Capítulo 36

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Lily chegou dizendo que estava com saudades, com algumas lembrancinhas (a maioria para o marido e os sobrinhos pequenos), muitas histórias e uma enorme vontade de beber caipirinha. Comprou limões e uma cachaça vagabunda e caríssima e foi com Mateus e Oyekunle se enfiar no apartamento microscópico de Sinead.

-O estudante coreano saiu? Não quero dividir minha ressaca com ele – Lily disse, protegendo sua cachaça dentro de um saco de papel.

-Fique tranquila, ele se mudou – Sinead contou. – Estou procurando agora dois companheiros de apartamento, se souberem de alguém.

-Sinead, faz as malas e se muda também – Oyekunle disse. – Esse apartamento é uma merda.

Sinead olhou para ele, magoada, e Lily disse:

-É uma merda mesmo.

-Uma merda – Mateus concordou.

-Mas eu dou dois passos e estou na faculdade – Sinead gemeu. – Eu quase não vou, e moro tão perto, imagina se morasse longe.

-Amiga, aproveita e termina a faculdade também. Isso já está vergonhoso – Lily falou.

-E eu achando que íamos encher a cara e contar histórias de roqueiros bêbados. Larguem do meu pé, vai. Ou melhor, façam, caipirinha.

Mateus pegou a cachaça e os limões e foi para a cozinha, enquanto Lily se sentava no chão do apartamento entre Sinead e Oyekunle.

-E aí, o que aconteceu enquanto eu estava fora? Estou de saco cheio de roqueiros bêbados.

-Sério? Não foi, tipo, um sonho? – Sinead quis saber.

-Foi bem legal. Mas as histórias dos meus pais eram melhores. Acho que foi o raio do mestrado. Gente, quem faz uma turnê enquanto escreve um trabalho de conclusão de curso? Tem de ser muito lesada, né? Aí, depois do casamento do Tommy, eu vou viajar de novo.

-Então você fica pelo menos um mês – Oyekunle falou.

-Praticamente um mês certinho.

-Ah, estou louca para ir a esse casamento, ainda mais depois que eles desistiram das Ilhas Gregas. O que, aliás, seria bem mais romântico – Sinead choramingou.

-Super. Estava prevendo muita insolação e queimaduras de segundo grau e a mamãe tendo dez mil crises – Lily completou. – Além disso, papai e Ella não poderiam ir, porque ela vai estar parindo nessa época. Agora me diz uma coisa. Por que você está tão quieto, Oyekunle?

-Ele viveu uma história de amor tórrida.

-Porra, Sinead! – Oyekunle resmungou.

-Ah, é, como anda a Doida da Floresta?

-Eles terminaram porque ele se apaixonou pela Sabine.

-Para de falar por mim, Sinead, e não foi por isso que a gente terminou.

-Ai, meu Deus – Lily deu um gritinho. – Conta tudo! Conta!

Mateus trouxe as caipirinhas e Oyekunle contou. Desde Cassie dizendo que ele tinha Aids até o desaparecimento de Sabine, do nada, quando ela levantou da sua cama e catou as roupas pelo quarto dizendo que ia se arrumar para o aniversário do Noah. Falou sobre Baby, sobre Sabine ter outro cara que a sustentava enquanto Oyekunle pagava de otário.

-Gente, babado. Acabei de saber pelo Tommy, que soube pela mamãe – Lily disse. – A Sabine era namorada de um cara maior bandido na França. A mamãe acha que ela estava aqui se escondendo dele. Será que era o tal namorado abusivo?

Oyekunle deu de ombros, disfarçando ressentimento com pouco caso.

-De repente é por isso que ela possuía tanto dinheiro. O bandido dava – Sinead falou.

Quando a Vida Acontece - Vol. 4Onde as histórias ganham vida. Descobre agora