Discover now