Verão 1

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— Shokooo — Minha voz era preguiçosa enquanto estava esparramada na grama.

O dia era quente, um sol de rachar mesmo, daqueles que não dá nem vontade de comer nada que não esteja congelado.

Até Shoko não conseguia fumar hoje, era impossível acender um isqueiro sem entrar em combustão espontânea. Ela estava comigo na grama, iguais a duas estrelas do mar cobertas de sal.

— O quêê? — A voz dela sai como se estivesse derretendo por dentro.

— Manda seus amigos trazerem limonada — Digo preguiçosa enquanto bato meu pé repetidas vezes em Gojo, que conseguiu dormir com esse calor todo.

Devo admitir que é muito fofo quando ele apaga, estava usando a jaqueta do uniforme como travesseiro e só usava uma regata, exibindo seu corpo magro, definido e extremamente branco, falando assim... Nem parece que ele tem a alma de uma criança encapetada dentro de si.

Mas eu preciso de suco de limão gelado, então ele tem que acordar... De preferência logo.

– Geto, Geto — Shoko bate a mão no rosto do moreno que estava com os cabelos totalmente presos. Ele e Gojo pareciam ter combinado, já que ambos deitaram na mesma posição fazendo o mesmo travesseiro com os casacos.

— Que é? — Os dois mal-humoradamente tentam fazer o motivo de terem acordado parar, no caso, a gente.

— Limonada — me divirto batendo em Gojo com meu pé descalço, por ele estar ainda sonolento, está bem mais devagar, em outras palavras, da pra bater nele um pouquinho.

— A gente quer — Shoko dava puxadinhas nos cabelos de Geto.

Eu tenho certeza que fomos amaldiçoadas assim que os dois ficaram de pé como duas massinhas de modelar prestes a se desfazer entre os dedos.

— Vocês combinam a roupa? — Perguntei vendo os dois gatos esfregando os olhos e se esticando.

Gojo de regata branca e Geto de regata preta, eles sabem que tem o físico de quem pode usar regata.

Como assim "podem usar regata"?

Tem um grupo seleto de homens que podem usar regata sem ficar ridículo.
Geto e Gojo são os homens que podem.

Qualquer mulher pode usar regata, elas usam o que quiserem, amém.

— Então as madames querem limonada? Sério? — o moreno ajeita os cabelos, estavam amassados por ele estar deitado à bastante tempo.

— Queremos — balanço minha mão displicente, voltando a me deitar na grama pra não contemplar por tempo demais essa visão cegante dos meus dois colegas e amigos que ridiculamente são lindos.

— Preguiçosa — Satoru me cutuca com o pé antes de sair andando.

— Doeu! — Eu teria dado uma chicotada de energia amaldiçoada nele por isso.

— Era pra doer mesmo, fracote — Ele cantarola.

— Vê se cresce, Satoru — Geto chama a atenção, mas ri.

Não demorou nem quinze minutos e já estávamos com nossos copos cheios de gelo e limonada refrescante.

— Obrigada, meninos — Digo com o humor muito melhorado, já sentindo bem menos o bafo infernal na minha cabeça.

— Não precisa agradecer — Geto disse todo maduro enquanto coloca a mais limonada em seu copo e no da Shoko também.

— A gente tem que agradar a nossa encalhada favorita — Satoru ri por cima dos óculos. Ele sabia que isso me irritava.

— Cadê meu sapato? — eu procuro pelo gramado próximo, eu vou jogar isso na cabeça desse platinado maldito.

— Pra que a violência, Nana? — Shoko mantém meus sapatos longe de alcance.

ELA PERDGUNTOU ISSO MESMO?

Então está na hora de eu me apresentar, Naomi Nara... Ou Nana para os idiotas dos meus amigos.
Tenho 16 anos, cabelos pretos muito longos que eu adoro mudar a cor das pontas, isso faz eles serem meio quebradiços. O meu uniforme é igualzinho o da Shoko, a gente pediu o nosso juntas e ficamos fofas combinando!

Droga, sai pela tangente. Enfim, como nada é perfeito... Eu meio que tenho uma "maldição"... A minha vida amorosa NUNCA, entenda isso, NUNCA dá certo.

Eu consigo um namoradinho e de repente ele some, não fala mais comigo, aparece com outra menina, um verdadeiro inferno!
Mas é óbvio, como parece ser pré requisito pra entrar nessa turma, eu sou lindíssima... Apenas tenho um dedo podre e uma péssima sorte.

— Você é assim desde o fundamental, não adianta mudar, vai morrer solteirona —  Geto ri despreocupado, retiro tudo que disse sobre ele ser maduro! eu quero matar ele!

— Para! Não tem graça — Pego mais limonada e me levanto. Nem deu tempo de fazer uma ceninha, o nosso professor apareceu.

— Achei os quatro preguiçosos — ele parecia meio bravo, estava suando igual um porco na véspera de Natal.

— Não achou nada, tá vendo coisa — Satoru se abana com a mão.

— Andem logo, vocês tem missões urgentes — Ele sai marchando que nem um sargentão.

Enquanto reclamavamos da vida, nos arrastamos até o escritório do Yaga.

— Geto, Gojo e Nara vão se deslocar até o oeste de Shimane, tem relatos de maldições que se deslocam pelos campos de arroz — Ele já começa nos separando, algo que não me deixa nem um pouquinho satisfeita — vão investigar as maldições e eliminá-las, eu e Shoko vamos cuidar a respeito de uma doença estranha que tem afetado a energia amaldiçoada de pessoas que não são feiticeiros.

Depois disso ele quase chutou a gente pra fora da sala dele só com as passagens de avião.

— Olha, pelas minhas contas, a gente tem menos de meia hora pra sair daqui se não quiser perder o voo — Geto fala calmamente enquanto investiga a passagem... Percebendo no instante seguinte o pouco tempo que tínhamos.

A cena dele arregalando os olhos lentamente foi algo pra se lembrar.

— MEIA HORA? — Gritamos os três antes de sairmos a toda velocidade para os dormitórios.

— QUEM CHEGAR POR ÚLTIMO É A MULHER DO PADRE! — Obviamente foi o Satoru quem disse isso.

— ENTÃO O GATO JÁ PODE PREPARAR AS ALIANÇAS — eu sou competitiva, ficar pra trás desses dois é muito fácil!
Pulei um muro e passei na frente dos dois.

— Idiotas — ouvi Geto murmurar de lá de trás, logo depois ouvi um rugido estranho e... A porra de uma maldição em formato de dragao chinês passa raspando por cima das nossas cabeças.

— Tá valendo jujutsu? — Satoru diz antes de sorrir malignamente, ele simplesmente começou a correr pelo ar.

— Então é assim? — Paro e Respiro fundo, linhas de energia amaldiçoada se formam e — Jogo de linhas!

Eu uso essas cordas pra simplesmente puxar o meu corpo em alta velocidade até o meu quarto.

— Sem graça! — ouvi os meninos dizerem do outro lado do corredor, chegando depois de mim.

Arrumei uma mochila enquanto ouvia os rapazotes brigando a uma distância considerável... Ainda bem que eles não tem vizinhos, tenho pena dos alunos do primeiro ano que ficam mais perto.

— Os bebêzoes vão demorar muito? — chuto a porta de Geto, vendo um rombo fodido na na parede que separada o quarto dos dois... Eles estavam discutindo por aí!

— Eu estou dizendo pro Satoru que não precisa pegar uma mala pra uma viagem simples! — Geto estava descabelado, parecia ter apertado seus próprios fios vezes demais tentando não esganar o colega.

— Eu sou um homem muito preparado! Preciso de uma roupa para cada ocasião necessária! —eu juro que vi Satoru enfiar uma bermuda azul florida dentro da mala.

Dias de Verão - Gojo/Geto/ LeitoraWhere stories live. Discover now