"Sem saída"

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— Que droga! — Sinto algo pegajoso e duro com meus pés, era um cadáver, que, a julgar pelo estado, estaria em uma greve decomposição. 

Entro pela janela de uma casa a procura de suprimentos. Já fazia 244 dias que eu estava viva. Matei 345 zumbis e 44 pessoas. Eu não tinha ninguém, já estava acostumada a perambular por aí sem medo nenhum. Minha mãe e meu irmão haviam sido infectados, e o meu melhor amigo também. 

A medida que vou me aproximando dos outros cômodos, vou verificando cada armário e canto. Podia haver zumbis, mas para a sorte deles não tinha nenhum. Vasculho pelos armários da cozinha e encontro uma caixa, havia várias comidas na validade, então eu podia me virar com aquilo. 

— Deveria ter mais cuidado. — Me viro rapidamente para o som da voz. Era um homem, seus cabelos eram curtos, dois dedos abaixo do pescoço, em suas mãos havia uma espécie de besta (arco e flecha), suas roupas o descreviam perfeitamente, parecia reservado e revelava ser um homem de poucas palavras.

“Como eu não o vi entrar?”

— Sou Daryl, e você é quem? — Seu semblante parecia sério, seus olhos percorriam pelo meu corpo, aquilo que parecia ser segundos se tornou em minutos. 

— Se você puder abaixar essa sua besta, eu poderei me apresentar. — O homem finaliza seu olhar e rapidamente abaixa sua arma.

Antes que eu pudesse dar iniciativa para uma conversação amigável, em um movimento ágil e surpreendente, avanço rapidamente em sua direção, no momento em que ele estava diante de mim, meus braços envolveram seu pescoço, enquanto minhas pernas firmaram-se em torno do seu corpo, formando um mata-leão impenetrável. A pressão em seu pescoço aumentou gradualmente, e cada respiração tornou-se um desafio. Daryl não desistiu nenhum momento em lutar contra aquela situação. Ele se debatia, não demorou muito para que aquela pequena luta terminasse. Daryl conseguiu golpear a minha testa com sua cabeça. Não demorou muito para que meu corpo adormecesse, eu estava exausta, fazia 3 dias que não comia e não dormia, e aquele golpe me fez ceder.

Um tempo depois, acordei com uma explosão. Acordo rapidamente e tento me levantar, porém, foi falho, eu estava amarrada. Uma forte dor invadiu a minha cabeça, o que fez me debater de dor. Ouço umas vozes e, após, uma grande luz invade meus olhos. Os fecho rapidamente com o reflexo, uma sobra toma o cenário da luz, e assim se cessou e eu consigo ver a feição de Daryl.

— Que droga! — Reclamo diante da situação. Eu estava presa, não tinha muito o que fazer. 

— Se tivesse me falado seu nome, não estaria nessa situação. — O homem acende um cigarro e segue seu olhar fixo à parede do caminhão. 

— Não preciso de caridade. Sei me virar. — Retruco. Não havia muito o que fazer, não queria me entregar facilmente a uma pessoa desconhecida, vivi muitas coisas sozinha e pretendo continuar. 

— Me diz o seu nome e eu lhe desamarro. — O homem move seu olhar em minha direção.

— Está tudo bem aí? — Uma voz feminina questiona Daryl, que logo responde com um "sim", e assim a mulher ligou o caminhão e seguiu caminho.

— Quer dizer que tem mais de você? Devo ser muito sortuda por encontrar vocês. — Falo em um tom sarcástico.

— Você cavou sua própria cova, me golpeando. — Daryl finaliza seu cigarro e joga por uma fresta que havia no caminhão de tanque. Ele se aproxima lentamente de mim, leva seu dedo gentilmente em meu queixo e direciona o meu olhar ao seu. — Irei lhe soltar, mas se fizer alguma besteira, considere-a uma mulher morta! 

E assim ele efetuou, soltou minhas mãos e minhas pernas. Seus toques eram rápidos e precisos. Logo que ele me soltou, aliviou a dor, levei a palma das minhas mãos no local das marcas que a corda realizou, massageando e aliviando um pouco a dor.

— Esteja ciente que, se você fizer alguma gracinha comigo, eu irei até os confins do inferno para lhe caçar. — Finalizo a massagem e olho para o mesmo que já estava na sua posição anterior. 

— Bom começo. — Daryl diz em um tom sarcástico. Reviro os olhos para o comentário do mesmo e dou um forte suspiro. 

— Me chamo S/n. 

— Matou quantas pessoas? 

— Quarenta e quatro.

— Zumbis? 

— Trezentos e cinquenta e cinco 

— Tem familiares ou amigos vivos?

— Isso é uma entrevista de emprego, por acaso? — Ele apenas me olha com desdém. — Não, estou sozinha, já tem Duzentos e Quarenta e quatro dias. Perdi minha mãe, meu irmão e, por incrível que pareça não conheço meu pai.

Daryl me observa por algum tempo, seus olhares eram persistentes, vez olhava para meu rosto, vez olhava para o meu corpo. Não nego que eu também fiz o mesmo. Ele parecia ser bem reservado.

— Quando receberei meus equipamentos? — Questiono.

— Na hora certa. — O homem encosta a cabeça na parede do caminhão e eu faço o mesmo. — No seu lado direito tem comida, se quiser comer, fique à vontade. 

— Para onde estamos indo? — Olho para a bolsa e pego algumas frutas e água para tomar.

— Não mencionou que queria seus equipamentos? Iremos levá-los para usá-los. — Apenas o olho e após volto a atenção para a comida.

[REVISÃO] The walking dead +16Where stories live. Discover now