Capítulo 35. De novo?

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Ao longo da semana, uma atmosfera estranha envolve os dias de Annie. A ausência de palavras vindas de Micael ecoava como um mistério não resolvido em sua mente. As mensagens que ele enviava eram permeadas por um tom confuso, como se estivessem enclausuradas por um enigma indecifrável. Aquela sensação de distância desconcertante se instalara, deixando-a em um estado de interrogação.

As horas passavam, e Annie se pegava frequentemente olhando para o visor do celular, em busca de qualquer notificação que pudesse trazer um pouco de clareza para aquela névoa de silêncio. Manoel certamente estava enfrentando turbulências, mas a perplexidade dela era inegável ao pensar que a situação tumultuada de seu irmão poderia justificar o distanciamento súbito de Micael.

A semana que começara com uma promessa de normalidade agora se estendia diante dela como diversas incertezas, onde palavras não ditas semeariam desconforto e questionamentos. O que antes era uma conexão quente e sólida agora se torna uma dança delicada de palavras não ditas, deixando Annie à deriva em meio a um mar de dúvidas.

Pelo menos sexta feira Annie esperava pelo menos uma palavra de Micael, enquanto sua mente permeava em incertezas e ansiedade, Marcos bateu uma palma estralada no escritório fazendo ela se recobrar de onde ela estava.

— Amiga —  Marcos chegou empolgado —  Vamos sair mais cedo.

— São 15h — Annie apontou o visor de seu celular pra Marcos, era cedo.

— Vamos, é sexta feira.  

A mente de Annie entendia que todos estavam entediados pois a maior parte do trabalho já havia sido feito e eles não tinham muito mais o que passar pelo prédio, eles ficaram algumas até mais no horário de almoço.

— Que animação é essa? 

— Eu tenho uma surpresa pra você. Todos liberados. 

Como se fosse o chefe Marcos liberou a todos, Annie nada respondeu e deixou todos irem embora ficando apenas os dois na sala. Ele pegou a chave do carro dela e a bolsa dela e ambos caminharam até seu carro por alguns instantes ela pensou que talvez teria uma surpresa, o que Annie não sabia mensurar se era uma surpresa boa ou ruim.

Marcos trancou a porta do carro, Annie sentiu que algo estava errado quando ele suspirou como se estivesse com um peso na consciência.

— Marcos onde estamos indo? — Perguntou curiosa.

— Desculpa —  Marcos sorriu —  sua mãe vai me pagar.

— Pelo que?

— Vamos pra sua casa, você tem uma festa para ir. 

— Que festa? —  Annie sentiu um desespero subir por ela.

— Nada demais.

— Marcos. 

— Seu pai vai dar uma festa pra você. 

— Não. 

— Me desculpa mais sua mãe é legal comigo poxa. 

— Não —  Annie sentiu um desespero e vontade de abrir a porta do carro em movimento, provavelmente não daria certo — traidor.

—  Descansa, em breve chegaremos.

Era a segunda vez que o pai de Annie organizava uma dessas festas, um evento que convocava os que ele considerava serem os melhores e mais bem-sucedidos solteiros da cidade. O que era evidentemente subjetivo e refletia a visão retrógrada que ele mantinha, onde a validade de um indivíduo parecia se retomar a seu status e posição social.

Ao chegar, ela se partiu com seguranças postadas próximas ao seu carro, uma demonstração das medidas de segurança integradas para o evento. E lá estava sua mãe, com um sorriso que parecia ter sido treinado para esconder qualquer resquício de desconforto. Um sorriso cara de pau, como se a própria atuação pudesse mascarar os verdadeiros sentimentos que percorriam por debaixo da superfície.

PuniçãoWhere stories live. Discover now