16: O não tão esperado baile

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Justin Bieber

Finalmente, com o fim da semana, também foi alcançado o não tão esperado baile de outono; me sinto relutante em celebrar o fato de que toda essa rotina cansativa que decorre ao baile estava prestes a se findar hoje, pois ainda sinto que restarão obstáculos para a minha tranquilidade. Esse passageiro e raso momento de celebração na escola quanto a esse baile tem tomado conta dos corredores daquele prédio a sete longos e desesperadores dias. Me vi exausto de ouvir ininterruptamente sobre convites, arranjos e escolha de acompanhantes. A cansativa recusa aos convites para o evento tornou-se um castigo e logo uma tortura para mim.

Consigo me sentir mais amargo ao me recordar de que o anelado baile apenas significará o início de um novo tormento, com as novas discussões e pautas quanto aos acontecimentos do baile, girando sempre em torno das fofocas que todos fingimos não nos interessar. Fico satisfeito em saber que dessa vez não farei parte de nenhum burburinho relacionado a essa festividade inútil, mesmo assim ainda não estou isento de ouvir as mais irrelevantes fofocas que estarão presentes em cada centímetro daquela escola pelos próximos dias.

Passei toda a tarde de ontem auxiliando com a produção do evento, devido a um único pedido vindo da princesinha - Hazel. Esta garota constantemente me envolve em situações complicadas às quais eu acabo concordando sem objeções. Tenho percebido que estou gradualmente me tornando mais suscetível ao seu controle, e tenho consciência de que isso pode me causar problemas no futuro. No entanto, mesmo sabendo disso, não estou tomando medidas para evitar, o que me faz refletir o porquê eu faço isso.

O dia foi menos agradável do que eu imaginei que fosse, com exceção, é claro, do momento em que eu consegui ficar sozinho com Hazel depois de cair, tanto na enfermaria quanto na sala de minha madrasta, quando eu e Hazel pedimos comida japonesa e comemos escondidos porque não queríamos dividir com ninguém, mesmo sentindo como se tivesse estourado meu crânio, quebrado o meu pé e perfurado os meus pulmões; aquele momento foi bom, ainda que eu não tenha recebido a minha resposta, aquela fala dela foi realmente muito suspeita, mas por enquanto eu quero ignorar aquilo. Quando o assunto é Hazel, eu simplesmente prefiro ignorar a bomba até ela explodir, me poupa de preocupações.

Sem dúvida, aquela tarde na escola teria sido mais agradável se não fosse pela presença constante de Monique. Essa garota consegue me irritar de uma forma que poucos no mundo são capazes. Não nego que me esforcei para ignorar a sua existência na Terra, no entanto, não era o suficiente, ela continua existindo contra a minha vontade. Após Hazel e eu voltarmos para o salão, tive uma breve discussão com Monique. Não houve alvoroço, mas definitivamente saímos irritados da conversa, se é que posso chamá-la assim. No entanto, algo positivo surgiu dessa situação, Hazel percebeu a tensão e sugeriu que passássemos um tempo a sós. Inicialmente, pensamos em ir para a sala do zelador, mas, ultimamente, lugares pequenos não são a melhor opção para mim. Por isso, consegui convencê-la a irmos para a área de espectadores no campo.

Minha claustrofobia voltou a sua força máxima nos últimos dias, de maneira que eu não consigo pensar em lugares fechados; tenho ciência de que o motivo disso são aquelas ligações que, mesmo que tenham cessado, ainda não obtive uma resposta do que elas eram. Elas trouxeram à tona lembranças da minha infância as quais eu pensei que tinha enterrado nas profundezas da minha mente, tão profundo que ninguém pudesse alcançá-las e trazê-las à tona novamente; acreditei que nem mesmo eu fosse capaz de ressuscitar isso. Consegui com muito sucesso não pensar na minha infância por oito anos; era capaz de contornar a minha própria mente quando, por algum motivo, eu viajava até essas memórias, contudo, parece que agora elas estão vindo com toda a força em minha direção.

- Devin, presta atenção! - Pedi quando ele parou de jogar para mexer no celular. Não posso reclamar muito, eu estava distraído e se perdêssemos não seria apenas culpa dele.

I (Already) Love You Where stories live. Discover now