Mark se afastou, perdendo alguns poucos fios de cabelo no processo. Ele cambaleou para trás, pisou em alguns cacos de vidro e negou com a cabeça.

    — Não estou fazendo nada de errado. Não vou pedir desculpas. — disse, convicto. — Eu gosto de homens. Nunca gostei de mulheres. Não vou mentir ou me esconder por isso. Também não pedirei perdão por algo que não me arrependo.

    — Seu merdinha miserável. — entre dentes ele disse. — Eu deveria saber que você nunca seria um homem de verdade. É um viadinho, um ser grotesco e horrendo. — começou a desafivelar o cinto. — Você veio errado ao mundo. Se seria assim, você nunca deveria ter nascido.

    Senhor Lee o acertou um golpe no rosto que o fez cair no chão.

    — Tire as suas roupas. — falou com o cinto pronto em mãos. — Agora!

    Mark demorou para receber o comando. Tudo parecia lento. Começou a tirar a camisa e suas calças, não iria fugir. Se fosse para apanhar, ele iria. Não acreditava ter feito algo para receber tal punição, mas a receberia com todo o gosto só para o provocar.

    — Vire de costas.

    Infelizmente, ele ainda tinha respeito pelo pai, não iria tentar revidar, mas não iria fugir ou pedir ajuda.

    Mark virou de costas. Assim veio o primeiro golpe em suas costas, e doeu, uma dor aguda que deixou a pele fervendo. Veio outro, mais outro, e mais.

    — Como eu pude ter errado tanto ao permitir que você viesse ao mundo? — murmurou, cheio de amargura. — Mas você vai aprender, de um jeito ou de outro você irá aprender a ser um homem de verdade.

    Suas costas arderam tanto. Sua pele, antes pálida, agora tornava-se vermelha em toda parte. Um vermelho vivo, listras do formato do cinto. Mark abaixou a cabeça, mordeu o lábio com força e recusou-se a chorar, prendeu todas as suas lágrimas. Ele não seria um covarde. Não iria chorar ou implorar para que parasse.

    Os xingamentos saíam rudemente da boca do pai, ele cuspia aquelas palavras cruéis sem hesitar. Estava furioso, a cada segundo que batia nele só sentia mais vontade de continuar, o menino não pedia perdão e isso o irritava tanto.

    Minutos se passaram, e, com o braço já cansado, Senhor Lee decidiu parar. Ele jogou o cinto no chão e respirou ofegante.

    — Você é minha maior decepção.

    Mark sustentou o corpo ainda sentado sobre os próprios pés, tudo doía, tudo e cada parte dele era apenas dor. Os ombros tremiam, espasmos vez ou outra o atingiam e ele não conseguia controlar isso. Estava cansado mas permaneceu ali. Os olhos pesavam.

    Em um fio de voz ele conseguiu murmurar uma pergunta ao homem.

    — Você... Algum dia... Por pouco que seja... Você já me amou? — questionou totalmente quebrado. Já sabia a resposta, mas precisava ouvir da boca dele para enfim terminar de quebrar.

    Senhor Lee riu baixo, negando com a cabeça, encarando a arte que fez nas costas alheias.

    — Se houve, eu não lembro. E mesmo que tenha havido algum momento, você acabou com qualquer chance de eu conseguir sentir algo bom por você.

    Mark não se moveu. Recebeu a resposta e deixou que ela ficasse rodando sua cabeça e cortando seu coração.

    O pai se abaixou um pouco, segurou em seus cabelos e os puxou, fazendo a cabeça de Mark tombar para trás. Deixou seu rosto rente ao ouvido dele e sussurrou.

𝟗𝟎'𝐬 𝐋𝐎𝐕𝐄 | markhyuckWhere stories live. Discover now