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Depois da adega fui embora pra casa e passei o domingo no tédio. Revisando umas coisas pra faculdade e depois fiquei assistindo filme. Senti um pouco de falta do Pulga, já que estava vendo ele quase todos os dias, mas lembrei que provavelmente vou ver ele amanhã. Será que esse negócio dele, é de verdade? Ele realmente tá gostando de mim? Bom, vamos descobrir né.

[...]

Acordei na segunda morrendo de preguiça, vesti a roupa que tinha deixado separada pra faculdade e depois fui no banheiro me arrumar.
Tomei café lembrando que faz tempo que não falo com meu pai, ele deve estar em uma de suas viagens como sempre.
O interfone toca e eu dou um pulo me assustando, devo a honra da presença de quem hoje?

- Bom dia - digo atendendo.

- Bom dia senhorita, o Brendo está aqui na portaria - senhor Osvaldo informa.

- Pode liberar, por favor - falo revirando os olhos.

- Obrigado, gostaria de informar a senhorita que já está concertado o portão do estacionamento, tenha um ótimo dia - ele fala e encerra a ligação.

Agora que já escondi o Pulga na minha casa eles concertam isso né? E pelo amor de Deus o que o Brendo tá fazendo aqui uma hora dessas?

A campainha toca e eu vou até a porta atender.

- Bom dia, gata - ele diz malicioso.

- Bom dia, Brendo - analiso ele - o que está fazendo aqui? - pergunto dando espaço pra ele passar.

- Você já me recebeu melhor - ele se joga no sofá - falei semana passada que iria te buscar hoje - ele pisca.

Poxa vida, é verdade.

- Verdade, vamos que já estamos atrasados - falo pegando minha bolsa.

Ele se levanta e me acompanha, provavelmente ele achou que iria rolar alguma coisa, mas ultimamente ele anda tão insuportável, ou eu que estou pensando demais em outra pessoa.

Seguimos pra faculdade conversando sobre as aulas e sobre o projeto. Assim que chegamos Manu nos esperava na porta sorridente junto com Rita.

- Bom dia amigas - comprimento elas.

- Bom dia gata - elas respondem.

Entramos pra faculdade e as aulas passaram rápido, até chegar no intervalo.

- O que foi amiga? Tá meio nem aí pro Brendo, conheceu um gatinho? - Manu pergunta me fazendo olhar pra Rita, que pisca pra mim.

Eu e Rita somos um túmulo, nossos segredos ficam guardados com a gente.

- Só cansei amiga, Brendo é muito metido, ninguém merece gente que quer ser melhor que os outros - falo dando de ombros.

- Tá certo - Rita fala.

- Vocês estão escondendo alguma coisa de mim - Manu fala.

- A única coisa que eu estou escondendo é que talvez eu mude meu curso - Rita fala empolgada - sempre quis fazer direito meninas, não sei porque eu entrei nesse curso de teatro - ela suspira.

- Vai em frente amiga - incentivo ela - você tem que fazer o que te faz feliz, se defender os direitos dos outros te completa, segue firme no propósito - sorrio.

- Pois é amiga, é tanta injustiça na comunidade que eu não aguento ver isso, quero fazer alguma coisa pra ajudar - ela sorri.

- Vai em frente - Manu bate palmas alegre.

Terminamos nosso intervalo e depois seguimos para as aulas.

[...]

- Amiga você sabe que o Pulga vai morrer quando te ver saindo desse carro né? - Rita sussurra enquanto caminhamos até o carro do Brendo.

- Eu espero que não - cochichei rindo.

- Quanto segredo né? - Brendo se vira nos olhando.

- Coisa de mulher - Rita fala e entramos no carro.

Sentei na frente e Rita atrás. Fomos conversando sobre o projeto e o que iriamos deixar pronto para aquela semana.
Chegando na comunidade paramos o carro perto do espaço do projeto, desço do carro já avistando Pulga conversando com uma garota no canto. Tiro meus óculos escuros e fico olhando até ele me ver e arrumar a postura, cruzo os braços e sinto Brendo pendurar o braço no meu pescoço.

- Vamos, gata - ele sussurra no meu ouvido, reviro os olhos e vejo o rosto do Pulga ficar sério.

Acompanho o pessoal para dentro do espaço.
Mas não é possível mesmo né, quando eu acho que posso confiar em homem, já vejo o Pulga de papinho com outra.

- Amiga, olha a postura hein, finge que não tá nem aí - Rita sussurra.

- Tá tranquilo - sorrio pra ela.

A próxima semana já seria realizado nosso projeto, então essa semana seria correria. No projeto teremos oficinas para as crianças fazerem fantoches, apresentação para eles, grupo de música, grupo de pintura e muitas outras coisas, já estávamos organizando a agenda.

A tarde foi extremamente intensa, pintando cartazes, fazendo toalhas de mesa, separando materiais e claro, montando toda a divulgação, amanhã vou distribuir os panfletos pela comunidade e as redes sociais estão fervendo.

- Poxa vida Ritinha - olho pra minha roupa branca.

Por que mesmo eu decidir usar uma roupa branca hoje?

- Foi mal amiga - ela diz rindo.

Rita simplesmente tropeçou e derrubou a bacia com todas as tintas e pincéis sujos.

- Foi mesmo - dei risada - tem um pano por aí? Pra mim limpar pelo menos os braços. -

- Lá fora tem uma mangueira - ela diz.

- Melhor ainda - falo caminhando até o lado de fora.

- Eu te ajudo - Brendo vem atrás.

Mas esse menino já não tinha que ter ido embora? Pelo amor de Deus.

Brendo segura a mangueira enquanto eu esfrego os braços, até ele decidir fazer gracinha e me molhar inteira.

- Seu desgraçado - falo com raiva mas depois começo a rir.

Tomo a mangueira de sua mão e jogo a água nele, deixando encharcado e depois saio correndo, ele pega a mangueira novamente e me molha mais ainda, até a água parar. Olho pro registro e Pulga está lá de braços cruzados.

- Posso saber o que tá acontecendo aqui? - ele faz cara de poucos amigos - que porra é essa Gabriela? - ele aponta pra minha roupa, quando olho minhas peças íntimas estão mostrando através da blusa e calça.
Criei uma nota mental de nunca mais usar roupa branca em lugares que eu não sei o que pode acontecer.

- Uma roupa - dou de ombros.

- Eu tenho uma roupa sua aqui Gabi, que você esqueceu em casa, vou pegar e você se tro... - Pulga interrompe Brendo.

- VAZA DAQUI PARCEIRO - Brendo abaixou os ombros e entrou. Bundão.

- Passa - Pulga apontou para o beco ao seu lado.

- E se eu não quiser? - cruzei os braços.

- Gabriela, para de tirar uma com a minha cara, tá todo mundo olhando - ele diz sem paciência.

Olho ao redor e o povo que passava na rua olhando pra mim. Me encolhi e passei ao seu lado, do outro lado do beco já era a casa do Pulga.

- Não vou encontrar sua amiga aqui né? - Perguntei entrando.

- Tá me tirando? Tava resolvendo uma parada com ela - ele me olha.

- Bem pertinho, igual quando você tava resolvendo aquela parada comigo na adega - falei cruzando os braços.

- Tá com ciúmes, vida? - ele chega perto, quase me fazendo perder a postura.
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Olá pessoal, espero que estejam gostando 🥹
Ótimo final de semana pra vocês 💖
Nos vemos no próximo

Choices - SintoniaWhere stories live. Discover now