O ciclo lunar é composto de fases, a vida das pessoas também.
Charles Leclerc já tinha atingido seu fundo do poço, agora não tinha mais pra onde descer, o único caminho possível é pra cima. E é pra lá que ele quer ir. Impondo mudanças na equipe, cui...
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Monte Carlo, Mônaco - Charles? - foi inevitável que Selene acordasse quando sentiu o piloto se mover sob ela, o fato deles terem dormido abraçados a ajudava a perceber claro, suas pernas ainda estava entrelaçadas
Mas Leclerc se encolhia na cama, diminuindo cada vez mais sua estatura e se afastando da grega em espasmos violentos, seus olhos se moviam inquietos sob as pálpebras e o pesadelo parecia vivido até demais. Selene sentia seu próprio coração acelerar, desesperada para ajudá-lo, para fazer qualquer coisa que o fizesse sair do terror noturno.
A noite deles tinha começado tão bem, porque tinha que acontecer aquilo, porque algo sempre tiraria sua paz?
- Charles! - ela se aproximou novamente, retirando a distância que ele tinha colocado e balançou o ombro dele, chamando firme pra trazê-lo de volta - Kalósyni... acorda, eu tô aqui, você tá bem, não tem nada acontecendo, por favor.
Mas ele não respondia, não fazia menção de acordar, apenas murmúrios desesperados fugiam seus lábios, murmúrios em italiano, que Selene não conseguiria entender nem mesmo se se esforçasse. Até que um grito rouco lhe fugiu da garganta ao mesmo tempo em que ele se levantava com um impulso, sentando na cama.
- Charles! - Selene exclamou assustada com a velocidade que ele tinha levantado, mas respirou fundo e prestou atenção nele, atenta enquanto ele ofegava, a mão no peito e os olhos perdidos.
Selene tentou tocar o ombro dele para de alguma forma ajudar, mas se surpreendeu ao sentir a pele do monegasco fervendo, além do suor que o encharcava.
- Selene… - ele conseguiu murmurar quando os olhos opacos chegaram nela, seu corpo ainda tremia violentamente - Me ajuda
O tom era tão suplicante que arrancou o ar da grega, ele estava implorando pra ela, implorando que ela fizesse o que já estava disposta.
- Qualquer coisa - foi a resposta imediata dela
- Meu remédio - ele falou com o tom ainda ofegante, sua mente estava nublada pela dor e pelo desespero do pesadelo que ainda o perseguia - O sedativo, pega pra mim, por favor
- Onde tá? - mais uma vez disposição absoluta, ela questionaria a medicação mais tarde
- Na carteira - ele respondeu, tentando voltar a razão e observou ela se levantar, o corpo pequeno e coberto por sua camisa e o cabelo bagunçado, indo até as roupas largadas no chão e encontrando a calça que o piloto usava na noite anterior, tateando o tecido e tirando a carteira preta de um dos bolsos
Quando estava com a carteira em mãos, Selene não conseguiu sequer reparar nos cartões pretos ali, nas notas de euros ou em todo o dinheiro que poderia ter ali, ela só conseguiu pegar as duas cartelas de remédio e mesmo no breu do quarto, tentar identificar qual era o que o fazia dormir.
- Vai te fazer apagar? - ela perguntou voltando pra perto dele, apenas com um comprimido, entendia o suficiente de medicação e de desespero pra saber que não deveria deixar toda a cartela ao alcance dele - Dormir bem?
