Capítulo 3

163 5 1
                                    

"Porque, às vezes, acontecem coisas com as pessoas com as quais elas não estão preparadas para lidar."
Em Chamas, página 40


Completamente ofegante, olho para Peeta. É impossível não ver a irritação em sua feição.

— Mas que merda! — digo. — Quem será que é?

— Vamos descobrir — ele me dá um último selinho e libera meu corpo do peso do seu.

Poderíamos simplesmente ignorar quem quer que seja batendo à porta, mas é bem provável que a campainha tenha acordado as crianças, impedindo-nos de continuar, de qualquer maneira.

Recoloco meu sutiã e vestido enquanto Peeta me olha com desejo. Que droga! Se tiverem tocado apenas para nos oferecer algo para vender ou qualquer outra idiotice, farei questão de ser mal educada!

Descemos a escada e vamos até a porta, encontrando Haymitch do lado de fora.

— O que foi agora? — disparo, ainda irritada com a interrupção.
— Calma, meu amor — Peeta diz, tranquilizador. — Quer entrar, Haymitch?
— Sim, por favor. Preciso da ajuda de vocês.

Peeta e Haymitch se sentam à mesa da cozinha, enquanto eu vou até a sala checar as crianças. Rye ainda dorme e Willow assiste atentamente a televisão. Vou até a cozinha e Peeta está servindo chá a Haymitch. Há também biscoitinhos decorados na mesa.

— Quer um pouco de chá, Katniss? — Ele pergunta.
— Sim, obrigada.

Haymitch espera Peeta terminar de encher minha xícara com o chá, que agora aprecio sem açúcar graças à ele, e começa a falar.

— Eu sei que fiz merda. Sei que Effie não merecia ter passado por tudo aquilo, mas ainda assim, ela me perdoou. Vou começar a me tratar porque não quero perdê-la ou machucá-la.
— Antes tarde do que nunca — digo, zangada. Levo minha xícara de chá à boca, não porque quero bebê-lo, mas sim para demonstrar minha indiferença, mas no momento em que o líquido extremamente quente toca meus lábios, recoloco a xícara na mesa, como se nada tivesse acontecido.

— Katniss, dê uma chance a ele — Peeta pede, apaziguador.
— Sei que o que fiz foi muito errado, e por mais que ela tenha dito que me perdoou, palavras não são o bastante. Quero fazer algo para surpreendê-la, quero ser romântico.
— E qual é a sua ideia, Haymitch? — pergunto, curiosa. Talvez eu tenha sido dura demais com ele.
— E é aí que entra a ajuda de vocês. Eu não entendo nada sobre ser romântico — instantaneamente, dirigimos nosso olhar a Peeta. Sim, sou mais romântica do que Haymitch, mas se entre nós há um vencedor nesse quesito, com toda a certeza é Peeta. — O que você sugere?
— Preciso pensar... Katniss, você a conhece melhor do que eu. Do que Effie gosta?

Começo a vasculhar minha mente entre as muitas conversas que tivemos sobre o assunto. Coisas grandiosas não surpreendem Effie, levando em consideração que ela viveu grande parte de sua vida na Capital e exageros faziam parte de seu dia a dia. Mas lembro-me vagamente de um agradável fim de tarde de um dia de verão, Willow ainda era um bebê e Effie a tinha nos braços. Estávamos nos confins da Costura e os tons de laranja do pôr do sol emolduravam a paisagem. Ao nosso redor, flores coloridas decoravam o campo. Sua voz ecoa em meu ouvido: "E eu pensava que festas luxuosas e estar sempre usando a última moda fossem sinônimo de viver intensamente. Mas isso aqui, isso aqui é outra coisa. Nunca vi nada tão lindo."

— Podemos preparar um piquenique — digo, animada. Sim, Effie adoraria um piquenique.
— Um piquenique? — Haymitch pergunta, um pouco incrédulo.
— Confie em mim. Ela vai adorar.
— Sim, ótima ideia — Peeta diz, sorrindo. — E onde poderia ser esse piquenique?
— Tem um lugar... fica perto da floresta. É uma saliência de rocha que dá vista para um vale.

𝑹𝒆𝒏𝒂𝒔𝒄𝒆𝒏𝒅𝒐 𝒅𝒂𝒔 𝑪𝒊𝒏𝒛𝒂𝒔Where stories live. Discover now