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Os dias se passam e o que era pra ser feliz acaba se tornando muito morno e triste, cada vez mais triste.

Não tinha mais vontade de nada, tudo parecia horrível, sem vida, chato e triste. Não conseguia chorar mais uma lágrima sequer, mas me sentia amargamente culpado por tudo o que tinha acontecido entre eu e Jaemin.

Chorei em silêncio, sem falar com ninguém sobre o ocorrido.

Preferia guardar tudo para mim mesmo de primeiro minuto, porque querendo ou não, estava louco para explodir.

Não conseguia julgar Jaemin, mas também não conseguia achar justo aquilo tudo terminar daquele jeito e nos obrigarmos a fingir que não aconteceu nada.

Estava destruído e me odiava arduamente por ter expresso meus sentimentos, porque agora não tinha mais Jaemin ao meu lado.

Num fim de um expediente concluído com muito esforço, passei a analisar as pessoas passando do outro lado da rua pela janela enorme do estabelecimento.

Estive com costume de fazer isso nos últimos dias.

Não queria cuidar da vida de ninguém, mas queria poder encontrar algo para distrair meus pensamentos.

Não sabia diferenciar aquele dia ntender se aquilo era realmente um dia de trabalho ou um enterro.

Boa tarde, gatinho? — mesmo em meio aos meus pensamentos, escutei uma voz ecoar no pé do meu ouvido.

Sorri de relance e vi Jeno me olhando de cima.

— Jeno! Não te vi entrar... — o abracei com calma, sentindo ele me acolher em seus braços e de mesmo tom, pude sentir seu cheiro em sua blusa.

— Como está? Te enchi de mensagens, mas você não respondeu nenhuma... cheguei a vir aqui e você não estava. — ele me soltou do abraço, me olhando atentamente e com aquelas suas sobrancelhas expressivas.

Não podia contar nada pra ele, mas Jeno ainda conseguia notar como eu estava mal.

— Ando um pouco cabisbaixo por causa de dores e... essas coisas. — menti, sorrindo com os lábios.

Ele suspirou fundo, certamente não acreditou no que disse.

— Fecha a loja e vamos dar uma volta! Quero te levar pra passear. — ele sorriu com os lábios de volta, acariciando com o dedo meu rosto e cutucando a ponta de meu nariz.

Não tinha como negar aquela companhia.

[...]

Sentados lado a lado num banco de madeira do parque central da cidade, observavamos o lento movimento sem dizer muitas palavras.

Vez ou outra ele puxava assunto, mas eu estava imerso de lembranças de Jaemin e aquilo parecia menos doloroso se eu continuasse quieto.

— Eu e Yukhei compramos um apê e estamos morando juntos... — ele voltava a puxar assunto — Sinto saudade de Chaewon.

Como já tinham se passado uns meses desde que Jeno se empregou, ele tinha novidades pra contar gradativamente.

— Agora você tem uma casa, pode levar ela pra dormir com você quando quiser. — ri sôfrego e breve com o que dizia, arrancando um sorriso frouxo de Jeno.

Eu queria ficar feliz por ele, mas eu estava ainda muito triste

Ele se aproximou mais de mim, colocando um de seus braços em volta do meu pescoço e, pelo contato, me obrigando a deitar meu rosto em seu ombro.

— Tem certeza que não quer falar o que houve? — ele me questionou de novo em um tom de voz acolhedor e calmo.

— Só ando doente. — continuei mentindo, sabendo que já não estava convencendo ele.

— Você sabe que pode confiar em mim. Sabe, Renjun? — ele continuava, começando a acariciar meus cabelos com a ponta dos dedos.

O jeito que Jeno me tratava e falava comigo me deixava ainda mais sensível, mas não de uma maneira negativa.

Eram apenas meus pensamentos e um pouco de carinho me fazendo querer se acabar no choro.

— Eu não quero mais falar sobre o que eu sinto, porque isso vai afastar quem eu amo de perto de mim.

— Quem te disse isso?

— Ninguém... eu apenas sei e isso dói muito... dói demais... — não aguentava mais procurar palavras pra descrever o que estava acontecendo a Jeno, por mais que nem devesse tentar.

O aperto no meu peito só crescia a medida que eu me calei e ele continuou quieto ao meu lado me dando carinho e ouvidos.

No fim, eu disse a Jaemin que iria ajudar ele a superar Jeno, mas quem precisava de ajuda para superar alguém era eu.

Eu acabei caindo no choro ali ao seu lado, escondendo meu rosto com as duas mãos e soluçando angustiado por tudo.

Naquele momento eu nem queria saber o que ele pensava, apenas queria tirar aquela dor do meu peito e esquecer Jaemin de uma vez por todas.

Jeno me abraçou, mesmo que de um jeito desajeitado, ele me deu colo para chorar o tanto que precisava ali naquele banco e naquela praça pouco povoada.

— Eu não me importo se o que você tenha a dizer me machuque ou não, Renjun. — ele segurou meu rosto e me fez olhar em seus olhos — Eu vou sempre estar ao seu lado e sempre vou tentar de tudo pra te fazer feliz, ouviu? Então respira fundo.

Ele falava com a voz mansa, me olhando fundo nos olhos e me ajudando a tentar tomar rumo do meu fôlego.

Ele acariciava meu rosto dessa vez e eu olhava pro rosto dele com todo carinho do mundo. Jeno era tão bonito de perto que parecia irreal.

No fundo me sentia um bobo de indiretamente obrigá-lo a me ajudar a se acalmar numa crise de choro, mas querendo ou não, aquela atenção dele e aquele carinho que recebia funcionava.

Eu finalmente conseguia respirar fundo e parar de chorar.

— Obrigado... — eu o agradeci em um tom de voz quase mudo.

Ele sorriu com os lábios e secou meu rosto, me olhando ainda em meio ao abraço.

— Dorme na minha casa hoje, tudo bem?

pink letter | renminOnde as histórias ganham vida. Descobre agora