Capítulo ⅩⅩⅩⅧ

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No final do jogo, concluiu que havia alguma coisa muito errada consigo mesma

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No final do jogo, concluiu que havia alguma coisa muito errada consigo mesma. Selene não parava de pensar em Maison. O mesmo rapaz que era seu primo distante, irmão de consideração e melhor amigo. O mesmo rapaz que a irritava todos os dias e cortava seu cabelo enquanto dormia. Ele era tão desinteressante e ela era tão absorta nela mesma que nunca o notou. Estava tão acostumada a ser o centro das coisas, que mal reparava nas pessoas ao seu redor. Como não percebeu que ficou ao lado de um homem tão atraente este tempo todo?

As senhoras pareciam não compartilhar das mesmas crises de identidade que Sele. Na verdade, estavam extasiadas pela partida ter sido tão emocionante. Não fora nada muito profissional; mas, para damas da alta sociedade, qualquer coisa diferente do usual era regada de adrenalina.

O time do duque de Lancastre tinha perdido por dois gols. Ele havia marcado um único ponto cobrando uma falta, logo depois que foi derrubado. Encarou Sel do campo, porém ela parecia ocupada tentando evitar olhar para ele enquanto ele estivesse a observando.

Eram como gato e rato. Exceto que dessa vez, o papel de gato era exercido por Maison. Enfim ele estava ocupando uma posição de poder. Enfim ela sentia uma pequena porcentagem do que ele sentiu por todos esses anos. Todavia, Theodore não tinha ciência disso.

— Ainda está brava comigo, não está? — Sele mal teve tempo de vê-lo se aproximando.

— Você sente prazer chegando por trás das pessoas? Sente prazer quando quase as mata do coração? — A morena fecha os olhos com força, como se não o enxergar fosse suficiente para seu coração acreditar que ele não estava ali. Não funcionou. O órgão continuava descompassado.

— Sua Graça foi o melhor jogador de hoje! Foi muitíssimo agradável de assistir.

Catherine o elogia, contudo não parecia ter segundas intenções. Mesmo assim, Héls não deixou barato:

— Claro que sim. Meu Maison, sempre foi um jogador espetacular, não é mesmo meu bem?

— Se me lembro bem, ele era péssimo. E não importa o quão bom seja individualmente se o time acaba perdendo — Ironizou Selene.

— Adoro o jeito como você me motiva, princesa. Devo procurar um time que se iguale asminhas habilidades?

— Não acho que encontraria, Sir Lancaster — Emma Sunney estava tão vermelha quanto um tomate.

Ela parecia que iria explodir a qualquer instante. Não conseguia olhar o jovem nos olhos, mas não teve problemas em elogiá-lo.

Toda aquela situação estava degastante demais para Sel. Quando percebeu que a Senhorita Sunney iniciou um diálogo com Maison, o deixando ocupado, decidiu que sua chance de sair de fininho era aquela. Poderia dizer que sentiu um súbito mal-estar e optou por voltar para a cama. Não estava contente naquele ambiente, se sentia constrangida e irritadiça. Como se ele não sentisse consideração alguma por ela, a deixando de lado por mocinhas com sorrisos bonitos, rostos de tomate e cabelos dourados.

Eles nem haviam conversado sobre a briga terrível que tiveram e Theodore já estava cheio de gracinhas. Por um acaso ele não conseguia ser sério? Não conseguia ter uma conversa decente ao invés de fugir dela como se ela fosse um escorpião venenoso?

Já estava na metade do caminho quando um puxão a fez virar sua direção em 180 graus. É claro que ele não a deixaria ir embora daquela maneira. Sabia que tinha alguma coisa errada. Sele parecia estar ainda mais indecifrável que o comum.

— O que aconteceu? Por que está agindo assim?

— Vejo que não perdeu os maus costumes de aderir a títulos da maneira correta, Sir Lancaster — Deu uma ênfase exagerada em seu novo sobrenome.

— É porque não lhe contei que seu pai entrou num processo para a mudança de sobrenome?

— Achou que deveria omitir uma informação como essa? "Veja Selene, seu pai gostaria que mudasse meu NOME, o que acha? ".

— É assim que você acha que eu falo? — Maison estava rindo! Estava achando graça do ódio da prima.

— Está caçoando de mim Maison Theodore Cullimore Lancaster Terceiro?

Ao ouvir seu nome completo, imediatamente parou com suas risadas. Observou cada centímetro do rosto de Ariane e o que descobriu não foi nada bom. Ela estava destilando veneno e aquelas palavras causaram um leve déjà vu.

— Sinto muito, pimentinha. Não estou caçoando você. Deveria ter te perguntado se aderir ao seu sobrenome seria um inconveniente.

— Esse não é o problema!

— O que foi então? É por causa daquela noite que entrei em seu quarto? Sóestava preocupado com sua saúde... — O silêncio dela começou a se tornar incômodo— É a nossa briga? Sei que exageramos, mas não levei em consideração o que medisse. Foi da boca para fora, princesa. Me desculpe pelas minhas palavras, sabeque não falei sério.

— Por que não faz um pedido de desculpas decente? Por que você tem que ser compreensivo? Por que tem que usar esses apelidos horríveis? Por que não se refere a mim como Lady? — Ela estava fazendo bico, como se quisesse chorar novamente — Quer saber, me deixe sozinha! Vá dar atenção para Emma Sunney!

— Emma Sun...

E Selene foi embora. Sequer esperou o homem terminar sua frase. Não se importava mais com o decoro. Parecia que quanto mais próxima ficava de reaver a relação íntima que um dia teve com seu irmão de consideração, mais confusa ficava.

Não sabia explicar porque estava brava. Era o novo sobrenome? Eram suas palavras ácidas que ficaram gravadas na memória dela por todo esse tempo? Ou era uma loira jovem e maravilhosa que claramente o desejava?

Selene deveria ter pedido desculpas pelas coisas que disse quando estavam na propriedade dos Lancaster no centro de Londres. Deveria ter dito que não se importava que eles tivessem o mesmo sobrenome. Deveria ter explicado que sentiu sua falta e que não houve um dia sequer que não pensara nele. Não houve um dia sequer que não se arrependeu de como o tratou. Contudo, as palavras que ele usou ainda estavam cravadas em seu coração: "Ter se apaixonado por você, foi o pior erro da vida dele". Talvez, Maison tivesse razão.

Sele se sentia uma louca.

Parecia que no fim das contas, sempre fora uma.

Incapaz de explicar oque sentia. Incapaz de deixar suas cicatrizes para trás. Incapaz de se jogar decabeça numa coisa que mal entendia. O melhor é que ficassem longe um do outro.Dessa forma, ninguém ficaria confuso, ou machucado.

Confidências ao AnoitecerWhere stories live. Discover now