Selene Ariane é a mais velha entre quatro irmãs.
Ela nasceu em 1850 e foi sortuda o suficiente para vir ao mundo como uma Lancaster.
Os Lancaster são uma das mais renomadas famílias da Inglaterra, sendo administrados pelo duque de Lancastre, Charl...
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Ver suas feições de tristeza e preocupação pesava o coração de Selene. Era difícil manter sua compostura quando todas as lembranças a atormentavam novamente. Então, para seu próprio bem, ela preferiu se despedir e passar o restante de sua tarde na estufa. Dando-lhes tempo para que pudessem ler toda aquela história de horrores e conhecer um pouco melhor sua verdadeira natureza.
A ansiedade destruía a jovem, que simplesmente não conseguia parar de suspirar. Mesmo que tentasse, não era capaz de ler sequer um parágrafo de um livro da Sra. Radcliffe. Era um simples conteúdo de romance, algo que normalmente a distraía.
Sel adora ponderar sobre a ingenuidade das moças, isso sempre a motiva a buscar mais conhecimento. As diferenças culturais entre personagens masculinos e femininos eram ininterruptamente gritantes. Que tipo de saberes os homens resguardavam a ponto de sempre se sentirem superiores às mulheres?
Algo que sempre lhe despertou curiosidade. E graças a liberdade que possuía na França, para estudar e ler aquilo que desejasse, Selene se considerava uma mulher evoluída e moderna; afinal, quem explicaria o tipo de relação que duas pessoas do sexo oposto podem alcançar para suas irmãs? Isso certamente era seu dever como a mais velha. Tia Pauline mal conseguia corrigi-las, com medo de que parassem de gostar dela de repente, quem dirá informá-las da verdade por trás do casamento.
Todavia, esse era um segredo que Selene guardaria para si. Pelo menos até que a temporada de suas irmãs chegasse. Até lá, elas não precisavam saber os fatos.
E se descobrissem que Sel tinha interesse nesse tipo de informação, o que fariam com ela? Ó céus, será que decepam os dedos que ela usou para passar as páginas dos livros? Ou arrancam seus olhos? Pesquisar sobre a Idade Média estava deixando-a um pouco paranoica...
Quanto mais absorta Selene se sentia em seus pensamentos, mais rápido o tempo passava. Ela não sabia há quantas horas estava ali deitada num dos bancos da estufa. O local era feito completamente de vidro, com o intuito de realçar ainda mais as plantas; porém, devido a isso, também era possível admirar o céu.
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Era uma noite fria, com cores escuras e cruéis. Mas a noite sempre foi seu período preferido do dia. Um momento em que tudo se aquieta, os pássaros param de cantar, suas irmãs de gritar e tia Pauline de continuar insistindo em cores extravagantes para vestidos de baile. Tudo o que se ouvia era o som de grilos, cigarras e sua própria voz. Como se o mundo tivesse se silenciado e num canto escuro insipiente, estava uma simplista mulher admirando o fogo das velas na escuridão.
