No Frango à Moda do País Basco, a carne é bastante suculenta graças a um molho chamado piperade, feito com presunto de Bayonne, pimentão, tomate e pimenta de Espelette. Era um prato bonito e colorido que Ella equilibrava sobre a barriga, sentada em uma das poltronas da sala. Tom, deitado no sofá, perguntou:
-São países agora?
-Sim – Ela mordeu um pedaço de tomate e continuou, com a boca cheia: - O próximo vai ser italiano. Acho que não como massa desde que era criança.
-E qual é a lógica, já que não é desejo descabido?
-É meu desejo descabido de comer porque eu posso enquanto eu posso, antes de ser obrigada a passar fome outra vez.
-Sério? Você passa fome?
-Grandão, sempre fui magrela, mas com trinta anos aquele abdômen não vem de graça. Muito menos com feijoada.
Ella pegou um pedaço de frango dessa vez, e ficou mastigando, absorta, vendo que Tom estava distraído. Resolveu perguntar:
-E o tratamento do George? Alguma notícia?
-Parece que está indo bem. O moleque está se comportando. Victor falou que, qualquer pisada na bola, ele cancela o acordo e interna o George. Está dando certo.
-Vai dar certo – Ella falou, no momento em que Joel aparecia quase asfixiando a todos com um perfume amadeirado. Ella tampou o nariz: - Pai! O que é isso?!
-Vou ver minha namorada. Muito bom o frango da bastilha, aliás.
-Frango à Moda do País Basco, e que namorada, pelo amor de Deus? A Cindy? Vocês vão se ver onde? Fazer o quê?
-Ela vem me buscar, e não me pergunte o que a gente vai fazer – Ele deu uma gargalhada.
-Ai, pai, me poupe disso.
-Tá certo, Joel – Tom se sentou. – Tem de aproveitar a vida.
-Não é?
-Ela não vem para o chá de bebê? – Ella perguntou por perguntar, pois não tinha nem muita certeza da razão de ela ter sido convidada.
-Qual bebê?
-Minha bebê. Essa bola de basquete embaixo da minha roupa.
-Sabe qual seria um bom nome para a sua bebê? – Joel falou e Ella tentou não revirar os olhos quando respondeu:
-Loreta.
Joel pensou um pouco e por fim respondeu:
-Não, é nome de puta. Charlotte.
-Ei – Tom sorriu. – Eu gosto de Charlotte.
-Eu também – Ela olhou para ele e os dois tiveram um momento quase mágico, se não tivesse sido interrompido por Joel esbravejando que não achava as suas abotoaduras.
-Você está de camiseta, pai!
-Mas um homem sempre precisa estar composto.
Ella ia deixar o prato sobre a mesinha de centro, mas Tom se ofereceu para ajudar Joel com aquelas abotoaduras misteriosas que ninguém jamais havia visto e, neste interim, Cindy tocou a campainha. Ela disse que ia beber alguma coisa com Joel e voltava a tempo do chá de bebê. Ella conseguiu terminar seu frango e expulsou Tom de casa.
-Eu fico lá em cima jogando sinuca.
-Não, grandão. Nós estaremos lá em cima jogando sinuca na sua mesa.
-Cara... – Tom pareceu desamparado.
-Vai ver seus amigos, vai. Quando voltar a gente vai ter dez mil coisas novas pra guardar nos armários, e disso eu te deixo participar.
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Quando a Vida Acontece - Vol. 4
RomanceCrescer nunca foi fácil, mesmo que já se seja adulto. Baby e Zach voltaram, tentando aparar as arestas que a última crise dos dois deixou. George, neto de Malu, tenta se adaptar e se conformar com a vida em um novo país. Já Malu se vê diante de um t...