Capítulo 2: Mina do Condomínio - Seu Jorge.

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Como uma bola de neve, a discussão com seu vizinho fez com que Aziraphale perdesse a noção do horário, já que sua rotina cronometricamente pensada tinha sido interrompida, o que ocasionou em um atraso de alguns minutos para a abertura da livraria. Não foi um atraso considerável, e nem mesmo os compradores mais assíduos perceberam os poucos minutos – exceto, claro Muriel.

Muriel não era freguês, mas sim auxiliar da livraria – Sua contratação tinha sido recente, e Aziraphale e contratou mais pela paixão e interesse que demonstrava pelos livros ao seu redor do que pela experiência com vendas ou livros em um geral. Elu trabalhava arduamente, mas ainda não tinha muito tato com os compradores. Aziraphale não se importava com isso, até porque vendia os livros necessários para que pudesse se manter e sobreviver – ele gostava de manter o máximo de livros possíveis na livraria, e sentia muito pesar em vendê-los.

– Tudo bem, Sr. Fell? Aconteceu alguma coisa? O senhor se atrasou, isso nunca aconteceu antes. – Muriel tinha um jeito elétrico na fala (e em boa parte das demais situações também)

– Sim, sim, não precisa se preocupar comigo, eu tive apenas um... contratempo. – Aziraphale sorriu, colocando a mão no ombro de Muriel como normalmente as pessoas mais velhas faziam com os mais jovens.

– Certo, tudo bem! Espero que não tenha sido nada grave.

– Não foi nada, apenas uma coisinha boba, com certeza será resolvida com facilidade – Aziraphale sabia que aquilo não era verdade: ele estava disposto a fazer com que a situação não se resolvesse facilmente, mas não falaria isso para Muriel, que se preocuparia demasiadamente com uma situação da qual não estava em sua alçada. – Por hoje, vamos pensar no trabalho, certo?

– Sim senhor! – Muriel entrou com entusiasmo na livraria da qual Aziraphale acabara de abrir, alterando a placa de "fechado" para "aberto" logo em seguida.

Aziraphale sabia que sua vantagem era muito óbvia: ele mantinha uma relação muito amigável com todos os moradores do prédio (exceto Gabriel, que parecia sempre desconfortável com todas as pessoas. Para Aziraphale era pelo papel de síndico, mas para outros se tratava mais de uma certa soberba, mas isso já tinha virado passado, pois Gabriel voltou mudado da lua de mel.). Ele resolveu usar essa relação saudável com seus vizinhos para investigar um pouco a vida de Crowley.

– Muriel, você consegue tomar conta da loja por um tempinho? Eu preciso resolver algumas coisinhas, mas volto rápido. – Muriel assentiu entusiasmadamente com a cabeça, pois gostava de sentir que seu chefe tinha confiança em seu trabalho.

Maggie e Nina, felizmente, trabalhavam bem perto da livraria e, com uma cajadada só, ele conseguiria tomar finalmente o chá que não conseguiu pela manhã. Pensando alegremente em sua xícara de chá, se dirigiu à cafeteria de Nina. Nina morava no prédio há cerca de cinco anos, mas Maggie tinha se mudado apenas alguns meses atrás, quando as duas resolveram oficializar o namoro.

Aziraphale, com as bochechas rosadas de animação ao pensar o que pediria para acompanhar o chá, sentou-se em uma das mesas do fundo, aguardando um momento em que Nina não estivesse tão atarefada.

– Senhor Fell, o que faz por aqui? Já faz um tempo que não nos encontramos na cafeteria – Nina tinha um pano de prato descansando em seu ombro esquerdo. Aziraphale demorou um pouco para responder, entretido com o cardápio.

– O principal é que eu adoraria uma boa xícara de chá e... um pedaço de bolo de cenoura, por favor. – Ele sorriu. O rubor forte de suas bochechas fazia com que seu cabelo loiro ficasse ainda mais claro, muito próximo de um tom de branco. – O não tão importante quanto o bolo mas ainda sim de alguma importância: eu gostaria de conversar com você e Maggie, se não for atrapalhar as duas.

Good Omens - Entre Tapas e Beijos (Ineffable Husbands)Where stories live. Discover now