James e Remus não sabiam quem eu era. Sirius nunca havia falado sobre mim.

-Você me apagou.

- O quê?- Sirius perguntou, a voz baixa enquanto olhava pra mim.

- Você não contou aos seus amigos sobre mim, e eu nem estou falando de tudo, estou falando... você nem contou que a gente é irmão, porque que outras pessoas tem nomes como os nossos? - eu disse, de repente me sentindo pesado - Você quis mesmo me apagar da sua vida? A ponto de fazer isso, de me tornar tão insignificante pra você que nada sobre mim mereceu ser contado ao seu futuro marido?

- Você não é insignificante - Sirius respondeu.

- Então porque você nunca voltou?- eu gritei e Sirius deu dois passos para trás.

E ele olhou pra mim como se estivesse preste a se desfazer, como se tivesse visto em meu rosto algo que desejaria jamais ter visto.

- O que eu deveria fazer Regulus? - sua voz era calma comparada a explosão da minha, seus olhos azuis marejados - Eu tinha 14 anos e não sabia o que fazer.

- Então você fugiu?- eu perguntei - Essa foi a sua resp...

- O quê? - ele me cortou, confusão em seus olhos- Eu não fugi Regulus... eu, o que eles contaram pra você?

- do que você você está falando?

- eu não fugi- Sirius diz se sentando ao meu lado no sofá, sua voz calma- Mamãe me mandou para um internato na França.

que merda é essa?. foi o que eu pensei, como se de repente eu fosse o alvo e a vida estivesse atirando descontroladamente flechas em mim

- Eu não consigo entender - eu digo, minha voz falha e eu sinto vontade de rir.

Sirius se aproximou de mim, um sorriso fraco na face confusa e eu notei reflexos de lágrimas em seus olhos.

- Era simples no início- ele disse- eu deveria ficar no internato até completar 18 anos, eles iriam pagar todas as despesas e eu ficaria longe de problemas, e deles. - ele solta uma risada baixa e eu percebo que está segurando as lágrimas.

- E depois?

- Depois eu recebi uma ligação da mamãe, no meu aniversário de 18 - ele disse, soltando uma risada sem graça- Ela me disse que talvez fosse melhor eu não voltar pra casa, que eu poderia fazer o que quisesse. Uma forma mais sutil de me expulsar da vida deles.

Sirius rir novamente, é só quando ele se concentra em meu rosto que encontra meu olhar, que eu piso no mar azul de seus olhos, afundo-me imediatamente e me afogo.

Sinto como se alguém tivesse dado um soco em meus pulmões e me arrancado todo o oxigênio.

que merda é essa?

- Mas... porquê? - pergunto, porque de repente eu sinto como se não conhecesse mais meus próprios pais.

- Eu não sei, eles nunca foram gentis comigo.

Eu me levanto e paro em cima do tapete bonito, penso em como tudo parece pior agora. Mas ainda existe uma dúvida que su preciso tirar.

- Mas é sobre mim? - pergunto. Vejo quando Sirius se levanta também e para na minha frente.

- Sobre você?

- Você nunca me procurou.

- Eles me disseram que você não queria me ver, que você me odiava Regulus- posso ver a mágoa nele agora, derramando pelos olhos azuis iguais aos meus.- Eles..

- Não era verdade- eu digo antes que ele possa terminar - Eles me disseram coisas horríveis sobre você, mas eu nunca acreditei. Eu senti sua falta todos os dias desde que partiu, eu nunca poderia odiar você Sirius, você é meu irmão.

Eu não consigo notar quando a sensação de mágoa se dissipa, mas de repente, Sirius está sorrindo e lágrimas saem de seus olhos azuis. E tudo eu consigo pensar é que talvez eu já não conheça tanto assim meu próprio irmão.

Antes que eu possa falar mais alguma coisa, a porta da sala se abre e Remus entra.

- Me desculpa interromper vocês- ele fala um pouco envergonhado - Mas tem uma confusão lá em cima Pads, você precisa ir lá.

- Já vou Moony, só um minuto - ele olha pra mim outra vez- Estou tão feliz que você veio me procurar Reggie, não vá embora agora por favor.

Então ele sai, sorrindo pra mim e enxugando as lágrimas dos olhos, me deixando parado em cima do tapete da sala, com Remus na porta.

E é só quando ele desaparece no corredor que eu me dou conta.

Sirius não sabe que eu fugi.

Ele não sabe que eu pensei anos o julgando por algo que na verdade, fui eu quem fiz. Não posso evitar me sentir culpado.

- Eu não sabia que era você - Remus diz parado a porta - Eu deveria ter adivinhado, eu acho, me desculpa.

- Tudo bem, não é sua culpa.

O garoto mais lindo do mundo sorrir pra mim, e eu penso na sorte que Sirius teve.

- Vem - ele puxa meu braço- James tá realmente confuso, você precisa ver.

Voltamos pela escada e a festa lá em cima continuava. Vi Sirius conversando com um homem um pouco alterado e Remus rapidamente se fez presente ao seu lado. James estava perto do bar e veio até mim quando me viu.

- Ei- disse ele- Remus me fez prometer que iria te deixar em paz, mas você está bem?

- Estou.

A noite continuou e James me apresentou a várias pessoas. Foram apresentações rápidas, já que a maioria deles realmente não falava inglês.

- Acho que preciso mesmo te ensinar alemão- James riu.

Olhei em volta para o terraço reluzente e me perguntei quando tudo aquilo ia terminar. Ah, sim, minha fuga para Vienna também . Mas, principalmente, a festa.

Às cinco da manhã, todos continuavam firmes e fortes. James voltou do balcão do bar com uma garrafa de champanhe.

- Um brinde- ele disse - A muitas coisas. Ao novo bar do Moony e do Pads. E ao nosso nosso amigos, Regulus.

Ele segurou a garrafa embaixo do braço enquanto puxava a rolha e, quando escutei aquele pop inconfundível, percebi que estava completamente extasiado com aquelas pessoas.

Saímos do bar às seis da manhã. Sirius me disse pra voltar para podermos conversar e me abraçou por longos minutos.

Segui James pelas ruas de Vienna em direção ao seu apartamento enquanto ouvia os ruídos da cidade recém desperta.

E enquanto escovávamos os dentes lado a lado na banheiro, James sorriu pra mim pelo espelho.

- Espero que meus amigos não tenham te deixado completamente assustado essa noite - ele disse. Um pouco de pasta de dente escorreu pela sua bochecha.

- Você está brincando? - perguntei - Eu me diverti muito!

Ele sorriu mais ainda, até que seu rosto assumiu uma expressão confusa.

- Eu deveria saber - ela fala mais pra si mesmo do que pra mim - Me sinto culpado por não ter notado. Bem, de qualquer forma, quais são os seus planos para o restante da sua estadia aqui?

-Na verdade, eu não tenho plano nenhum.

- Ótimo, você pode ficar no meu apartamento o quanto precisar.

- Não, não- respondi, fazendo gargarejo com água- Não posso.

James cuspiu na pia.

- Nunca te falaram pra não falar com a boca cheia- Ele me passou uma toalha de rosto- Eu insisto.

- É muita gentileza da sua parte, mas eu acabaria incomod....

- Não, bobo- ele disse, balançando a mão na minha cara. - Você é mais do que bem-vindo aqui. Eu ficaria muito feliz em te hospedar. Extasiado. Deslumbrado. - Ele abriu um sorriso brincalhão. - Gostou da minha hospitalidade americana?

Eu sorri, porque nunca tinha conhecido alguém como James, alguém que era quase o próprio Sol.

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