Capítulo 30

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Dois meses. Fazia apenas dois meses que cheguei no reino de Donsfik, mas aconteceu tantas coisas, tantas descobertas e reviravoltas que pareciam ter passado anos.

Quando nos reunimos naquela noite em volta da fogueira, Phillip informou a todos sobre a verdadeira identidade de Vicent e os últimos detalhes de seu plano. Quando terminou de falar, ele dispensou a todos e veio na minha direção.

— Poderíamos conversar por um momento? — perguntou com certa hesitação.

— É claro.

Ele sentou ao meu lado, mas não disse nada por alguns minutos e olhou fixamente para a fogueira.

— Se tudo ocorrer bem, amanhã ao pôr do sol estaremos chegando em Aravilly — ele disse ainda sem olhar para mim.

— Sim.

Só de pensar nisso sentia meu peito apertar de saudade da minha família, meu pai, minha mãe, Êstevan...

— Acha... acha que seu pai aceitará nossas reivindicações? — seus olhos encontraram os meus e pela primeira vez desde que o conheci, vi medo neles.

— Meu pai pode parecer severo e rígido, mas é um homem de bom coração e não falo isso só por ser sua filha — toquei em seu ombro dando um leve aperto — Não tenho dúvidas de que ele aceitará. Contudo, se isso não acontecer, meu irmão e eu estaremos prontos para intervir.

— Obrigado por isso, Helena, de verdade. — ele sorriu com sinceridade e eu retribuí.

— Não precisa me agradecer, você já fez tanto por mim. E meu pai também verá isso.

— Espero que sim. — ficamos em um silêncio confortável, até ele voltar a falar — Você e o soldado... resolveram seus assuntos?

Fiquei surpresa com a pergunta e só de ouvir falar em Thomas senti um frio na barriga.

— Ah... sim, nós estamos bem agora. — disse simplesmente.

— Então vocês se conheciam desde a infância... — Não é uma pergunta e ele não esperou que eu respondesse — E ainda por cima, são apaixonados um pelo o outro...

— E você e a Astrid? — perguntei desesperada para mudar de assunto, ele me olhou com nítida confusão.

— O que tem a gente?

— Vocês formam um belo casal. — levantei as sobrancelhas de forma insinuativa.

— Ela é só minha amiga. — Phil balançou a cabeça como se o que eu disse fosse ridículo.

— Thomas também era só meu amigo...

— O que está querendo dizer? —Dessa vez ele me encarou sério e com desconfiança.

— Só estou dizendo o que penso. — dei de ombros — Astrid é linda, gentil, corajosa e é uma ótima companhia. Não concorda comigo?

— É claro que eu concordo, eu só... nunca parei para pensar nisso. — murmurou desviando o olhar.

— Você é uma pessoa incrível, Phil, e merece alguém como ela ao seu lado. — me levantei sentindo seu intenso olhar sobre mim — Pensa nisso com carinho, tá?

Não esperei sua resposta e segui para a minha tenda.

Uma semente foi plantada, agora preciso esperar que ela germine e cresça.

Meus pensamentos se dispersaram quando notei Thomas parado mais à frente e sem pensar parei no meio do caminho. Meu coração acelerou quando ele veio na minha direção, cada passo seu despertava ainda mais o frio na minha barriga. O nervosismo tomou conta de mim, tanto que senti minhas mãos suarem.

O Amor PerdidoWhere stories live. Discover now