Capítulo 11: Deixa Acontecer - Grupo Revelação

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 – Gostaria de saber o que as autoridades pensarão sobre uma tentativa de homicídio com espadas... Acho que será um julgamento interessante. – Crowley disse enquanto abria a porta, sem olhar para Aziraphale.

Quando finalmente dirigiu a atenção ao vizinho, parado em sua porta, percebeu que ele segurava uma espécie de maleta branca com os dizeres "Primeiros Socorros" estampados em vermelho. Crowley não conseguiu deixar de sorrir fraco. É claro que ele teria um kit de primeiros socorros em casa.

– Eu sinto muito! Não sei ao certo o que aconteceu, quando eu percebi o vaso já tinha caído e... – Aziraphale falava freneticamente e sem pausas, claramente nervoso e extremamente culpado. Crowley sentiu uma ponta de culpa dentro de si ao lembrar da brincadeira com tentativa de assassinato.

– Não tem problema. Talvez eu tenha exagerado um pouco, tenho certeza que o máximo que pode acontecer é aparecer um galo pela manhã. – Ele coçou o local em que o vaso bateu. – Já me aconteceu coisa pior e...

– Tem problema. – Aziraphale o interrompeu, colocando a mão em seu braço para que ele parasse de falar. – Você poderia ter se ferido gravemente e o mínimo que eu posso fazer é ter certeza que tudo ficará bem. Acho que o mínimo que você pode fazer por mim é aceitar minha ajuda.

Crowley suspirou alto. Sabia que não deveria iniciar uma briga por isso, tendo em vista o estado em que Aziraphale se encontrava – ainda pálido pelo susto, era visível que queda do vaso fizera mais estragos nele do que em Crowley –, e no fundo nem queria iniciar uma briga por aquilo – alguns anos atrás com certeza, mas ele sabia muito bem, agora com décadas de experiência, que não adianta afastar pessoas que querem verdadeiramente te ajudar (mesmo que instantes antes elas tenham derrubado um vaso de espada de São Jorge na sua cabeça). Ele se afastou da porta, indicando o interior de sua casa com o braço para que o vizinho entrasse. E assim foi.

A primeira coisa que chamou a atenção de Aziraphale foi, obviamente, a quantidade exuberante de plantas, como qualquer outra pessoa também notaria. Não havia muita coisa no apartamento de Crowley além delas, que ocupavam uma parede inteira – o sofá se encontrava na parede oposta, com uma mesa de centro entre elas; de um lado ficava a porta da varanda e do outro um balcão americano que dava para uma cozinha com aparência de que nunca tinha sido usada.

Crowley apontou para o sofá e, enquanto Aziraphale se sentava, ele puxou a mesa para perto deles, para que a maleta de primeiros socorros não precisasse ficar no chão..

– Então... Como nós vamos fazer isso? – Crowley perguntou, se sentando. – Você vai precisar raspar minha cabeça para ter certeza que não tem nenhum corte nela? Vou precisar ir ao médico depois para fazer alguma cirurgia?

– Ao menos é um bom sinal. – Aziraphale molhou um pedaço de algodão com soro fisiológico. – Pelo menos nós sabemos que você está bem o suficiente para fazer piadinhas – Logo em seguida, segurou o rosto de Crowley entre as mãos, buscando atentamente algum sinal de machucado ou arranhão. Por fim, posicionou o algodão no topo da cabeça de sua cabeça, limpando os pedaços de terra que permaneceram ali após o choque.

Aziraphale percebe, enquanto passa suavemente o algodão na cabeça de Crowley, que, em uma das prateleiras e entre incontáveis plantas, se encontrava um disco de vinil do Queen. Um disco de vinil que, supôs ele, era o disco que Maggie tinha dado de presente para Crowley quando ela se mudou. O disco que Nina havia comentado que não rendera sequer um bilhete de agradecimento. Mas ali estava ele, em uma posição de destaque entre o que Aziraphale só poderia considerar serem coisas de suma importância para Crowley.

– Hã... Tudo certo por aí? – Crowley perguntou, incapaz de olhar para cima, já que sua cabeça estava sendo segurada por Aziraphale em uma posição que só o deixava olhar para as almofadas do sofá.

Good Omens - Entre Tapas e Beijos (Ineffable Husbands)Where stories live. Discover now